Review da temporada 22/23 – Parte 2

* Por Matheus Gonzaga, do Layups and Threes

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O ELENCO

Tre Jones

No começo da temporada, a titularidade de Tre Jones parecia ser temporária – acredito que era questão de tempo para que Josh Primo assumisse o posto, considerando seu status de alta escolha de draft e que Tre não havia sido sequer um jogador de nível de rotação consistente até então. Porém, com os acontecimentos extremamente infelizes (não só sobre basquete) envolvendo Josh Primo e sua dispensa, o camisa #33 aproveitou a oportunidade para se provar um armador de nível de NBA – ainda que provavelmente não de nível de titular de uma equipe competitiva.

Tre acabou sendo um grande pilar de organização ofensiva do Spurs durante a temporada – não é coincidência o fato de, dentre os 14 jogos em que o armador não jogou, o time ter vencido apenas dois (desempenho de 14%). Por outro lado, venceu 20 dos 68 em que ele esteve em quadra (desempenho de 29% – ainda bem ruim, mas duas vezes melhor)

Esse papel em vitórias também pode ser visto em métricas avançadas – Tre é o líder do Spurs em RAPTOR e LEBRON, além de top 3 em LA-RAPM. Em termos de contribuir de fato para vitórias, o armador foi o melhor jogador do time na temporada. 

Seu maior valor é como organizador ofensivo – o ataque do time texano é 5 pontos por 100 posses melhor com seu guard titular em quadra. Foram 113 pontos por 100 posses com Tre em quadra – marca ruim, mas ainda digna -, contra 108 sem ele – marca que seria a pior da liga. Esse impacto se dá de duas formas: primeiro, facilitando melhores arremessos – em sua presença, a equipe San Antonio dá mais arremessos assistidos e, em geral, tem melhores chances de pontuação. Segundo, ao evitar turnovers. Na ausência de Jones, o Spurs comete 16,4 desperdícios por cem posses, marca que seria a pior da NBA. Com Tre em quadra, o número cai para 13,6 – número nível top 10 da NBA. 

A presença do armador torna o jogo do alvinegro muito mais controlado, organizado e coerente – o time passa a correr menos, reduz o ritmo e gera arremessos melhores. 

Em números individuais, é claro que o maior destaque de Tre é a razão assistência para turnovers – são mais de 4 passes para cestas por cada desperdício. Nessa estatística, ele é top 10 da NBA e top 6 entre armadores.

Nos demais quesitos, porém, Tre deixa a desejar. Sua TS% de 53,2% é bem abaixo da média da NBA e expõe sua fraqueza enquanto pontuador. Ele não é um bom finalizador no aro (58% de aproveitamento – bem abaixo da média de guards), é péssimo na floater range (41%), ruim na mid range (43%) e definitivamente não é um chutador (28% de 3 pontos). Curiosamente, no entanto, ele foi um jogador bastante decente finalizando pick and rolls, com cerca de 0.9 pontos por posse (bem na média da liga).

Defensivamente, Tre é limitado por ser um guard baixo, mas apresenta uma média decente de roubos de bola (1,3). A defesa do Spurs não piora na sua presença – ela é tenebrosa com ou sem ele em quadra. No geral, métricas de impacto variam quanto à sua percepção defensiva. Mas ele não parece ser inviável de manter em quadra por conta desse lado da quadra – ainda que não contribua bem.

Tre Jones é moldado perfeitamente para ser um bom armador reserva para o próximo “bom time do Spurs” – inteligente, ajuda o time a desempenhar bem ofensivamente e é um organizador. Em termos de ajudar a equipe a competir, ele provavelmente foi o jogador mais importante da temporada, e acredito que possa fazer um papel semelhante em uma segunda unidade. Entretanto, sua falta de capacidade de pontuar e especialmente sua incapacidade como arremessador tornam difícil para que ele seja titular em um bom time, que terá melhores opções para ter a bola. Vale destacar que ele será free agent nessa offseason, mas acredito que, por ser jovem e estar se desenvolvendo, o Spurs irá fazer esforços para mantê-lo.

Acredito que Tre esteja perto do seu auge – vejo seu teto como um jogador do nível de seu irmão, Tyus Jones, que é um dos melhores armadores reservas da NBA. Nada mau para uma escolha de segunda rodada, mas acho difícil que o camisa #33 alce voos maiores. Caso desenvolva muito seu arremesso, pode ser um armador titular de nível digno, mas eu não contaria com isso.

Devin Vassell

Em suas duas primeiras temporadas, Devin Vassell havia mostrado potencial de se tornar um grande ala 3 and D. Nessa campanha, executou um papel maior e bastante diferente – o de um criador secundário. Mostrou bons flashes, mas além da amostragem relativamente curta (O ala jogou apenas 38 partidas), foi possível notar uma inconsistência e uma regressão defensiva. 

