O gênio dos mil jogos

linha3brunocq81

Na noite de ontem, diante do Atlanta Hawks, o ala-pivô do Spurs, Tim Duncan, foi homenageado, e, mesmo após ter jogado mais de 50 minutos na noite anterior – em duelo de duas prorrogações contra o Dallas Mavericks – entrou em quadra e contribuiu com 19 pontos e 11 rebotes. Duncan é um exemplo não só para os torcedores do Spurs, mas também para todos os aficcionados por NBA. Por isso, me dedico neste espaço para fazer uma pequena retrospectiva da carreira vitoriosa deste grande ícone da história do basquete.

Junto com David Robinson, Duncan comemora o primeiro titulo e MVP com o Spurs

Junto com David Robinson, Duncan comemora o primeiro título e MVP com o Spurs, em 1999, contra o New York Knicks

Desde que foi selecionado por San Antonio, o garoto oriundo da Universidade de Wake Forest mostrou que iria fazer muito barulho dentro da liga. Duncan entrou na NBA na temporada 1997-1998, sendo selecionado como a primeira escolha do primeiro round pelo próprio San Antonio Spurs – time no qual  joga até hoje, e provavelmente será seu único até o término da carreira.

O bom desempenho pela Universidade de Wake Forest rendeu o primeio lugar no draft para Duncan

O bom desempenho pela Universidade de Wake Forest rendeu o primeio lugar no draft para Duncan

Sua vinda para a NBA era bastante aguardada, e Duncan tratou de fazer jus à fama causando grande impacto na sua temporada de estréia. Com médias impressionantes de 21.1 pontos e 11.9 rebotes, ele ajudou o time a chegar aos playoffs com a quinta melhor campanha na Conferência Oeste. Além disso, ele foi condecorado com o prêmio de novato do ano. Contudo, San Antonio foi parado pela equipe que viria a ser vice-campeã naquela temporada – o Utah Jazz, de John Stockton e Karl Malone.

Veio o segundo ano (1998-1999), e com ele o primeiro título; Duncan manteve a regularidade, e, com médias de 21.7 pontos e 11.4 rebotes, ajudou a liderar o time à melhor campanha da NBA (37-13). Após passar por Minnesota (3-1), Los Angeles Lakers (4-0), e Portland Trail Blazers (4-0), o time finalmente chegou à final. O adversário seria o New York Knicks, do excelente pivô Patrick Ewing. Naquele ano, o Knicks havia sido o oitavo colocado pelo lado Leste, mas, apesar da campanha irregular, eles contavam com bons nomes como Alan Houston e Latrell Sprewell. Sem tomar conhecimento do adversário, o Spurs venceu a NBA em cinco jogos (4-1). Duncan foi eleito o MVP das finais, com médias de 23.2 pontos e 11.5 rebotes. Sob a ‘tutela’ do almirante David Robinson, Duncan passava a ser o grande líder e ídolo da franquia.

No ano seguinte (1999-2000), Timmy fez uma grande temporada. Ele liderou mais uma vez a equipe com médias de 23.2 pontos e 12.4 rebotes. Desta maneira, o Spurs fez a quarta melhor campanha no lado Oeste; era a vez de enfrentar o Phoenix Suns nos playoffs, que havia sido quinto. Em quatro jogos, Duncan e companhia foram eliminados – uma das poucas vezes na história da liga em que o time que faria a defesa do título fora despachado na primeira rodada da pós-temporada.

Shaq e Duncan marcaram época. Ambos são considerados dois dos melhores jogadores da época pós-Jordan

Shaq e Duncan marcaram época. Ambos são considerados dois dos melhores jogadores da época pós-Jordan. O Lakers de O'Neal foi um dos maiores rivais durante a carreira do camisa 21

Em sua quarta temporada no comando da equipe Texana (2000-2001), Duncan continuou com excelentes médias: 22.2 pontos e 12.2 rebotes. Cada vez melhor, ele liderou a equipe à melhor campanha da temporada regular. Entretanto, nos playoffs as coisas não foram como o esperado. Após passar por Minnesota Timberwolves e Dallas Mavericks, a equipe acabou sendo varrida na final de conferência pelo Los Angeles Lakers, da dupla Shaquille O’Neal e Kobe Bryant – O Lakers se tornaria um dos principais rivais do Spurs na década.

