Arquivo mensal: agosto 2008

Par ou ímpar?

Caro leitor do Spurs Brasil,

Os tempos atuais são todos para os Jogos Olímpicos que acontecerão a partir de sexta-feira próxima, em Pequim, cidade da populosa China. A imprensa mundial destaca cada passo que os atletas dão no país asiático, cada passo que o governo chinês dá para maquiar o que o mundo inteiro sabe. São os maiores Jogos de todos os tempos, é completamente normal que toda a mídia esteja destacada para a cobertura de um evento de tal magnitude. Mas, em minha humilde posição de articulista desse espaço, peço-lhes a permissão de debater outro assunto, que talvez saia um pouco dos assuntos que todos estão acostumados nos últimos dias.

Não, não deixarei por nenhum momento o basquete de lado, apenas retomarei um assunto que há muito não comento: San Antonio Spurs. O time que inspira esse espaço na grande rede mundial de computadores voltará, por alguns momentos, a tomar meus pensamentos e minhas palavras, deixando de lado tudo o que está acontecendo do outro lado do mundo – e olhem, nunca senti o Oriente tão perto de mim.

Deixando a balela e os orientais de lado, vamos direto ao ponto: Spurs.

A preparação da equipe texana segue o parâmetro das demais franquias que integram a NBA: Ligas de Verão, algumas contratações (nesse ponto, o Spurs contrata pouco e sem o alarme dos concorrentes) e algumas discussões de bastidores. Notícias, rumores e palpites são ventilados direto dos Estados Unidos a todo o momento: Fulano será trocado por Cicrano assim que assinar com a equipe que está interessada em Beltrano. É, para muitos, o ápice da diversão durante a offseason. Mas ninguém – eu disse NINGUÉM! – reparou ainda no principal fator, aquele que pode fazer a diferença no decorrer da próxima temporada. Sem suspense, o fator é simples: ano terminado em número ímpar. 2009.

Ok, assumo que não sou nem um pouco supersticioso, mas confesso que a relação do Spurs com os simpáticos anos ímpares tem, a cada ano ímpar passado, agradando mais e mais os torcedores da equipe. E provo isso com dados, atentem-se: 1987 – David Robinson é selecionado para jogar na equipe, apesar de não integrá-la a partir do citado ano; 1997 – Dez anos depois de Robinson, a outra torre gêmea é contratada, falo de Tim Duncan; 1999 – A dupla Robinson-Duncan conquista o primeiro título da história da franquia; 2003 – Novamente as Torres Gêmeas levam o Spurs à glória: é o bicampeonato; 2005 – Sem Robinson, Ginobili e Parker fazem os papéis de coadjuvantes de luxo e o time ganha seu terceiro campeonato; 2007 – Último ano ímpar pelo qual passamos. Resultado: mais um anel nas mãos dos jogadores do San Antonio Spurs.

Não há ceticismo que resista a tal numerologia barata. Nos últimos vinte anos, todos os anos nos quais a equipe passou por bons (ou ótimos) momentos terminaram em número ímpar.

Não venho por meio desse espaço dizer que o Spurs será campeão ano que vem. Mas o Mestre Zagallo e seu 13 (ímpar!) sempre me deixaram com aquela sensação de que algo de mágico existe no esporte. 2009 é ímpar e o quinto título pode vir aí…

Quinto título?! Cinco é ímpar, olhem só…

A história do San Antonio Spurs – A era George Gervin

por Renan Ronchi

Olá, queridos leitores. Aqui estou eu de volta com a segunda parte da coluna “A história do San Antonio Spurs”. Na primeira parte, falamos sobre o Spurs nos seus primeiros anos, em sua época de Dallas Charrapals, e sua má campanha pela liga. O time se mudou para San Antonio e o novo comandante George Gervin parecia liderar o Spurs no caminho certo até a ABA terminar devido a uma crise financeira. Com isso, a NBA permitiu a vinda de 4 times da extinta ABA para compor suas divisões. Foram escolhidos o Indiana Pacers, o New York Nets, o Denver Nuggets e o San Antonio Spurs. Nesse período surgiram algumas discussões e contratos. Alguns deles pagando outros proprietários de times para não entrar, outros para comprar outras franquias e o Spirit of St. Louis (sim, isso é nome de time) até ficou com um sétimo dos direitos do Spurs na televisão! De qualquer modo, os problemas extra quadras estavam resolvidos e finalmente a temporada na NBA iria começar.