É especialmente difícil avaliar defesa em um time em tanking – primeiramente por ela ser mais coletiva por natureza, e o conjunto defensivo dem San Antonio é péssimo. Em segundo lugar, por ser muito uma questão de esforço – e não há tanta motivação para tal em um time que não faz questão de ganhar. Porém, os números de Vassell são ruins no quesito defensivo nessa temporada. Na presença do terceiranista, o Spurs cedeu 122 pontos por 100 posses, contra 119 sem o mesmo. 119 já é uma marca vergonhosamente ruim, mas é fato que SAS defendeu pior com o ala em quadra. Devin não é o maior culpado do insucesso da equipe nesse lado da quadra, mas ele é parte significativa do problema, algo relativamente preocupante para um jogador apontado como potencial especialista defensivo.

Vassell foi um dos piores defensores de mano a mano da NBA, cedendo 1.13 pontos por posse para os adversários, e também foi muito abaixo da média defendendo pick and roll e spot ups – especialmente tenebroso nesse último. Foi um elo fraco defensivo sem qualquer dúvida, e isso deve ser melhorado urgentemente. Caso não tenha sido por falta de motivação e sim alguma lacuna no seu jogo, é algo muito preocupante.

Já ofensivamente, o desempenho do ala foi bastante melhor – foram 18,5 pontos por jogo em eficiência que, ainda que abaixo da média, foi decente (55%de TS%). O encorajador foi o aproveitamento de 38,7% das bolas de 3 pontos em um volume alto (sete tentativas por partida).

Vassell finalmente tem se mostrado um bom arremessador do perímetro – especialmente em catch and shoot, onde converteu 43% das tentativas (5 bolas arremessadas por jogo), aparecendo no top 15 de aproveitamento entre jogadores de alto volume nessa situação. Outro ponto positivo é que o ala tem alto aproveitamento em bolas de 3 contestadas (cerca de 39%), o que possibilita a ele ser eficiente em um volume maior de tentativas.

Porém, Devin está longe de ser um chutador de elite. Seu aproveitamento em arremessos do drible (pull up) é pífio (28%), e ele é ruim em arremessos offscreen (correndo através de bloqueios para receber e arremessar), registrando apenas 31% de aproveitamento.

Outra faceta relevante de seu jogo é a capacidade de criar seu arremesso de meia distância – são 46% de aproveitamento em cerca de 4 tentativas por jogo (foi o 11º que mais tentou esse tipo de arremessos na liga). 46% está longe de ser uma marca ruim para meia distância – Vassell de fato é capaz nesse fundamento. Mas não é algo tão valioso assim como algo de alto volume – arremessar de mid range é útil como um counter, um recurso para situações específicas, e não uma arma chave do arsenal. Acredito que o ideal seria uma quantidade menor desse tipo de arremesso, mas acredito que seja difícil por conta da próxima característica de Devin – sua incapacidade de chegar ao aro.

O ala de San Antonio chega na área restrita apenas 2,5 vezes por partida, marca que o deixa fora até do top 150 da liga no quesito. Mesmo quando chega, possui um aproveitamento abaixo da média para a região. Por isso, quando tenta infiltrar, acaba tendo que recorrer a um arremesso de meia distância ou a um floater – fundamento em que ele é terrível, com apenas 35% de aproveitamento. 

Vassell é um puro jump shooter, o que limita seu teto como um ala pontuador – a menos que ele se torne um excelente arremessador offscreen ou do drible. Curiosamente, porém, ele tem mostrado um aspecto bastante diferente no seu jogo recentemente.

Vassell se saiu surpreendentemente bem comandando pick and rolls – foram 1.02 pontos por posse em volume razoável, aproveitamento superior a 83% da liga. Por algum motivo, ao arremessar nessa situação, ele consegue sucesso melhor que em qualquer outra. Isso mostra um potencial enquanto ball handler que não era previsto – especialmente se considerarmos que ele deu 3,6 assistências por partida, marca bem acima da média para um ala. Sua baixa quantidade de turnovers também é encorajadora).

Devin Vassell é um jogador difícil de projetar – chegou na NBA como um prototípico 3 and D, e na atual temporada foi um péssimo defensor. Sua habilidade de arremessar do perímetro é boa e um ponto forte, especialmente por ele ser capaz de arremessar bolas contestadas, mas o jogador não demonstra ainda um nível de elite – falta a capacidade de executar arremessos do drible e em movimento. Seu potencial enquanto pontuador é limitado pela incapacidade de infiltrar. Por outro lado, ele mostrou flashes como ball handler inesperados e promissores. É difícil saber qual será o papel de Vassell no futuro, quanto mais o quão bom será nele – a única “certeza” que temos até o momento é de que se trata de um arremessador acima da média. Porém, vejo caminhos em que se torne um chutador de elite, um 3 an D,  um ball handler secundário ou um scorer de nível mediano.

Vassell é, depois de Wembanyama, o pilar mais importante do time – e a partir de agora, em um contexto mais competitivo, um salto especialmente em sua defesa e uma melhoria contínua em seu arremesso são cruciais.

É difícil saber até onde ele pode chegar. O primeiro fator x para determinar o teto de Vassell é o quanto mais ele pode evoluir enquanto arremessador – se o ala for capaz de chegar em um nível de elite (o que é até bastante realista), já se firma como um bom titular.  

Porém, há outros caminhos para atingir esse nível – seja um salto maior enquanto ball handler ou enquanto defensor.