1999 e 2003

Duncan junto com os troféus dos primeiros títulos: 1999 e 2003

A bela temporada feita em 2001-2002 rendeu ao ala-pivô o prêmio de jogador mais valioso da temporada regular. Naquele ano, ele obteve médias de 25.5 pontos, 12.7 rebotes e quase quatro assistências por jogo. Com Duncan no auge, a equipe conseguiu a segunda melhor campanha pelo lado Oeste – atrás apenas do badalado Sacramento Kings, do trio Stojakovic-Webber-Divac. Na primeira rodada, San Antonio teve dificuldades para bater o Seattle SuperSonics em cinco jogos (3-2). Na semifinal de conferência, de novo a asa negra do Spurs estava pela frente. As torres gêmeas sucumbiram novamente ao time californiano; quatro jogos a um e volta para casa mais uma vez.

No ano seguinte (2002-2003), Tim Duncan manteve o ritmo e mais uma vez saiu coroado com o título de MVP da temporada regular. Suas medias foram de 23.3 pontos, 13 rebotes, quatro assistências e três tocos por partida. Outra vez com a melhor campanha da temporada regular, o Spurs duelaria com o Phoenix Suns, de Stephon Marbury. Mesmo após ser surpreendido em casa no jogo um – com uma cesta de Marbury no estouro do cronômetro – San Antonio fechou a série em seis jogos. Na segunda rodada, novamente o fantasma apareceu. Contra o Lakers de O’Neal e Bryant, o Spurs começou bem e venceu os dois primeiros duelos disputados em casa. Quando a série foi para a Califórnia, o pesadelo dos últimos anos veio à tona. Após quatro jogos, empate em dois a dois.

O emocionante jogo cinco em San Antonio foi sofrido, vitória por 96 a 94. Na volta à Los Angeles, a equipe fez o que poucos imaginavam; venceu facilmente e avançou assim às finais do Oeste. O adversário da vez seria o poderoso Dallas Mavericks, de Don Nelson. Outra série sofrida, que foi vencida em seis jogos – com direito a uma partida fantástica de Steve Kerr no jogo quatro. Duncan em sua sexta temporada alcançava sua segunda final de NBA – final essa que seria disputada contra o New Jersey Nets, de Jason Kidd. Era o ultimo ano do almirante David Robinson em San Antonio. Seu presente de despedida veio em forma de título – o bi-campeonato da NBA, conquistado em casa, diante da torcida. Duncan teve a melhor atuação de sua carreira naquele dia: Foram 21 pontos, 20 rebotes, 10 assistências e incríveis oito tocos (Maior marca da história das finais). Desta maneira, ele foi eleito pela segunda vez na carreira o MVP das finais da NBA.

Manu Ginobili, Tim Duncan e Tony Parker. Junto com eles, o melhor técnico da história do Spurs, Gregg Popovich

O grande trio do Spurs: Manu Ginobili, Tim Duncan e Tony Parker. Junto com eles, o melhor técnico da história do Spurs, Gregg Popovich

Na sua primeira temporada sem o almirante (2003-2004), Duncan continuou em um bom ritmo. Ele terminou a temporada regular com médias de 22.3 pontos e 12.4 rebotes. Pelo terceiro ano consecutivo, ele brigou pelo título de melhor jogador do torneio, entretanto, fora batido pelo também ala-pivô Kevin Garnett – na época no Minnesota Timberwolves. Com a terceira melhor campanha do Oeste, o Spurs duelou com o surpreendente Memphis Grizzlies na primeira rodada dos playoffs. Contudo, foram necessários apenas quatro jogos para decretar a varrida frente ao time do Tennessee. Na segunda rodada, o Los Angeles Lakers aparecia novamente no caminho. Desta vez, reforçados com Karl Malone e Gary Payton – que buscavam um único título em suas carreiras. Com um time forte, o Lakers venceu por quatro jogos a um.

A temporada de 2004-2005 chegou, e com ela veio o tri-campeonato. Duncan, agora com a ajuda efetiva do argentino Manu Ginobili e com o amadurecimento do francês Tony Parker, conseguiu medias de 20.3 pontos e 11 rebotes na temporada regular. Nos playoffs, o Denver Nuggets foi o primeiro adversário. Apesar dos jogos bastante truncados e violentos, vitória por quatro a um. Ray Allen e os Seattle SuperSonics até ofereceram alguma resistência nos duelos da segunda rodada, mas também acabaram sendo batidos por quatro a dois.

