Arquivo da categoria: Entrevistas

Spurs Brasil entrevista Tiago Splitter

Tiago Splitter vem fazendo uma temporada discreta com a camisa do San Antonio Spurs. Com pouco tempo de quadra, o catarinense está à espera de oportunidades para mostrar o basquete que o consagrou no continente europeu. Sempre solícito, Splitter atendeu à equipe do Spurs Brasil durante a Rodeo Road Trip e falou um pouco sobre seus primeiros meses em San Antonio.

Contra o Lakers, Splitter teve uma de suas melhores partidas na NBA

Spurs Brasil – Você tem jogado mais tempo nas últimas partidas devido à ausência do Matt Bonner. Você já se sente mais à vontade dentro de quadra? Como está seu ritmo de jogo e sua confiança?

Tiago Splitter – Me sinto bem dentro de quadra, mas é óbvio que jogando poucos minutos às vezes é difícil ter o mesmo ritmo de jogo que os meus companheiros. Mesmo assim estou confiante e vou continuar trabalhando.

SB – A cobrança da imprensa brasileira é muito grande. Todos querem ver você mais tempo em quadra porque conhecemos e acreditamos no seu potencial. Ao mesmo tempo, sabemos que o Gregg Popovich gosta de “lapidar” seus novatos. Por mais que você tenha bastante experiência no basquete europeu, como você avalia esses primeiros 47 jogos com a camisa do Spurs?

TS – Pois é. Cheguei no Spurs, num time que está funcionando quase perfeitamente. Tenho que ter paciência e esperar as oportunidades. Sei que posso jogar melhor do que estou jogando. Sou muito crítico comigo mesmo.

SB – O San Antonio Spurs vem fazendo sua melhor temporada da história. Muitos dizem que essa pode ser a última grande chance do Spurs ganhar um anel sustentado pelo trio Duncan, Parker e Ginobili. Como essa melhor campanha vem sendo tratada no cotidiano da equipe? Os jogadores citados realmente vêm encarando tal oportunidade como única?

TS – Ninguém comenta nada sobre títulos. Sempre pensamos no próximo jogo. Seria um grande erro pensar lá na frente. Realmente é um grupo espetacular e muito profissional.

SB – A Rodeo Trip começou na terça-feira contra o encardido Portland Trail Blazers. Hoje é vez do Los Angeles Lakers. Essas viagens seguidas desgastam muito o atleta profissional? Qual a sua expectativa para essa Rodeo Trip?

TS – Ninguém pode reclamar das viagens. As aeronaves são super confortáveis e só para nós. Na Europa e no Brasil as viagens desgastam dez vezes mais do que aqui. A gente espera fazer uma boa campanha na Rodeo Road Trip. Temos um time ganhador e com boa mentalidade.

SB – Como é seu relacionamento com Tim Duncan nos treinamentos? Ele te dá alguns toques? Como é estar ao lado do grande ídolo da franquia texana?

TS – O Tim é um dos melhores de todos os tempos. Realmente é absurda a quantidade de talento e recursos que ele tem jogando basquete. Em todos os treinos ele passa algumas dicas. É um cara que sabe ler muito bem o jogo.

SB – Como é o técnico Gregg Popovich no dia-a-dia? Aqui de fora ele parece bem exigente com seus comandados, mas ao mesmo tempo me parece fazer o estilo “pai”. Como você define o “Coach Pop”?

TS – Um dos melhores técnicos que eu já tive, talvez o melhor; sabe muito mesmo. Fora da quadra ele é o paizão de todo mundo, se preocupa com todos. Um fenômeno.

SB – Como é viver em San Antonio? Você já se adaptou à cidade? Pode ir ao shopping ou ao supermercado tranquilamente ou o assédio é grande? Qual a principal diferença da Espanha para os Estados Unidos?

TS – San Antonio é uma cidade legal. O clima é ótimo e a vida aqui é tranquila. Perfeita para se ter uma família e jogar basquete. A Espanha é um país muito menor. Aqui tudo está longe e você precisa de um carro. Na Espanha você vai fazer as compras caminhando, as pessoas vivem perto uma das outras. Nem melhor, nem pior, diferente…

SB – Você pretende jogar o Pré-Olímpico da Argentina? Quais as expectativas dos atletas brasileiros? Tem conversado sobre isso com o Nenê, o Leandrinho e o Anderson? Você e o Manu Ginobili falam sobre isso? Sabe se ele também estará no torneio?