Caso ele se desenvolva em todas essas frentes, vejo ele se tornando um all-star de nível baixo (ou até médio), mas isso é bem menos provável. Acredito que o mais esperado é que se torne “apenas” um bom titular. 

Keldon Johnson

Entrando na temporada, se fosse perguntado quem é o melhor jogador do Spurs, a maioria das pessoas provavelmente diria “Keldon Johnson”. Hoje isso é bem mais duvidoso.

Primeiro, vale ressaltar que Keldon teve o papel mais ingrato dentre todos jogadores do elenco – o de jogador que não é uma legítima primeira opção ofensiva tendo de cumprir esse papel em um time de tank. Porém, mesmo dando esse desconto, a temporada de aoa foi, em minha visão, negativa – ele regrediu muito na bola de 3 e foi um dos piores defensores da NBA. Houveram aspectos positivos, especialmente o aumento do volume de pontos em uma eficiência que, ainda que abaixo da média, não foi muito ruim.

Porém, quando estamos falando de um jogador que estava em sua quarta temporada na liga, o esperado é que possamos vislumbrar um papel mais bem definido para ele, uma noção de como funcionaria em um bom time – e não sei se temos isso para Keldon.

É difícil arrumar um papel significativo para um jogador que não é um bom arremessador, não é um grande playmaker e é um péssimo defensor – Johnson possui bons momentos e boas características, incluindo possivelmente o talento mais notável de qualquer jogador  Spurs – sua capacidade de chegar até a cesta. Mas elas não compõem um jogador pronto e redondo.

Os últimos parágrafos passam a ideia de que eu penso que Keldon é um péssimo jogador, porém isso não é verdade – estou sendo duro porque acredito que, como o jogador mais veterano em tempo de casa da equipe e um pilar central dentro e fora de quadra, o ala deveria já ter conseguido se encaixar em um papel específico e produzir em nível que auxilie o desempenho de fato da equipe, e não apenas fazer números. Mas o oposto aconteceu – o Spurs foi melhor sem ele em quadra.

Mas vamos começar com os positivos. O primeiro é a incrível capacidade de Johnson em agredir a cesta – Keldon chega a finalizar na área restrita em média seis vezes por partida, marca que é a 16ª maior de toda a NBA, e o faz com 62% de aproveitamento. Trata-se de um número abaixo do ideal para o fundamento, mas ainda muito valioso – gerar em alto volume um arremesso com aproveitamento acima de 60% é sempre bem impactante. E não é só isso – o ala tem uma taxa de lances livres cavados (razão entre lances livres e arremessos de quadra) maior que a de 75% da liga. Em outras palavras, ele consegue gerar o melhor arremesso do basquete em alta quantidade (e os converte 75% das vezes, marca que traz impacto muito positivo). 

Há também seus flashes de criação para si. Seja no pick and roll ou na isolação, Johnson tem desempenho mediano – ele não demonstra sinais de se tornar futuramente um condutor central, mas se mostra capaz de executar jogadas de ball handler idealmente como um terceiro criador.

Porém, sua visão de passe é muito limitada – seu número de assistências não é tão significativo e, especialmente se comparado a sua taxa de turnovers, deixa a desejar. Esses flashes de criação são bem restritos para si mesmo, algo que limita seu teto.

Agora falando dos negativos. Vamos começar com o pior. Keldon foi, na última temporada, um dos piores defensores de toda a NBA. E isso não é uma hipérbole. 

Em termos de impacto no DRTG, os números do ala são tenebrosos – o desempenho defensivo do Spurs sem Johnson em quadra é de 117,7 pontos cedidos por 100 posses – número bem ruim, mas que é até decente se comparado com o desempenho quando Keldon está em quadra. Nesse caso, são 123,35 pontos cedidos por 100 posses, marca que de forma absurdamente distante seria o pior desempenho defensivo de um time na história (em grande parte, esses minutos são o que fez San Antonio quebrar tal recorde). Claro, esse DRTG é coletivo, mas olhando métricas que individualizam o desempenho defensivo, os sinais continuam extremamente negativos.

Segundo o EPM, Johnson é um defensor de percentil 15%; segundo o LA-RAPM, 7% (posição 501 de 539 jogadores avaliados); segundo o RAPTOR, 3% (um dos 10 piores); segundo LEBRON, 5%. Resumidamente, todas as métricas defensivas o consideram um dos piores da liga nesse lado da quadra. 

Se olharmos o desempenho defensivo por tipo de jogada, percebemos que ele é um defensor de isolação de percentil 13%, e de spot ups de percentil 18%. O ponto “positivo” é que ele é mediano marcando pick and rolls, mas isso é muito pouco.

O outro negativo foi sua regressão enquanto arremessador, caindo de 40% para 32% de aproveitamento de 3 pontos. Em tese, parte disso poderia ser explicada pela maior dificuldade de arremessos tentados por ter um papel maior, mas os números contam uma história diferente.

Na temporada, Keldon chutou 33% em bolas de 3 completamente livres, contra 40% no ano anterior. Curiosamente, na atual temporada, seu aproveitamento em bolas levemente contestadas (36%) foi superior do que seu desempenho chutando livre. 