Pelo selecionado norte-americano, Duncan disputou 40 jogos. Na foto, em jogo contra a Argentina de Manu Ginobili

Pelo selecionado norte-americano, Duncan disputou 40 jogos. Na foto, em jogo contra a Argentina de Manu Ginobili

Na final de conferência, o adversário seria o badalado Phoenix Suns, de Steve Nash – que havia sido escolhido MVP daquela temporada. Quando todos pensavam que seria uma série decidida no jogo sete, o Spurs pecisou de apenas cinco jogos para passar por cima do time do Arizona – algo que virou costume ao longo dos anos. Na final da NBA, o adversário seria o Detroit Pistons – que defendia o título da temporada anterior. A série foi dura e muito disputada, decidida apenas no jogo sete (O único da carreira de Duncan). Contudo, acabou dando Spurs. Tim Duncan receberia pela terceira vez na carreira o título de MVP das finais. Naquela noite, ele brilhou mais uma vez: Anotou 25 pontos e foi primordial para a vitória.

As temporadas seguintes marcam um período já descendente  na carreira de Duncan. É bem verdade que o crescimento de Manu Ginobili e Tony Parker contribuíram para que o ala-pivô reduzisse suas médias. Todavia, apesar da idade ter chegado, Duncan ainda carregou o Spurs a outro título – o quarto em sua história. Ele veio na temporada 2006-2007. Na final, o adversário foi o Cleveland Cavaliers, da estrela ascendente LeBron James. Com um time pouco experiente, o Cleveland foi varrido pelo Spurs – que teve Tony Parker eleito o melhor jogador daquela final.

Além de ser a maior estrela da franquia de San Antonio, Duncan também é uma unanimidade dentro da NBA. Das suas onze temporadas completadas até aqui, em dez ele foi selecionado para o jogo das estrelas – dessas dez, em nove como titular – prova de que ele é muito querido também pelos torcedores norte-americanos. Fora da NBA, Duncan tem no currículo 40 jogos pelo selecionado estadunidense – ele participou dos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, quando os EUA ficaram apenas com a medalha de bronze. Em 2000, ele liderou a equipe no pré-olímpico classificatório para as Olimpíadas de Sydney, mas um problema no joelho o obrigou a ficar de fora do torneio. Sem dúvidas Duncan terá sua camisa aposentada no teto do AT&T Center e ficará para sempre marcado na memória dos torcedores do San Antonio Spurs e da NBA.

“Timmy é um guerreiro. Ele nunca me pediu e nunca me pedirá para tirá-lo de quadra ao menos que não tenha condições de atuar” Gregg Popovich.

Avatar de Desconhecido

Sobre Bruno Pongas

Acompanha o San Antonio Spurs desde 1998, escreveu para o Spurs Brasil entre 2008 e 2012, criou o Destino Riverwalk e o podcast Cultura Pop, e agora está de volta ao Spurs Brasil para dar seus pitacos sobre o maior do Texas.

Publicado em 11/12/2008, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 8 Comentários.

  1. Muito bom o artigo Bruno.
    Gostei
    Juan

  2. Ótimo artigo, realmente um ótimo jogador.

    Só uma correção, ano passado ele jogou sete jogos contra o Hornets também.

  3. Avatar de Bruno Pongas Bruno Pongas

    Eu digo que sete jogos foram em finais… Ou seja, na grande final mesmo.

  4. Avatar de Bruno Pongas Bruno Pongas

    Eu digo que sete jogos foram em finais… Ou seja, na grande final mesmo.

  5. Avatar de Bernardo Almeida Bernardo Almeida

    Vale lembrar que na temporada 99/00, o Spurs foi eliminado pelo Suns com Duncan contundido. Não lembro quantos jogos ele fez na série, se é que jogou, mas esta contusão foi decisiva para a eliminação na série.

  6. Avatar de K-delmondes K-delmondes

    artigo fantastico…meu jogador preferido…Duncan é monstro o maior PF de todos os tempos…e aprendeu muito com o Almirante principalmente a ser humilde e o melhor comandar o garrafão…

  1. Pingback: Os principais assuntos de hoje « Téo Costa - Webdesigner Freela

  2. Pingback: NBA - Pgina 34 - Frum de Poker - MaisEV

Deixar mensagem para Bruno Pongas Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.