TS – Claro! Minha expectativa é jogar o Pré-Olímpico. Toco madeira aqui pra não me machucar e poder ajudar o Brasil. Conversei com eles (os brasileiros que atuam na NBA) e todos pensam da mesma forma: se estiverem bem fisicamente estarão em Mar Del Plata. Manu (Ginobili) vai jogar sim. Acho que a Argentina virá completa.

Entrevista com Tony Parker

O armador Tony Parker deu uma entrevista bem legal ao seu site oficial. O francês falou sobre o excelente começo de temporada, sobre as chances de título e sobre a mudança no estilo de jogo do San Antonio Spurs. Vale a pena conferir a conversa abaixo!

Como você analisa esse começo de temporada?

Estou num grande início de temporada com o Spurs, que está com o melhor recorde de sua história. Geralmente nós começamos devagar e só “pegamos no tranco” no final de fevereiro ou depois do All-Star Game. Mas falei sobre isso em outubro durante o training camp: queríamos começar 2010/11 bem. Esse foi nosso problema no ano passado: nós iniciamos muito mal.

Como você explica todo esse sucesso até aqui?

Estamos jogando como no ano passado. A única diferença é que todo mundo está em forma, diferente da última época. Isso muda tudo. Richard Jefferson está no seu melhor; os reservas têm tido sucesso, como Gary Neal contra o Phoenix Suns (22 pontos). Gary foi um reforço e tanto. Além dele ainda temos Matt Bonner, McDyess, George Hill…

É possível bater o recorde do Chicago Bulls de 72 vitórias e dez derrotas?

Acho impossível alcançar (o recorde). Esse recorde seguirá inquebrável por um longo período.

Você pensa no título?

Tem sido assim ao longo dos anos. Quando você está no Spurs, você joga pelo título. Mas temos que caminhar passo a passo. O mais importante agora é vencer os jogos e melhorar para chegar bem à pós-temporada.

Como você se sente após 27 jogos?

Sinto-me bem. Tenho minhas pernas de volta. Passei por um momento difícil em novembro por conta de problemas pessoais (o fim do enlace com a atriz Eva Longoria), mas agora estou de volta. Tenho que estar no meu melhor para garantir algum retorno: fui eleito o melhor jogador da Conferência Oeste na última semana. Estou muito feliz; isso mostra que estou em boa forma.

Você está satisfeito com suas médias? (18 pontos, sete assistências e 50% de aproveitamento por jogo).

Imaginei mais ou menos isso. Quando você joga em San Antonio tem que dividir a bola com caras como Tim Duncan, Manu Ginobili e Richard Jefferson. É quase impossível arremessar 25 vezes por noite. Quanto às assistências, as tenho graças ao bom aproveitamento dos meus companheiros.

San Antonio jogou um jogo de meia-quadra por anos e agora mudou completamente seu estilo, tanto que tem o quarto melhor ataque da NBA. Você gosta desse novo sistema?

É claro. Mas há uma coisa importante que gostaria de citar: você tem que jogar defensivamente para vencer. Ninguém vence com uma filosofia puramente ofensiva. Assim, temos que melhorar nossa defesa se quisermos os primeiros lugares na temporada regular. Sabemos da importância do mando de quadra nos playoffs.

O Spurs está na turma dos favoritos ao título?

Sim, mas Lakers e Celtics vêm antes de nós. O Lakers recém-conquistou o título e defende o campeonato. Coloco o Boston em segundo porque eles têm experiência e jogam muito bem. Depois desses dois está o San Antonio Spurs.

Entrevista com Tiago Splitter

O blog balanacesta, do jornalista Fábio Balassiano, publicou uma excelente entrevista com o pivô brasileiro Tiago Splitter, do San Antonio Spurs. Durante a conversa, Splitter revela que está tendo dificuldades para se adaptar ao basquete norte-americano. Segundo o brazuca, paciência é a palavra chave para os próximos meses.

Splitter disse ainda que vem treinando duro e que o argentino Manu Ginobili tem sido seu grande parceiro nesse começo de temporada. Para conferir a conversa na íntegra basta clicar aqui.

Uma alternativa para o futuro

"Tô chegando, galera!"