O Spurs, na sua primeira temporada, fez 44-38. Nada mau para quem enfrenta agora adversários de muito mais peso, como o Boston Celtics e o Philadelphia 76ers. Junto com o Denver Nuggets, que havia conseguido 50 vitórias, mostraram que não estavam de brincadeira e que estavam prontos desde cedo para vencer a liga, mas o Spurs foi eliminado logo no primeiro round pelo Boston Celtics, mais experiente, e em 2 tranqüilos jogos. Na temporada seguinte, uma disputa interessante marcou a liga. George Gervin e David Thompson, líder do Denver Nuggets, disputavam o prêmio de maior cestinha da liga. No último dia da temporada, o Nuggets já estava classificado e resolveram passar a bola para Thompson fazer muitos pontos. Ele fez 73 pontos naquela noite, e estava a um passo de ganhar a disputa, já que Gervin precisava fazer 58 pontos no próximo jogo. Mas “The Iceman” conseguiu essa marca logo no terceiro quarto, fazendo 63 pontos no final do jogo e levando seu primeiro título de cestinha pra casa. Essa história já foi contada pelo Zé Boquinha na transmissão da ESPN, que a maioria dos amantes do basquete devem acompanhar.

Na temporada seguinte percebeu-se uma maior valorização no ataque e menor na defesa. O Spurs teve uma média de 119.3 pontos por jogo, muita coisa até para o Suns, hoje em dia. O time foi campeão da divisão novamente e George Gervin ganhou seu segundo título seguido de cestinha da liga. Nos playoffs, o time enfrentou o poderoso Philadelphia 76ers de Julius Erving. Chegou nas finais de conferência contra o Washington Bullets e abriu um 3-1, ficando a um jogo de uma final inédita. Porém, o time fez algo surpreendente ao perder 3 jogos seguidos e ser desclassificado no último jogo, que terminou em 107-105. Foi uma derrota frustante e que levaria 20 anos para o Spurs se recuperar e chegar na sua inédita final.

Em 1980, a crise chegou. George Gervin ganhou seu terceiro título de cestinha da liga e o inédito prêmio de MVP, mas para isso a equipe abriu mão de sua especialidade, a defesa. Fez um recorde de 41-41 e foi eliminado facilmente nos playoffs pelo Houston Rockets. Para compensar, o Spurs trouxe na temporada seguinte Dave Corzine, Dave Johnson e Reggie Johnson, especialistas em defesa. Isso gerou um 52-30 na temporada seguinte, mas novamente o Spurs viria a perder para o Rockets, dessa vez em disputados 7 jogos. Em 1982 Gervin ganhou seu quarto e último título de cestinha da liga, e o time com o recorde de 48-34, o Spurs venceu facilmente o SuperSonics em 5 jogos mas nos playoffs foi varrido pelo Los Angeles Lakers.

A era George Gervin já estava chegando ao fim, embora Gervin não demonstrasse. Em uma troca com o Chicago Bulls o Spurs adquiriu a ex estrela da ABA Artis Gilmore e enfim fez uma campanha digna de um concorrente ao título, com 53-29. Nos playoffs, a surpresa. A série contra o Denver Nuggets foi definida em 5 jogos com uma média incrível de 132.8 pontos feitos e 119.5 pontos tomados. Chegaram nas finais de conferência novamente (dessa vez pelo lado oeste, o time mudou de conferência com a chegada de alguns times), mas viriam a perder para o Los Angeles Lakers da famosa era showtime, em 6 jogos.

Em 1983/1984, o início da queda do Spurs. Mesmo com Gervin pontuando, problemas com o comando técnico do time e a contusão de Artis Gilmore. O time fez o pior começo de temporada da sua história, com 6-12, e pela primeira vez desde que chegaram na NBA o Spurs perdeu os playoffs com o recorde de 37-45. No ano seguinte, Cotton Fitzsimmons assumiu o comando técnico. Apesar de seu estilo apoiar a defesa, o time não era mais o mesmo de antes. Conseguiu um exato 41-41 e não aguentou a pressão contra o primeiro colocado Denver Nuggets, perdendo em 5 doloridos jogos. Agora, Gervin já não fazia mais tantos pontos e a idade começaria a pesar. Em 1984 Gervin foi trocado para o Bulls, onde viria a ser o mentor de Michael Jordan. Ficou apenas um ano por lá e logo em seguida foi jogar na Itália. Mas mais importante do que o Bulls ou a Itália foi a era que terminou após a sua saída no San Antonio Spurs.

The Iceman ainda é conhecido por todos os fãs. Embora a maioria dos seus recordes tenha sido quebrada por David Robinson, ele ainda possui os recordes de arremessos feitos (9.201), arremessos tentados (18.111) e pontos (23.602).

Esse foi o fim da segunda parte dessa coluna. Na terceira parte, o apocalipse. O Spurs passa pelo seu pior momento na sua história com campanhas ridículas até ganhar a primeira escolha do draft, onde a solução dos seus problemas viria com a chegada do almirante David Robinson. Até a próxima!

