Arquivo mensal: abril 2011

Muito a dizer

Saber que o San Antonio Spurs tinha problemas para lidar com jogadores altos e fortes, mesmo em uma temporada na qual a equipe texana teve a segunda melhor campanha da NBA, era preocupante. Porém, nem por isso a derrota para o Memphis Grizzlies deixou de ser chocante. Só tenho esse assunto para falar hoje. Por isso, começo esta coluna listando dois momentos que aconteceram antes dos playoffs e que ajudaram a determinar a precoce derrocada do time do AT&T Center.

Carrascos

1) Grizzlies 103 @ 110 Clippers: No dia 13 de abril, na última rodada da temporada regular, o time de Memphis poupou Mike Conley, Tony Allen e Zach Randolph e perdeu para a já eliminada equipe angelina. Em caso de vitória, o Grizzlies subiria para o sétimo posto e encararia o Los Angeles Lakers na primeira rodada. Muitos dizem que a equipe forçou o confronto contra o Spurs, mas ninguém confirma. Por outro lado, a equipe texana teria um confronto muito mais tranquilo contra um New Orleans Hornets desfalcado do ala-pivô David West.

2) Ginobili se machuca: No mesmo dia, Gregg Popovich, que havia poupado os titulares no jogo anterior, diante do Lakers, resolveu escalar força máxima na rodada final, diante do Phoenix Suns. Resultado: com menos de dois minutos jogados, Manu Ginobili contundiu o cotovelo direito. É bem verdade que a chave na série contra o Grizzlies foi o frontcourt, mas ter o argentino 100% poderia fazer a diferença. Principalmente na primeira partida, parelha até o final, quando o time do Texas sentiu a falta de seu closer. Uma vitória no Jogo 1 poderia ter mudado a cara da série.

Porém, creio que esses fatores apenas abreviaram uma inevitável queda do Spurs. Mais cedo ou mais tarde, a equipe enfrentaria outro ataque forte e seria eliminada. Los Angeles Lakers, Boston Celtics e Chicago Bulls poderiam dar tanto trabalho a Antonio McDyess e Tim Duncan quanto Zach Randolph e Marc Gasol deram nestes últimos dias.

Caso passasse pelo Grizzlies, o Spurs enfrentaria o Oklahoma City Thunder. Creio que seria um matchup mais favorável para os texanos. Serge Ibaka e Kendrick Perkins fazem uma belíssima dupla, porém mais eficiente na defesa do que no ataque. Kevin Durant é um jogador alto e forte fisicamente. Mas o craque tem como principal defeito de seu repetório a falta de um jogo de costas para a cesta. Por isso, George Hill e Manu Ginobili, mesmo mais baixos, seriam alternativas para marcá-lo com eficiência.

Porém, como disse anteriormente, o Spurs mostrou muitos problemas. Se passasse pelo Thunder, a queda seria mais para a frente por outro time. Em contrapartida, Ibaka e Perkins parecem o antídoto perfeito para Randolph e Gasol, e a equipe de Oklahoma City não deve encontrar dificuldades para chegar às finais de conferência.

Agora é a hora de pensar no ano que vem. O jogo seis contra o Grizzlies pode ter dado indícios para o futuro texano. Antonio McDyess deve se aposentar, e pode dar a vaga no time titular para Tiago Splitter, o primeiro big man a sair do banco na última partida. Richard Jefferson, por mais esforçado que seja, ainda está longe de render o esperado desde que foi contratado, e, na segunda metade do duelo, perdeu seu lugar no time titular para George Hill.