Falamos em trocas, ansiamos por um time vencedor e imaginamos uma equipe forte para competir por títulos. Contudo, pouca gente fala ou nem mesmo sabe dos jogadores que o San Antonio Spurs adquiriu através do draft ao longo das últimas temporadas. Nas semanas anteriores, falamos sobre o Nando de Colo, armador francês que poderá desembarcar no Texas daqui a uns três anos. Temos seguido sempre o Tiago Splitter, nas colunas dominicais do nosso companheiro Lucas Pastore.

Dunk!

Bom… como o assunto é jogadores do Spurs ao redor do mundo, será que alguém lembra do georgiano Viktor Sanikidze? Pois é, até eu já tinha esquecido dele, apesar de parecer um bom prospecto quando foi draftado. Sanikidze foi selecionado pelo Atlanta Hawks em 42º no draft de 2004. Na época, ele foi imediatamente trocado para San Antonio em um negócio pouco significante.

Pois bem! Desde então, o ala/ala-pivô vem vagando pela Europa. No entanto, sua sorte começou a mudar quando foi convocado pelo selecionado da Geórgia para disputar as eliminatórias da Segunda Divisão do Campeonato Europeu (pois é, o nome é complicado mesmo). Lá, ele conseguiu jogos excelentes (16 PPG e 13 RPG). Isso foi suficiente para despertar o interesse de grandes equipes do continente, como o Virtus Bologna, da Itália (mesmo time onde brilhou o argentino Manu Ginobili).

Sanikidze, que antes jogava em uma equipe da Estônia, aceitou a oferta e foi atuar na Liga Italiana. Em seus primeiros jogos, muitas faltas e poucos pontos; ficava claro que o georgiano, que perdeu toda a temporada 2007-2008 com múltiplos problemas nos joelhos, precisava se adaptar.

É isso aí!

Aos poucos, ele foi pegando ritmo de jogo e começou a entrar bem no esquema do Virtus Bologna. Hoje, com médias de 7.1 pontos e 4.9 rebotes em apenas 19 minutos em quadra, Sanikidze é peça importante para os italianos. Lá, ele é reconhecido por seu atleticismo, por ser um excelente defensor e um grande reboteiro – justamente o que San Antonio precisa atualmente, alguém que possa parar Dirk Nowitzki, por exemplo. Além disso, sua versatilidade salta aos olhos, já que o georgiano pode atuar tanto de ala-pivô quanto de ala, pois tem um bom arremesso dos três pontos.

É claro que seu jogo ainda é cru. Segundo especialistas que acompanham o basquete europeu de perto, Sanikidze, que tem apenas 23 anos, ainda precisa desenvolver seu aspecto físico, já que é relativamente fraco para jogar na 4. Quando esteve no Spurs treinando, no entanto, o ala atuou como 3, aproveitando seu bom arremesso de longa distância.

Em uma entrevista bacana para o site 48minutesofhell, o georgiano falou sobre NBA e disse que pode disputar a Summer League do próximo ano. Confira parte da conversa:

– Você pensa sobre NBA?

Viktor Sanikidze: Claro que eu penso na NBA. É meu sonho!

– Você mantém contato com o Spurs?

VS: Sim, mantenho.

– Existe a possibilidade de vê-lo na próxima Summer League?

VS: Acho que sim. Eles já me convidaram alguns anos. Acho que irei no próximo.

– Você teve a oportunidade de conhecer Gregg Popovich?

VS: Não na Summer League, mas eu trabalhei com ele antes. Passei sete meses com o Spurs.

– Como você se sente melhor jogando? Na 3 ou na 4?

VS: Na verdade é a mesma coisa. Quando eu jogo na 4, sou mais rápido que os adversários, enquanto quando jogo na 3, sou mais alto do que eles. Por outro lado, não sou forte o suficiente para ser um ala-pivô, enquanto posso arremessar diante de um jogador quando atuo de ala. Não há muita diferença para mim.

– Você tem trabalhado para adquirir massa muscular?

VS: Eu adoraria adquirir mais músculos, mas ao término da temporada eu passei a jogar com o selecionado nacional. Então eu nunca tive tempo de trabalhar na academia.

Para ler a entrevista completa basta clicar aqui.

Para ver o perfil de Viktor Sanikidze na Eurobasket clique aqui.

Abaixo você pode ver alguns lances do georgiano

Ginobili: “nem sequer espero que estendam meu contrato”

"Alguém tem um contrato aí?"