Em todas outras divisões de bolas de 3, Johnson deixou a desejar – foram 35% de catch and shoot (não é terrível, mas abaixo da média) e péssimos 27% em pull ups. O lado positivo é um aproveitamento digno na zona morta (37%) – nada espetacular, mas respeitável.

É difícil projetar o futuro de Keldon. Na temporada anterior, ele demonstrou nível de um titular de baixo nível de uma equipe competitiva (idealmente reserva chave). Mas nessa temporada, sua queda enquanto chutador impactou muito em suas projeções, bem como seu tenebroso nível defensivo. Hoje o vejo como um jogador de rotação com cerca de 15 minutos por jogo em um time bom – é difícil achar papel grande para um jogador que não defende, arme ou arremesse. Johnson, em temporadas anteriores, já mostrou talento o bastante para ser um titular. Porém, para tal, terá que voltar ao patamar anterior em chute e evoluir muito defensivamente (ou destravar seu jogo de pick and roll de modo que possa ser um scorer on ball consistente, o que é mais complicado).

O caminho para a evolução de Keldinho em mais que um role player passa muito por seus flashes de criação com a bola nas mãos, mas são muito poucos, de modo que não acho tão factível que isso ocorra. Para mim o teto de Keldon é um titular de nível decente. Para isso, ele deve melhorar bastante a defesa e encontrar consistência em sua bola de 3.

Jeremy Sochan

Jeremy Sochan foi a primeira escolha de top 10 do Spurs desde Tim Duncan. Para uma franquia com o retrospecto que a de San Antonio teve nas últimas décadas, é raro escolher um jogador que já mostre ferramentas o bastante para impactar em jogos desde o primeiro ano.

Usualmente, novatos são jogadores negativos e não auxiliam na performance do time – não foi o caso de Sochan. Em termos de métricas de impacto, o polonês foi um dos melhores jogadores da equipe. Claro, isso não quer dizer tanto – ser um dos melhores de um time de tanking –, mas Jeremy de fato foi um jogador decente de NBA logo em seu primeiro ano, o que demonstra bastante potencial futuro.

Dentre os 30 novatos que jogaram ao menos 500 minutos na temporada, Sochan foi o décimo em RAPTOR e o sétimo no componente on-off do mesmo (o quanto o time melhora com ele em quadra). Já dentre jogadores do Spurs, o calouro possuiu o maior LA-RAPM – isto é, foi o jogador que mais ajudou o time a vencer quando esteve em quadra. O número foi modesto – 0.06 (200ª posição da NBA), mas se trata de um valor que é indicativo de um bom jogador de rotação na maioria dos times da liga, bem bom para um novato de 19 anos.

Hoje, seu maior impacto é na defesa – todas as métricas avaliadas o colocam como um defensor mediano/marginalmente acima da média. Atualmente, sua habilidade é em defesa on-ball – ele registrou desempenho acima da média cobrindo mano a mano e pick and roll, mas apresentou métricas terríveis ao defender situações off-ball, como spot ups.

Muitas vezes, Sochan foi chamado para defender o melhor jogador de perímetro adversário e, como esperado para um jovem, não se saiu muito bem. Mas teve bons momentos e alguns sinais de versatilidade defensiva – seus desempenhos marcando Lauri Markkanen, LeBron James, Damian Lillard e Julius Randle foram bastante encorajadores, especialmente considerando que se tratam de jogadores com perfis muito diferentes entre si. Jeremy não é um defensor fora da curva, mas ao ser um marcador versátil e acima da média como novato, mostra sinais de que pode se transformar em um.

Ofensivamente, Sochan teve um papel curioso – apesar de teoricamente ser um Power Forward, ele mal executou papel de roll man ou post ups. Na realidade, foi mais um jogador curinga, executando um pouco de tudo – comandou pick and rolls, agiu como um ala em spot ups, recebeu handoffs, cortou para a cesta… infelizmente sendo bastante abaixo da média na eficiência em todas elas. Trata-se de um jogador bastante cru e negativo no lado ofensivo da quadra, mas ainda há seus positivos.

Primeiramente, o ataque do Spurs foi melhor com ele em quadra – sinal de que ele não é um problema tão grande ofensivamente. Ainda que ele seja visto pelas métricas de impacto como um jogador negativo ofensivamente, ele não é visto como inviável ou entre os piores da liga – é simplesmente abaixo da média.

Sochan, ainda que tenha um número modesto de assistências por partida, apresentou alguns flashes como criador que mostram um potencial de point forward. Outro ponto encorajador é talento em atacar o aro – são 4 tentativas por jogo na área restrita contra 2,5 na “floater range”, sinal de que quando ele infiltra consegue de fato chegar até a cesta. Seu aproveitamento no aro porém, deixa a desejar bastante – 62% não é bom nem para um guard, quanto mais para um jogador do tamanho do polonês. Porém ainda assim, gerar um arremesso de 60% de conversão com facilidade é bastante valioso.

Quanto ao desempenho como arremessador, Jeremy é atualmente péssimo – menos de 25% de aproveitamento é uma marca pífia. Mas existem alguns sinais que demonstram algum potencial – entre eles sua evolução enquanto batedor de lances livres (abaixo de 60% nos três primeiros meses da temporada, acima de 75% a partir de então). Um aspecto curioso é que seu aproveitamento de 3 pontos fora da zona morta foi muito superior que na mesma (30% fora contra 16% nela), algo a se observar em próximos anos.