Por isso, o Spurs pode começar a temporada 2011/2012 com Tony Parker, George Hill, Manu Ginobili, Tim Duncan e Tiago Splitter no time titular. No banco, Gary Neal, James Anderson, Danny Green, Richard Jefferson, Matt Bonner e DeJuan Blair. Mais a possível chegada de jogadores que atuam na Europa, como Nando de Colo e Ryan Richards. Suficiente para brigar pelo título? Difícil…

Resta torcer para o Spurs conseguir trazer um free agent de peso, ou consiga alguma troca favorável. Porém, também acho difícil que isso aconteça. Será que poderemos contar com mais um steal no próximo Draft? Será que o recém-contratado Da’Sean Butler, aposta para a próxima temporada, vai corresponder? Por enquanto, sobram perguntas e faltam respostas…

Spurs (2) vs Grizzlies (4) – O fim

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O torcedor do San Antonio Spurs esperava um final diferente para a temporada, um final muito diferente desse adeus precoce. A campanha de 61 vitórias na fase regular e a liderança do Oeste deixaram um sabor doce, mas que logo azedou. Cair diante do Memphis Grizzlies, na primeira rodada dos playoffs, estava longe dos planos.

As férias chegaram antes que o planejado (AP Photo)

Mas o que aconteceu na última sexta-feira foi apenas uma morte anunciada desde o jogo 1. Pode-se dizer que o Spurs entrou na partida desta sexta-feira apenas respirando por aparelhos, após ser reanimado por Manu Ginobili e Gary Neal no jogo 5. Ah sim, o placar de ontem? 99 a 91, mas isso é o que menos importa.

O Spurs lutou, é bem verdade. Vendeu caro o revés. Mas fracassou. Depois de entrar muito mal no primeiro quarto e equilibrar a partida no segundo e terceiro períodos, o time texano ainda deu esperanças ao seu torcedor quando buscou a virada e chegou a marcar 80 a 79. Mas foi apenas o último suspiro.

Randolph: O algoz (Photo Andy Lyons/Getty Images)

Zach Randolph, sim, ele mesmo, fez aquilo que poucos podiam imaginar que o ala-pivô seria capaz alguns anos atrás. Talento ele sempre teve, todos sabem, mas o que vimos em quadra foi um verdadeiro líder.

Randolph colocou a bola embaixo do braço e resolveu. Já vinha em uma grande noite, mas coroou a partida com um final impecável, que entrará para a ainda curta história do Grizzlies. Pontuou de todas as formas, com arremessos, ganchos e até contra-ataques. Fez o que quis e como quis, sem se importar com quem estava em seu encalço.

Dessa vez, sem brincadeiras infames, sem tempo para um novo milagre. Sucumbiu um gigante, mas diante de outro gigante, que foi Zach Randolph. Vitória merecida.

Memphis dominou toda a série. Mesmo quando perdeu, foi apenas por um acaso. Parabéns a Lionel Hollins, técnico da equipe. Dizer que deu um nó tático em Gregg Popovich soa como exagero, mas soube, sem dúvida, explorar as deficiências e fraquezas de um adversário teóricamente mais forte.

Ao Spurs, este ainda é um assunto longo e que terá consequências além daquilo que podemos analisar no momento. Ao Spurs, resta levantar a cabeça e já começar a pensar na temporada 2011/2012, provavelmente a última de Tim Duncan.

Destaques da partida

San Antonio Spurs

Tony Parker – 23 pontos

Manu Ginobili – 16 pontos

Tim Duncan – 12 pontos, dez rebotes e três bloqueios

Memphis Grizzlies

Zach Randolph – 31 pontos e 11 rebotes

Marc Gasol – 12 pontos e 13 rebotes

Tony Allen – 11 pontos e quatro roubos de bola

Gary Neal Miracle Day

Conversava no Twitter com um grande amigo, o carioca Rafael Proença, torcedor fanático do San Antonio Spurs, e eis que surgiu uma grande dúvida. Ele me questionou: qual cesta foi mais importante, a do Gary Neal contra o Memphis Grizzlies ou a do Sean Elliott nas semifinais do Oeste de 1999 diante do Portland Trail Blazers?

