A história do San Antonio Spurs – Os anos na ABA

Por Renan Ronchi

Cliff Hagan

Olá torcedores do time mais vencedor da época. Pra quem não me conhece, permitam-me me apresentar. Meu nome é Renan Ronchi e escrevo para o NBA Champions, blog que alguns devem conhecer, outros não. Para quem conhece, sabe que meu time do coração é o Chicago Bulls e eu não virei a casaca ou coisa parecida. Trata-se uma coluna de 5 partes que será postada toda segunda feira e que contará a história do San Antonio Spurs desde a época que os seus pais nasceram. Afinal de contas, antes de Tim Duncan e David Robinson o Spurs também teve um time, certo?

O Spurs é um time até que recente na NBA. Veio em 1976 com a queda da ABA, assim como o Denver Nuggets, o Indiana Pacers e uma porrada de times aí. Mas o time é mais antigo do que se pensa. O time foi um dos primeiros 11 times a jogar na ABA, liga que iniciou em 1967 suas competições oficiais. Na verdade, a ABA não deveria ser bem levada a sério. Começou com um basquete diferente, cheio de coisas que as pessoas gostavam na NBA, liga que já existia há 20 anos. Tanto que o primeiro Slam Dunk Contest veio na ABA, e muitas outras coisas do nosso All Star Weekend (além de ser a pioneira da linha dos 3 pontos). Mas o negócio acabou sendo levado mais a sério do que se imaginava. O Spurs não veio já com seu logo bonitinho e com o nome de Spurs. Veio da cidade do maior rival do atual time e com um nome meio.. esquisito. Dallas Charrapals era o nome do time que vinha para a ABA com o objetivo de ser o primeiro campeão da história da liga, liderados pelo jogador e mais tarde técnico Cliff Hagan (foto acima).

O primeiro ano foi uma surpresa decepcionante. O time era bom para os padrões da época, mas acabou com um 41-37 na temporada regular, e nos playoffs foi eliminado facilmente pelo New Orleans Buccaneers. Os anos foram passando, o time continuou sem ganhar nada e logo os problemas financeiros começaram a aparecer. Os dirigentes começaram a pensar que “Dallas” era nome de boneca e trocaram para “Texas” na temporada de 1970/1971. A coisa mostrou ser um fiasco maior ainda. Chegaram a mudar de ginásio no Texas duas vezes. Em 1972 voltaram para Dallas e, pela primeira vez em sua existência, o time não chegou aos playoffs. Isso foi a gota d’água para os dirigentes, que colocaram a franquia à venda. O time acabou sendo comprado por um bando de homens de terno e gravata e cheios da grana e que trariam o time para San Antonio. O nome do time também seria mudado. Originalmente o nome seria San Antonio Gunslingers. Sei lá de onde tiraram isso, mas logo perceberam que o nome era uma droga e mudaram para Spurs. As cores originais (vermelho, branco e azul) foram mudadas para preto e prata e enfim o Spurs poderia começar sua temporada nova completamente mudado e pronto para tentar ganhar campeonatos.

O homem que assumia as pontas do time agora era James Silas, veterano na ABA. Desde aquela época, o ponto forte do Spurs era sua defesa. Em mais de 60% da temporada regular, o time adversário conseguiu menos de 100 pontos no jogo, o que mostrava que mesmo para os padrões daquela época o time sempre pensou da mesma maneira. Silas agora não estaria mais sozinho e o time adquiriria reforços pesados. Trouxe Swen Nater, o novato do ano da época, e a lenda da época que todos os fãs do Spurs conhecem, “The Iceman” George Gervin. A ABA, por sua vez, achou que Gervin no Spurs prejudicaria a liga e tentou parar a troca, mas o Spurs levou o caso para a justiça e ganhou a causa, trazendo Gervin oficialmente em 7 de janeiro. Agora sim, eles podiam pensar em anéis.

O time ficou em terceiro lugar no oeste na temporada regular, mas novamente viria a perder na primeira rodada dos playoffs. Dessa vez seria para o Indiana Pacers, em 7 jogos. No ano seguinte, o Spurs aumentaria seu poder defensivo se tornando o “time pé no saco” da época no HemisFair Arena (casa do Spurs), ou seja, aquele time que poderia não ganhar o campeonato, mas poderia ganhar de qualquer adversário em casa. Com a demissão do técnico Tom Nissalke, Bob Bass viria a comandar o time com uma preocupação defensiva maior e com um novo arsenal para o ataque do time. Isso foi suficiente para o Spurs ficar em segundo no oeste com 51-33, mas perderia no primeiro round para o Indiana Pacers de novo, dessa vez em 6 jogos.

Esse foi o histórico do Spurs na curta época em que a ABA existiu. Um time que tinha sérios problemas para enfrentar o estilo corrido do Pacers e que nunca conseguiu chegar muito longe nos playoffs pois, quando estava pronto para ganhar um título, a crise na ABA aconteceu. Devido à não ter contratos com os canais de TV (a NBA era soberana por existir a mais tempo) e de uma crise com os salários dos jogadores a ABA acabou deixando de existir. Mas isso não significou o fim do Spurs. O time era forte e não podia terminar assim. No próximo post, você verá o Spurs em seu início na NBA, ainda sob o comando de George Gervin que agora estava experiente e lideraria a liga em pontos várias vezes nos anos que passariam. Até a próxima segunda!

Sobre Victor Moraes

Formado em Jornalismo no ano de 2012 pela Universidade Metodista de São Paulo. Fanático por esportes, sobretudo o basquete, passou pela redação do Diário Lance!, trabalhou na Liga Nacional de Basquete e no extinto Basketeria. Se orgulha de fazer parte da equipe do Spurs Brasil desde a criação em 2007.

Publicado em 21/07/2008, em Spurs 35 anos. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Bruno Pongas

    Sensacional!

  2. Leonardo Sacco

    Sensacional, de verdade. Parabéns Renan, um belíssimo texto não só pra quem é Spurs, mas pra todos que gostam de basquete e NBA. Parabéns mesmo. Estou ansioso para a próxima segunda!

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