Sochan terá muito tempo e espaço para seu desenvolvimento. Ainda que seja bastante cru e tenha muito a desenvolver, já traz um bom impacto defensivo, algo raro para um novato, e alguns flashes de versatilidade ofensiva bem interessantes. No geral, seu jogo no ataque é bastante cr,u e seu principal talento hoje é seu atleticismo, mas há motivos para otimismo, como sua a evolução nos lances livres. Nos próximos anos, ele será uma peça chave para o Spurs, e acredito que provavelmente será um titular por muitos anos – o quão bom titular ainda é difícil saber.

Sochan apresenta talvez o teto mais alto de todos os jogadores do elenco – tirando, é claro, Wembanyama. E ao lado de Devin Vassell, é o outro pilar mais “certo” do time. Porém, por ser um rookie, é muito cedo para opinar o quanto do seu teto ele pode atingir. Vejo boas chances de que ele se torne um defensor de elite e ainda bastante versátil. Caso seu jogo ofensivo floresça a ponto de ser mediano – o que está longe de ser inviável – ele será um dos melhores role players da liga. 

Para ser algo a mais, será necessária uma evolução ofensiva muito grande e um pouco improvável, seja enquanto arremessador, criador ou um híbrido faz tudo. Para mim a versão ideal de Jeremy Sochan seria um jogador como Draymond Green – peça chave e capitão da defesa, que faz um pouco de tudo e é um jogador muito inteligente ofensivamente. Vejo o polonês como um provável role player de elite com possível upside de all star.

Gosto muito do fit de Sochan com Wembanyama – ainda que Jeremy não alcance seu teto e seja apenas um role player, acredito que um frontcourt com os dois trará uma grande versatilidade defensiva que pode ser a fundação de uma defesa de elite.

Zach Collins

Com a troca de Jakob Poeltl, Zach Collins assumiu um grande papel de protagonismo no Spurs. Ainda que o time não tivesse a mínima intenção de competir àquela altura da temporada, mostrou sinais bastantes promissores.

Na primeira parte da temporada, Zach teve medias de 9,5 pontos, 5,7 rebotes e 2,5 assistências, com números de aproveitamento sólidos de quadra (54%) e 3 pontos (35% em 1,5 tentativas por partida). A partir do momento em que assumiu a titularidade e sua minutagem subiu de 20 para cerca de 29 minutos por partida, seus números melhoraram  para 16,5 pontos, 8 rebotes e 3,8 assistências, além de um roubo de bola e um toco por partida. Sua eficiência se manteve sólida (49% de quadra e 39% do perímetro – em  aproximadamente 4 tentativas de bola tripla a cada jogo). Collins é um pivô bastante moderno e que apresenta certa versatilidade.

O fato que mais chama atenção em seus números é o desempenho de 3 pontos – dentre pivôs, Collins foi o 11º de maior volume de tentativas do perímetro após a trade deadline, com aproveitamento maior que a maioria dos jogadores com volume parecido. De fato, é um stretch big bastante viável, ainda que basicamente só chute quando livre. 

Além disso, foi o sexto da posição que mais deu assistências no recorte. Tal volume de criação de jogadas se deve bastante ao seu papel de passador nos “cotovelos” do garrafão (esteve no top 10 jogadores da NBA com mais toques na bola nessa região).

Além da capacidade de passar de costas para a cesta, o pivô também foi um pontuador relativamente eficiente nos post ups, tendo gerado 1.06 pontos por posse na jogada, marca superior a 70% da NBA – não é um desempenho de elite ou que justifique alto volume de tentativas, mas é um recurso que pode ser util pontualmente. Já em pick and rolls/pick and pops, ele deixa a desejar, sendo pior que 65% dos jogadores da liga na jogada ao gerar 1.03 pontos por posse.

No geral, Zach não é um bom finalizador no aro, tendo acertado apenas 65% de suas tentativas próximo à cesta (marca que seria boa para um guard, mas é a décima quinta pior entre os 64 pivôs com volume relevante). Na floater range, porém, seu desempenho é mediano.

Também se trata de um reboteiro ruim – dentre os 62 pivôs qualificados, Collins é apenas o número 52 em percentual de rebotes defensivos capturados e o 50 em ofensivos. Nesse sentido, o ideal é que jogue ao lado de outro big man.

Defensivamente, Zach é um leve positivo – é moderadamente versátil, tendo tido bons desempenhos ao marcar isolações no perímetro (percentil 75% da NBA) e bons números em matchups contra guards. Além disso, foi decente em coberturas de pick and roll (percentil 62%) e post ups (percentil 63%). Nesse período, Collins também foi o pivô que mais contestou arremessos no garrafão em toda a liga, cedendo 60% de aproveitamento aos adversários – uma marca mediana. Zach não é nenhum defensor de elite, mas é moderadamente positivo nesse lado da quadra – o que já é bem acima da média para um time que possuiu a pior defesa da história.

Não coincidentemente, o Spurs foi um pouco melhor defensivamente com o pivô em quadra (2,5 pontos por 100 posses de bola cedidos a menos). Esse número reflete sua contribuição positiva – mas que é limitada.