Análise das ligas de verão

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O San Antonio Spurs esteve neste mês de julho testando alguns jogadores nas ligas de verão. O Spurs esteve em duas, em Las Vegas e na Rocky Mountain Revue, organizada pelo Utah Jazz, em que jogou oito partidas, vencendo cinco e perdendo três. O Spurs venceu Memphis Grizzlies, New York Knicks, Utah Jazz, D-League Ambassadors, um combinado de jogadores da liga de desenvolvimento, e Atlanta Hawks. Perdeu para New Orleans Hornets, Phoenix Suns e Dallas Mavericks. Agora, os números dos principais jogadores do Spurs nas ligas de verão:

Ian Mahinmi

Mahinmi jogou e começou seis partidas, onde teve 40% (20-50) nos arremessos de quadra e 86,9%  (40-46) nos lances livres; fez de média 13,3 pontos, 7,3 rebotes e 2,8 erros de ataque em 28,1 minutos por partida.

George Hill

Hill começou os sete jogos que participou, e obteve médias de 10,7 pontos, 3,4 assistências, 6 rebotes, 1,8 roubos de bola e 2,4 erros de ataque em 31,1 minutos por partida. Ele converteu 27,3%  (18-66) dos arremessos de quadra, 20% (4-20) dos arremessos de três pontos e 72,9% (35-48 ) dos lances livres.

James Gist

Gist jogou sete partidas, mas começou apenas quatro. Sua porcentagem dos arremessos foi 55,3% (26-47) nos arremessos de quadra, 28,6% (2-7) nos arremessos de três pontos e 76,5% (13-17) nos lances livres. Fez em média 9,6 pontos, 7,6 rebotes e 1,6 erros de ataque em 23 minutos por partida.

Malik Hairston

Hairston jogou as oito partidas, mas iniciou apenas cinco. Teve de média 7,2 pontos, 2,9 rebotes, 1,7 assistências e 1,7 erros de ataque em 24 minutos por jogo. Ainda fez 48,1% (25-52) nos arremessos de quadra, 0% (0-1) nos arremessos de três e 57,1% (8-14) nos lances livres.

Anthony Tolliver

Tolliver, contratado pela sua participação nas ligas de verão, jogou sete partidas, porém começou apenas quatro. Nos arremessos, converteu 54% (27-50) em quadra, 57,1% (16-28 ) da linha dos três e 86,7% (13-15) dos lances livres. Fez de média 11,8 pontos, 4,1 rebotes e 1,3 erros de ataque em 25 minutos por jogo.

Pintou o campeão?

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Claro que a velha máxima, conhecida em quase todos os esportes, ainda não deve ser aplicada aos dois times que serão colocados em pauta na coluna de hoje. Entretanto, Los Angeles Clippers e Philadelphia 76ers vem mechendo seus pauzinhos na offseason e podem surpreender na próxima temporada.

Após a saída de Allen Iverson para o Denver Nuggets, todos duvidaram da capacidade de André Iguodala de liderar uma equipe. Não foi o que aconteceu; Iverson saiu, Iguodala passou a ter mais liberdade e consequentemente se tornou o destaque da franquia. No último ano, fez uma excelente temporada, obteve médias dignas de um all-star e levou o 76ers novamente à fase final da NBA.

Para a próxima temporada, após uma eliminação na primeira rodada nos últimos playoffs, o Sixers está buscando reforços. Todavia, a principal estrela do time (Iguodala), ainda não sabe se fica. Notícias dão conta que ele renovará, mas o impasse está deixando os torcedores ansiosos. E porque? Desde Iverson, eles não montam uma equipe forte; nesse ano, o 76ers assinou com o ala-pivô Elton Brand. Brand já foi all-star e já liderou sua equipe em quase todos os fundamentos; é um jogador perfeito para sua nova casa. Contudo, os eternos problemas de contusão de Brand podem atrapalhar; se isso não acontecer, o trio formado por André Miller, André Iguodala e Elton Brand deve incomodar.

O Clippers nunca foi campeão; sempre foi conhecido por ser o primo pobre de Los Angeles. Com toda sua beleza ofuscada, eles não empolgam há um bom tempo. Para essa temporada, parece finalmente que as coisas irão mudar. Jogadores importantes como Elton Brand e Corey Maggete foram embora; de chegada estão o all-star  Baron Davis e o ótimo defensor Marcus Camby. Além deles, o problemático Ricky Davis e Kelena Azubuike também chegaram. O time ainda busca Zach Randolph, mas parece que as investidas para trazer o ala não têm surtido muito efeito.

Aí está, caro leitor. Com toda a certeza ainda não pintou o campeão, mas Clippers e Sixers parecem estar em rumos melhores do que nos últimos anos, e isso já é uma grande coisa.