Os dias do argentino Manu Ginobili com a camisa do San Antonio Spurs parecem estar realmente chegando ao fim. O casamento de oito anos, que rendeu três títulos à franquia, se estremeceu nos últimos anos, especialmente após as constantes lesões do ala. O técnico Gregg Popovich, que nunca gostou que seus atletas fossem jogar por seus países, ficou irritado quando Manu foi para Pequim e voltou com o tornozelo machucado.

Em entrevista ao jornal argentino Clarín, Manu se demonstrou decepcionado por não ter sido procurado para renovar seu contrato. “Estou certo de que serei agente livre e em julho ou agosto tomarei uma decisão acerca de aonde ir [jogar]”, disse. “Já nem espero que a equipe me ofereça uma extensão de contrato”, confessou.

Abaixo, você pode conferir parte da entrevista

Clarín: San Antonio te dá sinais de que vai oferecer um contrato?

Ginobili: Não, não houve nenhum sinal. O último foi antes de eu me machucar no ano passado. Desde então, não houve nenhuma conversa. Neste ponto da temporada, não sei se eu estenderia meu contrato, depende da oferta. Estou focado em sentar no dia 1º de julho com meu agente e com a minha esposa e ver que ofertas tenho.

Clarín: Você não é um Spur qualquer, por seu rendimento e idolatria da torcida. Não te magoa o fato de te deixarem ir?

Ginobili: De início sim, porque pensei que a relação era outra. Isso foi no ano passado, mas esse ano é diferente. Sei como as cartas estão repartidas e ninguém presenteia ninguém quando é hora de negociar – nem a franquia e nem os jogadores. Há que se entender isso como um negócio e há que saber jogar com isso. De início fiquei doído, mas agora já entendi.

Clarín: San Antonio teve duas temporadas de menor rendimento desde 2007. Hoje está em quarto na Conferência Oeste. Como você vê isso?

Ginobili: Não estamos jogando tão bem como deveríamos a essa altura do campeonato. Tivemos muitos altos e baixos e seguimos tendo. Assim, não digo que estou preocupado, mas teríamos que ter sofrido quatro ou cinco derrotas a menos. Esperamos nos recuperar durante o calendário que vem por aí, porque sabemos que em fevereiro e março não estaremos quase nunca em casa [por causa da Rodeo Trip]. Esperamos não pagar caro pelas derrotas que tivemos em San Antonio.

Análise do caso

É sempre complicado e doído se desfazer de um ídolo. No futebol isso se tornou comum. É muito fácil hoje em dia ver um garoto ficar seis meses numa equipe qualquer e logo em seguida ser vendido. No basquete é diferente, ainda existe amor à camisa.

Ginobili é um desses caras que gosta do Spurs, gosta da cidade e se identifica com a torcida. A recíproca, claro, é verdadeira. San Antonio ama o Ginobili e quer que ele continue na equipe até encerrar a carreira. Esse é o desejo de qualquer torcedor. Manu marcou época, foi único e venceu tudo o que podia na carreira. Ele é um vencedor, acima de tudo.

Na visão mercadológica, no entanto, temos que ser realistas. Ginobili é um jogador com constantes problemas físicos. Ele já não é mais rentável como antigamente e os dirigentes perceberam isso. Além disso, um contrato novo para o argentino não sairia por menos de US$ 10 mi anuais – que é o que ele ganha atualmente.

Mr. Peter Holt, dono da franquia, gastou o que tinha e o que não tinha para montar um time forte com Richard Jefferson e Antonio McDyess. Se ele meteu os pés pelas mãos, ainda é cedo para dizer, mas, com isso, colocou a equipe muito acima do teto salarial – coisa rara no seu perfil. Caso tudo dê errado, é provável que ele tente começar mais ou menos do zero. Se livrar do contrato do Ginobili seria um início razoável para isso.

É bem verdade que temos uma série de contratos expirantes para a próxima temporada, como Michael Finley, Matt Bonner, Roger Mason, Theo Ratliff, Ian Mahinmi e Keith Bogans. Juntos, todos eles (contando o Manu) somam mais de US$ 20 mi; uma baita folga na folha salarial e a chance de um recomeço, já que o contrato salgado do Richard Jefferson expira já em 2011.

Peter Holt tem a faca e o queijo nas mãos. A decisão, todavia, é complicada. Manter um ídolo agora e arriscar novas campanhas medianas ou deixar ele ir e montar outro time forte…? O erro, para mim, já foi feito. Um contrato de três anos para o vovô Antonio McDyess, com direto a US$ 5 mi no último ano, quando ele deverá estar caindo aos pedaços, foi um erro incalculável.