Positivo mas limitado é um bom jeito de descrever Zach Collins – um role player sólido e que pode ser sim um titular, especialmente por ser versátil defensivamente e saber arremessar de 3 (o que o torna um ótimo fit na maioria dos frontcourts da liga), mas que sempre terá um papel limitado. Acredito que possa ser um bom parceiro de garrafão para Wembanyama enquanto o francês desenvolve seu corpo para o jogo mais físico da NBA, e eventualmente se tornar o reserva do mesmo, ainda podendo jogar alguns minutos junto. Trata-se de um jogador que eu gostaria que o Spurs mantivesse por um tempo maior, visto que ele pode ser útil para a competitividade da equipe.

Malaki Branham

Malaki Branham é o tipo de jogador que é favorecido por uma temporada de tanking – um armador jovem e cru que possui a bola na mão bem mais do que teria em um time competitivo. 

Houveram flashes, especialmente em janeiro, de um jogador que pode se tornar um bom pontuador e ter um futuro positivo em San Antonio – mas em geral ele não mostrou consistência.

Claro, já é muito difícil exigir consistência de um novato em qualquer contexto, quanto mais de um com uma bola na mão em um time em tanking. Por isso, eu considero a avaliação de Branham a mais difícil de todas neste texto.

No geral, Malaki foi um jogador negativo. Sua eficiência foi muito abaixo da média da NBA, e Spurs jogou melhor sem ele em quadra. Além disso, as métricas avançadas o consideraram um dos piores jogadores da liga (sétimo pior LA-RAPM dentre todos os jogadores), incluindo uma das quinze piores marcas defensivas (ofensivamente o novato foi bastante negativo, mas não tão terrível). Branham também foi considerado o pior jogador da NBA pelo RAPTOR do five-thirty-eight, tendo, pela estimativa dos mesmos, custado 3 vitórias a San Antonio. Deveriamos agradecer a ele pelo Wembanyama?.

De fato, seu principal problema é defensivo – Branham foi percentil 10% da liga em defesa de mano a mano (ou seja, ele é pior que 90% da liga nisso), 9% na de spot ups e 11% na de handoffs. Em outras palavras, ele é um alvo catastrófico defensivo ambulante e, no momento, completamente inviável de se manter em quadra em um contexto competitivo.

Ofensivamente, o geral não é tão bom também, mas temos ao menos alguns pontos positivos. Branham foi um jogador de percentil 66% comandando pick and rolls, número sólido para um novato e que pode indicar algum potencial enquanto ball handler, além de ser percentil 69% em arremessos offscreen (mas em volume bem baixo para tirar conclusões). Porém, o novato se saiu bem mal em spot ups ou vindo de handoffs.

Quanto a seu chute, os 30% de três pontos foram bem ruins, mas vale ressaltar que o rookie acertou sólidos 38% da zona morta e registrou aproveitamento na faixa dos 50% em bolas na floater range e na meia distância curta, números bastante satisfatórios. Sua finalização no aro, ainda que não positiva, foi digna, com taxa de acerto de 61%. 

No geral, ele não mostrou muitos flashes de criador de jogadas. Foram menos de duas assistências por partida contra 1,2 turnovers – algo que é um pouco limitante.

No geral, é muito difícil projetar Malaki. Ele possui alguns talentos e não teve uma temporada de se descartar completamente – claramente o guard tem um bom “touch” na floater range e na meia distância curta e teve alguns bons momentos ao longo da temporada. Vimos flashes de um possível bom pontuador e com o potencial de um  futuro sexto homem. Porém, no momento ele claramente não é um jogador viável para qualquer time minimamente competitivo – seu arremesso é ruim (mas possivelmente consertável) e ele é tenebroso defensivamente. Será necessário um grande salto para que seja um jogador que de fato tenha algum papel relevante no futuro do Spurs. 

Blake Wesley

A lesão de Blake Wesley prejudicou bastante a temporada do jovem – que acabou por jogar bem menos que seus companheiros de draft Jeremy Sochan e Malaki Branham. Mas, em seus 37 jogos, Blake também passou por muito do que Malaki passou, e é quase igualmente difícil de avaliar. Wesley teve médias de 18 minutos, 5 pontos, 2,2 rebotes e 2,7 assistências por partida. O maior problema foi seu aproveitamento de arremessos – tenebrosos 32% de quadra. esse número já deixa bem óbvio que o jogador ainda não está pronto para a NBA – trata-se de alguém que provavelmente deve ainda passar mais uma temporada alternando entre San Antonio e Austin. Mas o que ele mostrou de positivo?

O ponto de maior destaque é seu bom aproveitamento de 38% de 3 pontos – o volume é baixo e é difícil saber se é real, mas é algo interessante. Também vale destacar seu volume razoável de assistências para a minutagem que ele jogou (mesmo que a razão com turnovers não seja exatamente boa). O resto todo é negativo.