Para refrescar a memória de alguns, o Memorial Miracle Day é “celebrado” por conta de uma cesta histórica de Sean Elliott no segundo jogo da semifinal da Conferência Oeste em 1999. Na oportunidade, o San Antonio Spurs foi completamente dominado nos três primeiros períodos e chegou a ficar quase 20 pontos atrás no marcador.

Após uma fantástica reviravolta, Sean Elliott acertou um arremesso milagroso que deu o triunfo à equipe texana. Depois dessa vitória histórica, o Spurs venceria os dois últimos jogos e se classificaria para a final da NBA naquele ano, para depois derrotar o New York Knicks na série decisiva.

Eu acho difícil escolher qual cesta foi mais importante, mas num palpite imediato diria que a cesta do Neal foi mais impactante, simplesmente porque salvou o San Antonio Spurs de um final trágico na temporada 2010/2011. E você, caro leitor, qual foi mais importante? Relembre abaixo os dois momentos e decida!

Memorial Miracle Day

Gary Neal Miracle Day


Spurs (2) vs. Grizzlies (3) – Primeira rodada dos playoffs

San Antonio Spurs @ Memphis Grizzlies – Primeira rodada dos playoffs

Data: 29/04/2011

Horário: 22h (Horário de Brasília)

Local: FedEx Forum

TV: ESPN

O San Antonio Spurs ganhou sobrevida após a épica vitória no AT&T Center, na última quarta-feira, com direito a bola de três pontos milagrosa de Gary Neal. Com a moral elevada, os comandados de Gregg Popovich têm outra dura tarefa: vencer o Memphis Grizzlies fora de casa para forçar o jogo 7.

Confrontos na série (2-3)

17/04/2011 – Spurs 98 vs 101 Grizzlies

Sem Ginobili, o Spurs encontrou dificuldades para brecar os gigantes de Memphis. Zach Randolph e Marc Gasol, somados, anotaram 49 pontos e 23 rebotes.

20/04/2011 – Spurs 93 vs 87 Grizzlies

Manu retornou após problema no cotovelo e, com 17 pontos e sete rebotes, comandou o Spurs em sua primeira vitória na série.

23/04/2011 – Spurs 88 @ 91 Grizzlies

Qualquer semelhança com o placar da primeira derrota texana é pura coincidência. Desta vez com Manu em quadra, quem comandou o jogo foi Zach Randolph, com direito a cesta de três pontos no finalzinho.

25/04/2011 – Spurs 86 @ 104 Grizzlies

No 35º aniversário de Tim Duncan, o Spurs sofreu a terceira derrota após um início de segundo tempo ruim. Tivemos também a boa estreia de Tiago Splitter em playoffs.

27/04/2011 – Spurs 110 vs 103 Grizzlies

Em partida emocionante, o Spurs contou com um desempenho espetacular de Manu Ginobili nos minutos finais e com um arremesso de três pontos heróico de Gary Neal a 1.7 segundo do final.

San Antonio Spurs

PG – Tony Parker

SG – Manu Ginobili

SF – Richard Jefferson

PF – Antonio McDyess

C – Tim Duncan

Fique de Olho Manu Ginobili vem sendo o melhor jogador, e o mais consistente, do Spurs em toda a série. Com o desempenho dos companheiros abaixo da expectativa, o argentino vem se virando como pode para manter os texanos vivos nos playoffs.

PG – Mike Conley

SG – Tony Allen

SF – Sam Young

PF – Zach Randolph

C – Marc Gasol

Fique de OlhoPedir silêncio ao AT&T Center a 13 segundos do final do jogo 5 pode ter sido um grave erro cometido por Zach Randolph. A brincadeira despertou o adversário, que reagiu e conseguiu uma virada incrível. Resta saber como Z-Bo e o Grizzlies devem reagir no jogo 6 após deixarem escorregar pelos dedos uma vaga inédita na semifinal da Conferência Oeste que parecia concretizada.

