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Faltas intencionais: tática desprezível ou aceitável?

Popovich no melhor estilo Jair Picerni: “pega, pega, pega!”.

Depois da vitória do San Antonio Spurs sobre o Los Angeles Clippers por 96 a 86, um assunto polêmico veio à tona nos corredores do Staples Center. Fazer faltas intencionais em jogadores com aproveitamento ruim nos lances-livres é uma tática abominável ou inteligente?

O técnico Gregg Popovich utilizou essa tática, que ficou conhecida inicialmente como hack-a-Shaq, sempre que precisou. Na década de 2000, quando San Antonio Spurs e Los Angeles Lakers travaram batalhas épicas, o Coach Pop tentava frear o adversário fazendo faltas intencionais no pivô Shaquille O’Neal.

Popovich sempre foi muito criticado por isso, mas nunca deixou de se aproveitar dessa “brecha” no regulamento da NBA. Contra o Clippers, o comandante texano, vendo seu time perder por 24 pontos, apelou para o hack-a-Jordan. O alvo era o pivô DeAndre Jordan, que tem um aproveitamento medíocre de pouco mais de 50% nesse quesito.

No terceiro quarto, o Coach Pop mandou seus atletas fazerem faltas em Reggie Evans, outro jogador com médias horríveis. O resultado disso, óbvio, foi favorável ao Spurs. Somados, Jordan e Evans tentaram 12 arremessos e acertaram apenas três.

Após o duelo, a imprensa local bombardeou o treinador texano de perguntas sobre o tema. “Por que você optou por colocar Reggie Evans para chutar lances-livres?”, perguntou um jornalista californiano. “Porque ele tem um aproveitamento ruim”, respondeu Popovich, arrancando gargalhadas da imprensa.

“Vocês acham que eu quero ser um cara sábio com isso, mas o que mais eu poderia fazer? Vocês queriam que eu colocasse o Chris Paul lá?”, questionou o técnico. “Fiz falta nele (Evans) por um motivo. É feio, mas faz parte do jogo. Meu trabalho é tentar vencer”, completou o treinador do Spurs.

Para o jornalista Buck Harvey, colunista My San Antonio, as faltas intencionais podem ser ainda mais úteis se pensarmos por outra perspectiva. Segundo ele, a tática faz com que o time poupe esforços na defesa. Se enxergarmos por essa ótica e sabendo que o Jogo 4 será um back-to-back, Harvey está certo.

Entendo que muitos torcedores fiquem frustrados e achem isso tudo desnecessário, mas o que Popovich faz é válido, a regra permite. O que vocês pensam sobre isso, caros leitores? Pra quebrar um pouco o gelo, olha aí o Pop tirando um sarro da cara do Shaquille O’Neal na época do Phoenix Suns. Esse vídeo é épico!

O pequeno gigante

Blair e suas cestas inexplicáveis

DeJuan Blair é um dos jogadores mais criticados pelos torcedores brasileiros do San Antonio Spurs. Ele tem defeitos que ainda precisam ser corrigidos (defense! defense! defense!), claro, mas trata-se de um atleta muito eficiente. Entendo que o desejo de ver Tiago Splitter como titular e jogando 35 minutos por noite é grande, porém temos que valorizar esse pequeno gigante.

Blair chegou a San Antonio meio desacreditado. Ele foi bem no basquete universitário, mas se machucou antes de chegar à NBA e acabou ficando para a segunda rodada do draft. Junte a isso o fato dele ser baixo para jogar como pivô (apenas 2,01m) e pronto, temos um “jogador problema”.

O camisa 45 logo tratou de calar os críticos em sua primeira temporada. Lembro-me até hoje de um jogo de 2o pontos e 20 rebotes contra o Oklahoma City Thunder, em Oklahoma. Foi algo impressionante. Blair fez naquela oportunidade o que faz de melhor – usar sua força para marcar pontos debaixo da cesta.

Veio a segunda temporada e esperava-se muito do pivô. Seu rendimento, no entanto, caiu consideravelmente. Numericamente ele foi melhor no segundo ano (8,3 pontos, contra 7,8 no primeiro), mas evoluiu muito pouco e perdeu espaço. Blair havia começado a temporada 2010/2011 como titular, mas perdeu o posto para Antonio McDyess e tempo de quadra para Tiago Splitter.

Nas férias, DeJuan prometeu se cuidar – e de fato parece ter cumprido a promessa. Ao voltar do locaute e depois de atuar por algum tempo no basquete russo, o camisa 45 está visivelmente mais magro. Ainda continua truculento e extremamente forte, mas perdeu peso e parece bem mais ágil do que no último ano.

Ontem, contra o Los Angeles Clippers, Blair lembrou aquele jogador dos vinte e poucos pontos e vinte e poucos rebotes contra o Thunder. Foram 20 pontos cravados e seis ressaltos. O que me impressionou, no entanto, foi a maneira como ele dominou Blake Griffin e DeAndre Jordan ofensivamente.

Griffin (2,08m) e Jordan (2,11m) podem ser considerados gigantes ao lado de Blair, mas ficaram pequenos quando tentaram marcar o pivô do Spurs. “Apenas tentei ler o jogo deles”, explicou DeJuan ao final do embate. “Eles têm um físico forte e pulam muito. Eu posso pular um pouco também, mas o que importa é saber ler o jogo. Sou pequeno e tenho que encontrar meios de lidar com jogadores mais altos”, completou.

Se depender de seus “professores”, Blair pode ficar tranquilo mesmo sendo “baixinho”. “Assisto muitos vídeos do Karl Malone e do Charles Barkley e tento fazer o que eles faziam”, confessou. Seu outro mentor, o ala-pivô Tim Duncan é só elogios ao “pupilo”. “Ele faz cestas que ninguém acredita e continua atacando, sendo agressivo. Ele sabe o que fazer”, disse Timmy.

Pelo que podemos observar, Blair está muito bem assessorado. E se ele jogar metade do que jogaram seus “mestres” teremos um grande pivô para muitos anos. Abaixo, veja o vídeo que eu citei dos 28 pontos e 21 rebotes contra o Oklahoma City Thunder.