Sua defesa foi bem ruim – não no patamar de Malaki, mas ainda entre os 60 piores defensores da liga. Sua finalização no aro foram terríveis 43%. Na floater range desempenho de 15%, e 22% na mid range – todos esses números são de um jogador que definitivamente está longe de estar pronto para a liga. Além disso, esteve no percentil 1% de eficiência comandando pick and roll, 4% em isolação e 6% em spot ups. Claro, o ataque do Spurs decaiu muito quando ele esteve em quadra (6 pontos por 100 posses pior). O novato é colocado como um dos 5 piores jogadores ofensivos da liga pelas métricas avançadas, e um dos 10 piores jogadores em geral.

Blake Wesley é um péssimo jogador de NBA. Não possui quaisquer condições de estar em quadra ainda e mostrou quase nada como novato. Isso não quer dizer que não há esperanças – um bom desenvolvimento na G-League e o amadurecimento de seu jogo podem o transformar eventualmente em um bom jogador de rotação. Mas, diferente de Malaki Branham, ele não mostrou nenhuma característica intrigante ou que indique que ele pode atingir esse nível. 

Julian Champagnie

Julian Champagnie chegou ao Spurs como jogador two way, já no fim da temporada, e fez apenas 15 partidas com a camisa de San Antonio. Tudo que pode ser dito sobre ele tem uma série de asteriscos de amostragem curta. Porém, dentro dessa amostragem, ele demonstrou sinais intrigantes. Suas médias foram de 11 pontos e quatro rebotes em 20 minutos por partida, nos quais converteu 46% dos tiros de quadra e 41% de 3 pontos (em 5,4 tentativas). São números que, se mantidos, denotam um bom role player.

Sua principal habilidade foi o chute de 3 – curiosamente, ele chutou melhor quando muito contestado (44%) ou contestado (36%) do que quando livre (32%). Esses números são decorrência da curta amostragem e não trazem tanto significado – servindo apenas para elucidar como o aproveitamento de 3 que vimos nesses 15 jogos pode ser enganoso.

Não há muito mais o que dizer – todas suas amostragens são muito curtas – não há dados o bastante para avaliar sua defesa ou sua finalização no aro, por exemplo. 

No geral, o que ele mostrou foi intrigante o bastante para merecer ao menos uma vaga na summer league e no training camp, mas não dá para tirar conclusões de fato de seus minutos – foram muito poucos. Champagnie pode ser um achado, mas pode ser também apenas um jogador que deu sorte nos seus poucos minutos em um time de tanking. 

Charles Bassey

Charles Bassey chegou ao Spurs de forma similar a vários outros jogadores – um jovem sem renome em contrato two-way – e foi o que mais se destacou dentre todos eles, já tendo ganhado um contrato de múltiplos anos com o time principal. Durante os 35 jogos que atuou (em 15 minutos por partida), o nigeriano mostrou sinais de um potencial bom pivô reserva com suas médias de 5,7 pontos e 5,5 rebotes.

Curiosamente, San Antonio foi EXTREMAMENTE melhor com Charles em quadra – houve uma mudança de saldo de -10 pontos por 100 posses sem Bassey em quadra para -2 na presença do big. Essa escala é um número de elite que é quase impossível que seja mantido e provavelmente está associada à amostra relativamente curta de minutos do jovem, mas é um ótimo sinal. 

O impacto de Bassey se dá primariamente na face defensiva do jogo – o Spurs cedeu 7 pontos por 100 posses a menos quando o nigeriano esteve em quadra, o que fez com que métricas de impacto o considerassem um defensor acima da média da NBA (ainda que nada espetacular).

Seu melhor papel defensivo é o de protetor de aro, no qual foi bem positivo – foi de 57% o aproveitamento cedido para adversários perto da cesta, número bastante forte e acima da média – o coloca no top 15 entre os 74 pivôs com volume relevante. Bassey também foi um bom defensor de post ups (percentil 84%) apesar de ser baixo para um pivô. Charles, entretanto, não foi um bom defensor de pick and roll (percentil 26%), o que é uma falha bastante impactante. 

Outro ponto forte do nigeriano está nos rebotes – seu percentual de rebotes defensivos está acima de cerca de 80% dos pivôs da NBA, e o de ofensivos acima de cerca de 90% (está no top 10 entre os 105 que jogaram 30 ou mais partidas).

Ofensivamente, entretanto, trata-se de um jogador extremamente limitado, sem capacidade de chute ou de ser utilizado no post. Bassey é um bom Roll Man (1.35 PPP – percentil 87%), mas em geral sua finalização no aro é um tanto quanto limitada – 65% de aproveitamento no aro (marca semelhante à de Zach Collins e negativa para um pivô).

Charles Bassey já se mostrou capaz de ser um pivô reserva e tem tudo para compor a rotação de big men junto a  Wembanyama e Collins (podendo jogar alguns minutos junto a qualquer um dos dois e trazer proteção extra de aro). Seu papel e minutagem certamente serão limitados, como o terceiro big de uma equipe – talvez nem atuando em todos os jogos. Porém, trata-se de um bom protetor de aro,  um defensor acima da média (apesar de falho na cobertura de pick and roll) e um excelente reboteiro – um jogador sólido no geral.