Spurs (2) vs Grizzlies (3) – Ainda vivos

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110×103

Um final emocionante, digno de uma grande partida, com cesta de três no estouro do cronômetro de Gary Neal. Essa foi a tônica da vitória San Antonio Spurs, que escapou de ser eliminado ao vencer o Memphis Grizzlies no tempo-extra.

NEAL FOR THREE, YES, YES!!! (Foto por Eric Gay/AP Photo)

Com a necessidade da vitória, o Spurs iniciou a partida com Tony Parker, Manu Ginobili, Richard Jefferson, Tim Duncan e Antonio McDyess. Os donos da casa faziam um grande trabalho defensivo e Duncan abusava de seu asenal de jogadas ofensivas, anotando 11 pontos no primeiro período. Limitando o arremesso dos Grizzlies em 30% de aproveitamento, o San Antonio conseguiu fechar o quarto na dianteira: 20 a 14.

Manu foi o grande nome da noite (Foto por Bill Baptist/NBAE via Getty Images)

O jogo continuou bem ofensivamente e defensivamente para o Spurs, e a equipe texana chegou a aumentar a vantagem para 15 pontos. O Memphis conseguiu encostar, mas estava longe de ser o mesmo das últimas partidas. Com 15 pontos de Ginobili, no período os texanos foram para o intervalo a frente por 50 a 42.

Assim como no Jogo 4, o Spurs voltou irreconhecível após o intervalo, permitindo que os visitantes virassem a partida e começassem a acreditar que finalizariam a série. Mesmo assim, o time conseguiu se manter próximo no placar e foi para o último quarto vencendo por 65 a 68.

O San Antonio foi para o período final na iminência de ser eliminado, e demonstrava em quadra esse nervosismo. Os donos da casa empatavam, mas sem conseguir ultrapassar. Faltando 13.8 segundos para o fim da partida, Zach Randolph acertou um arremesso no estouro dos 24 segundos, abrindo 93 a 90. Manu conseguiu anotar dois pontos numa jogada rápida, e Randolph acertou dois lances livres depois de receber falta, continuando à frente por 95 a 92, faltando 9.4 segundos.

Na sequência, o Spurs tentou uma jogada com o ala-armador argentino, que perdeu a posse de bola, mas a recuperou em seguida. Gino se livrou dos marcadores, e, desequilibrado, arremessou, acertando a tentativa que poderia empatar o jogo. No entanto, após reverem a jogada, os juízes viram que ele pisou na linha no momento do arremesso, e o time texano continuou um ponto atrás no placar. Após mais uma falta em Randolph, que converteu os dois lances livres, o San Antonio estava perdendo por 97 a 94 com 1.7 segundos no cronômetro. Com uma jogada desenhada para ele, Gary Neal ficou livre para o arremesso, driblou e converteu a bola de três que levou a partida ao overtime em 97 a 97.

No tempo-extra, o confronto continiuou parelho, mas o bom momento após o empate milagroso do Spurs prevaleceu e o Grizzlies, pressionado, começou a cometer erros e acabou perdendo a chance de fechar logo a série. Com seis pontos de Parker, o San Antonio fugiu do revés, forçando o Jogo 6 em Memphis vencendo por 110 a 103.

Destaques da Partida

San Antonio Spurs

Manu Ginobili – 33 pontos, seis assistências, seis rebotes, quatro roubadas de bola de bola e seis erros de ataque

Tony Parker – 24 pontos e nove assistências

Tim Duncan – 13 pontos e 12 rebotes

Tiago Splitter – Seis pontos, três rebotes, uma assistência, um roubo de bola, um bloqueio, 100% (3-3) nos arremessos de quadra e 0% (0-2) nos lances livres em 15 minutos de quadra

Memphis Grizzlies

Zach Randolph – 26 pontos, 11 rebotes, seis asssistências

Mike Conley – 20 pontos e cinco assistências

Sam Young – 18 pontos

Marc Gasol – 11 pontos e 17 rebotes

Tony Allen – Quatro roubos de bola