A história do San Antonio Spurs – A era George Gervin

por Renan Ronchi

Olá, queridos leitores. Aqui estou eu de volta com a segunda parte da coluna “A história do San Antonio Spurs”. Na primeira parte, falamos sobre o Spurs nos seus primeiros anos, em sua época de Dallas Charrapals, e sua má campanha pela liga. O time se mudou para San Antonio e o novo comandante George Gervin parecia liderar o Spurs no caminho certo até a ABA terminar devido a uma crise financeira. Com isso, a NBA permitiu a vinda de 4 times da extinta ABA para compor suas divisões. Foram escolhidos o Indiana Pacers, o New York Nets, o Denver Nuggets e o San Antonio Spurs. Nesse período surgiram algumas discussões e contratos. Alguns deles pagando outros proprietários de times para não entrar, outros para comprar outras franquias e o Spirit of St. Louis (sim, isso é nome de time) até ficou com um sétimo dos direitos do Spurs na televisão! De qualquer modo, os problemas extra quadras estavam resolvidos e finalmente a temporada na NBA iria começar.

O Spurs, na sua primeira temporada, fez 44-38. Nada mau para quem enfrenta agora adversários de muito mais peso, como o Boston Celtics e o Philadelphia 76ers. Junto com o Denver Nuggets, que havia conseguido 50 vitórias, mostraram que não estavam de brincadeira e que estavam prontos desde cedo para vencer a liga, mas o Spurs foi eliminado logo no primeiro round pelo Boston Celtics, mais experiente, e em 2 tranqüilos jogos. Na temporada seguinte, uma disputa interessante marcou a liga. George Gervin e David Thompson, líder do Denver Nuggets, disputavam o prêmio de maior cestinha da liga. No último dia da temporada, o Nuggets já estava classificado e resolveram passar a bola para Thompson fazer muitos pontos. Ele fez 73 pontos naquela noite, e estava a um passo de ganhar a disputa, já que Gervin precisava fazer 58 pontos no próximo jogo. Mas “The Iceman” conseguiu essa marca logo no terceiro quarto, fazendo 63 pontos no final do jogo e levando seu primeiro título de cestinha pra casa. Essa história já foi contada pelo Zé Boquinha na transmissão da ESPN, que a maioria dos amantes do basquete devem acompanhar.

Na temporada seguinte percebeu-se uma maior valorização no ataque e menor na defesa. O Spurs teve uma média de 119.3 pontos por jogo, muita coisa até para o Suns, hoje em dia. O time foi campeão da divisão novamente e George Gervin ganhou seu segundo título seguido de cestinha da liga. Nos playoffs, o time enfrentou o poderoso Philadelphia 76ers de Julius Erving. Chegou nas finais de conferência contra o Washington Bullets e abriu um 3-1, ficando a um jogo de uma final inédita. Porém, o time fez algo surpreendente ao perder 3 jogos seguidos e ser desclassificado no último jogo, que terminou em 107-105. Foi uma derrota frustante e que levaria 20 anos para o Spurs se recuperar e chegar na sua inédita final.

Em 1980, a crise chegou. George Gervin ganhou seu terceiro título de cestinha da liga e o inédito prêmio de MVP, mas para isso a equipe abriu mão de sua especialidade, a defesa. Fez um recorde de 41-41 e foi eliminado facilmente nos playoffs pelo Houston Rockets. Para compensar, o Spurs trouxe na temporada seguinte Dave Corzine, Dave Johnson e Reggie Johnson, especialistas em defesa. Isso gerou um 52-30 na temporada seguinte, mas novamente o Spurs viria a perder para o Rockets, dessa vez em disputados 7 jogos. Em 1982 Gervin ganhou seu quarto e último título de cestinha da liga, e o time com o recorde de 48-34, o Spurs venceu facilmente o SuperSonics em 5 jogos mas nos playoffs foi varrido pelo Los Angeles Lakers.

A era George Gervin já estava chegando ao fim, embora Gervin não demonstrasse. Em uma troca com o Chicago Bulls o Spurs adquiriu a ex estrela da ABA Artis Gilmore e enfim fez uma campanha digna de um concorrente ao título, com 53-29. Nos playoffs, a surpresa. A série contra o Denver Nuggets foi definida em 5 jogos com uma média incrível de 132.8 pontos feitos e 119.5 pontos tomados. Chegaram nas finais de conferência novamente (dessa vez pelo lado oeste, o time mudou de conferência com a chegada de alguns times), mas viriam a perder para o Los Angeles Lakers da famosa era showtime, em 6 jogos.

Em 1983/1984, o início da queda do Spurs. Mesmo com Gervin pontuando, problemas com o comando técnico do time e a contusão de Artis Gilmore. O time fez o pior começo de temporada da sua história, com 6-12, e pela primeira vez desde que chegaram na NBA o Spurs perdeu os playoffs com o recorde de 37-45. No ano seguinte, Cotton Fitzsimmons assumiu o comando técnico. Apesar de seu estilo apoiar a defesa, o time não era mais o mesmo de antes. Conseguiu um exato 41-41 e não aguentou a pressão contra o primeiro colocado Denver Nuggets, perdendo em 5 doloridos jogos. Agora, Gervin já não fazia mais tantos pontos e a idade começaria a pesar. Em 1984 Gervin foi trocado para o Bulls, onde viria a ser o mentor de Michael Jordan. Ficou apenas um ano por lá e logo em seguida foi jogar na Itália. Mas mais importante do que o Bulls ou a Itália foi a era que terminou após a sua saída no San Antonio Spurs.

The Iceman ainda é conhecido por todos os fãs. Embora a maioria dos seus recordes tenha sido quebrada por David Robinson, ele ainda possui os recordes de arremessos feitos (9.201), arremessos tentados (18.111) e pontos (23.602).

Esse foi o fim da segunda parte dessa coluna. Na terceira parte, o apocalipse. O Spurs passa pelo seu pior momento na sua história com campanhas ridículas até ganhar a primeira escolha do draft, onde a solução dos seus problemas viria com a chegada do almirante David Robinson. Até a próxima!

Sobre Leonardo Sacco

É jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cravou a opção pelo jornalismo no estouro do cronômetro, quando criou o Spurs Brasil em uma madrugada de domingo para segunda. Escreve para o Yahoo! Esportes e dá seus pitacos no @leosacco.

Publicado em 04/08/2008, em Spurs 35 anos. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

  1. Excelente matéria, tem coisas que nem eu sabia.

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