Dominick Barlow

Dominick Barlow foi mais uma das várias apostas feitas pelo Spurs em 2022/2023. O novato não draftado jogou 400 minutos em 28 partidas (14.5 minutos por partida) e teve médias de 3,9 pontos, 3,6 rebotes, 0,9 assistências, 0,7 tocos e 0,4 roubos. Seus números são bastante modestos, mas até intrigantes em alguns sentidos.

Sua média de 0,7 tocos, se generalizada para 36 minutos, estaria no top 50 da NBA, e seu percentual de rebotes ofensivos esteve no top 30 entre forwards da liga.

Dominic foi um exímio protetor de aro (56% de aproveitamento cedido) em volume muito baixo – esse aproveitamento cedido pode não ser realista, visto que a amostra é curta, mas é um sinal positivo. No mais, seus números defendendo pick and roll e spot ups são bem sólidos, apesar de ele ter sofrido no mano a mano.

No mais, Barlow é bastante cru. Ele foi muito mal como roll man (percentil 10%), não é um chutador (algo que hoje é complicado para um não pivô), e no geral não faz mais nada ofensivamente.

Barlow claramente ainda não é um jogador de NBA, mas é jovem e teve alguns sinais positivos – foi capaz de proteger o aro e pegar rebotes em alto nível e se mostrou um defensor digno. No mais, seu jogo basicamente é inexistente – acho possível que se desenvolva eventualmente em um reserva ok, mas é um projeto de múltiplos anos. Dominic fez por merecer ao menos um espaço no roster de Summer League/training camp, mas seu jogo ainda é mais no nível G-League, e tenho sérias dúvidas se ele será mantido se considerarmos a concorrência por roster spots. 

Sandro Mamukelashvili

Sandro Mamukelashvili (ou Sandro Mamute para facilitar) foi uma escolha de segunda rodada do Milwaukee Bucks no draft de 2021, contratado pelo Spurs após sua dispensa no meio da temporada. Nos seus 19 jogos por San Antonio, teve um total de 443 minutos, ainda uma amostra relativamente pequena. Se também considerarmos seus 200 e poucos minutos como jogador do Bucks, podemos ter uma noção melhor de quem é esse jogador.

Mamu teve médias de 23 minutos, 10,8 pontos, 6,8 rebotes e 2,4 assistências em seus jogos como um Spur, tendo sido bastante produtivo. Mostrou certa capacidade do perímetro, convertendo 34% de suas 3,5 bolas de 3 por partida – marca sólida para um pivô.

Apesar da produtividade, San Antonio jogou muito pior na presença do big, especialmente pelo seu tenebroso desempenho defensivo. Foram 119 pontos por 100 posses cedido sem Mamu, contra 125(!!!!!!!) com o mesmo em quadra. Ofensivamente, a equipe até melhorou um pouco com o georgiano em quadra, mas seu saldo geral foi bastante negativo.

Mamukelashivili é um bom passador para um big – suas 2,4 assistências em 23 minutos por partida são uma marca muito alta para um jogador da posição 5. Ele possui seus flashes de arremessador e é um roll man excelente, estando no percentil 90% (mas em volume baixo).

Porém, no resto, seu jogo é fraco. Mamu não é um grande reboteiro e é um alvo gigante na defesa, tendo cedido 66% de aproveitamento a adversários no aro. Foi um defensor abaixo do percentil 10% em defesa de pick and rolls, e abaixo da média em post ups.

Mamu não é um jogador viável de NBA no momento – e considerando a competitividade por vagas de big man no elenco, acho que não será mantido. Porém, caso se desenvolva, pode ser um jogador interessante por seu arremesso + passe, capaz de ser um terceiro pivô na liga.

Julian Champagnie

Julian Champagnie chegou ao Spurs como jogador two way, já no fim da temporada, e fez apenas 15 partidas com a camisa de San Antonio. Tudo que pode ser dito sobre ele tem uma série de asteriscos de amostragem curta. Porém, dentro dessa amostragem, ele demonstrou sinais intrigantes. Suas médias foram de 11 pontos e quatro rebotes em 20 minutos por partida, nos quais converteu 46% dos tiros de quadra e 41% de 3 pontos (em 5,4 tentativas). São números que, se mantidos, denotam um bom role player.

Sua principal habilidade foi o chute de 3 – curiosamente, ele chutou melhor quando muito contestado (44%) ou contestado (36%) do que quando livre (32%). Esses números são decorrência da curta amostragem e não trazem tanto significado – servindo apenas para elucidar como o aproveitamento de 3 que vimos nesses 15 jogos pode ser enganoso.

Não há muito mais o que dizer – todas suas amostragens são muito curtas – não há dados o bastante para avaliar sua defesa ou sua finalização no aro, por exemplo. 

No geral, o que ele mostrou foi intrigante o bastante para merecer ao menos uma vaga na summer league e no training camp, mas não dá para tirar conclusões de fato de seus minutos – foram muito poucos. Champagnie pode ser um achado, mas pode ser também apenas um jogador que deu sorte nos seus poucos minutos em um time de tanking. 

Esta série tem três partes. A primeira é a visão geral da temporada 2022/2023 e a análise dos coadjuvantes. A segunda tem a análise dos principais jogadores do elenco, e a terceira tem possíveis alvos para a offseason.

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 20/06/2023, em Análises, Artigos. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

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