“Ah, eu já sabia!”

Estamos agora em uma época do ano em que poucas coisas acontecem no mundo da NBA; não há jogos de torneios preparatórios para os calouros, ainda é cedo para as partidas de pré-temporada e poucas movimentações nos bastidores ocorrem, ou, em palavras mais claras, poucas trocas acontecem. Então ainda vou aproveitar o clima do final da Olimpíada e fazer uma pequena síntese com um pouco de bom humor sobre como foi o torneio de basquete olímpico.

Resumindo em poucas palavras tudo que aconteceu no torneio, podemos apenas dizer a famosa frase “Ah, eu já sabia!”, muito utilizada principalmente nos estádios de futebol brasileiros para comemorar as conquistas e também tirar um sarro do adversário.

A expressão “Ah, eu já sabia” indica que aconteceu tudo aquilo que era o óbvio, ou seja, tudo aquilo que foi previsto realmente aconteceu. Então se você fez alguma aposta com um amigo e venceu, ria na cara dele e diga com vontade “Ah, eu já sabia!”.

Este mero blogeiro aqui pode encher a boca e gritar aos 4 ventos que eu também já sabia, pois tudo que eu imaginava aconteceu (pena que eu não apostei com ninguém, se não eu faturava uma graninha extra). Mas também, acertar o que iria acontecer na Olimpíada não é lá grande mértito pra ninguém. Simplesmente aconteceu o que tinha que acontecer. As duas seleções mais fortes chegaram na final para decidir quem ficaria com o ouro, e claro que os EUA venceram, em um jogo que todo mundo ficou maravilhado pelo equilíbrio que os espanhóis conseguiram manter diante das estrelas americanas. Mas, na verdade, tudo não passou de um falso equilíbrio, porque os americanos controlavam o jogo como queriam e mantiam quase todo o tempo uma vantagem de cerca de 10 pontos, que as vezes era reduzida para cerca de 5 mas era rapidamente aumentada de novo, como se os americanos pensassem: “Vocês não são nada, posso ganhar isso aqui a hora que eu quiser”, como se estivessem brincando com o adversário só para dar mais emoção. Quando a vantagem era reduzida, lá aparecia Kobe para acertar uma bola espírita na cesta, lá aparecia Wade com seus arremessos e infiltrações que lhe renderam 250 milhões de lances livres para serem cobrados. Quando menos você esperava, lá estava Wade na linha de lance livre, ao mudar de canal e ir para a Globo ouvir o Galvão Bueno dizendo um pouco de bobagem (pra variar) e ao voltar para o jogo dos americanos, lá estava Wade de novo para os lances livres e sequer era replay, até porque não tem sentido mostrar replay de lances livres.

Mas enfim, além dos americanos em primeiro e espanhóis em segundo, outro resultado que até a Mãe Dinah previou foi a Argentina em terceiro lugar, mesmo com o susto de perder o principal jogador do time, Manu Ginobili, com uma lesão no tornozelo. Apesar de serem os atuais campeões olímpicos e estarem praticamente com a mesma equipe de 4 anos atrás, todos sabíamos que os “hermanos” estavam um degrau abaixo de Estados Unidos e Espanha e dificilmente bateriam um dos favoritos. Então, a medalha de bronze era o esperado, o que por um lado é até bom pois assim a Argentina ficou com 2 ouros no quadro de medalhas e nós brasileiros ficamos com 3, e embora nosso desempenho em Pequim não tenha sido o esperado, podemos dizer pelo menos que ficamos na frente da Argentina.

De surpresa mesmo talvez só a eliminação dos russos, campeões europeus, ainda na primeira fase; porém eliminção merecida, pois a Rússia apresentou um basquetebol de qualidade duvidosa e acabou ficando para trás de rivais menos cotados como Austrália e Croácia. Talvez possamos citar como uma surpresa o bom desempenho da dona da casa, a China. Mas acho que é uma surpresa mais por desinformação do público ocidental do que pela capacidade dos jogadores. Aqui pouco se conhece do jogadores chineses e todos imaginavam que o time seria Yao Ming e mais 4 perebas só pra completar. E na verdade eram mesmo, porém os perebas não eram tão perebas assim, principalmente o armador da equipe, cujo o nome eu não me lembro (mas nome de chinês é tudo igual mesmo, tanto faz), que mais parecia uma criança em meio aos gigantes, mas que até de costas arremessava de 3 e acertava. E, diga-se de passagem, no jogo mais emocionante da Olimpiada, os chineses, embalados por sua escandalosa torcida (chineses gritando fazem muito barulho mesmo!) quase, eu disse, quase, venceram a poderosa Espanha, e só não venceram por culpa do Yao Ming, é isso mesmo, por culpa do grande astro da equipe. Yao devia ter comido um sanduíche antes de entrar em quadra e suas mãos deviam estar lambuzadas de maionese, pois o gogante chinês não conseguia segurar um passe e dominar a bola.

Mas essas “pequenas” surpresas não interferiram em nada no resultado final do torneio e em quem ganharia as medalhas. Por isso, se alguém perguntar a você o que achou do basquete nos jogos olimpicos, apenas diga: “Ah, eu já sabia!”.

Sobre Victor Moraes

Formado em Jornalismo no ano de 2012 pela Universidade Metodista de São Paulo. Fanático por esportes, sobretudo o basquete, passou pela redação do Diário Lance!, trabalhou na Liga Nacional de Basquete e no extinto Basketeria. Se orgulha de fazer parte da equipe do Spurs Brasil desde a criação em 2007.

Publicado em 31/08/2008, em Passando a limpo. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.