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Review da temporada 2023/2024 – O futuro
Por Matheus Gonzaga, do Bandeja de 3*
Próximos Passos
O futuro do Spurs a longo prazo é muito indefinido. Wembanyama é espetacular, e tudo gira em torno dele e de seu progresso – no fim das contas, sua contínua evolução é mais importante que qualquer outra coisa citada nesse texto. Vassell é uma certeza de um bom titular (e acho que nada mais). No mais, não vejo mais nenhuma certeza positiva.
Mesmo pensando no time para o próximo ano, não há tantas coisas estabelecidas – Sochan ainda é uma grande aposta da franquia e vai ter um papel importante. Zach Collins será o big reserva. Tre Jones terá um papel relevante na armação, seja como titular ou reserva. O resto todo para mim é muito duvidoso.
Keldon Johnson caiu muito de status, e uma troca dele não me surpreenderia em nada. Champagnie foi titular, mas não seria surpresa alguma se em 2024/2025 estivesse fora da rotação. Osman é free agent. Wesley e Branham definitivamente não são certezas de estarem em planos relevantes do Spurs.
Há muita margem para mudanças, especialmente se considerarmos as escolhas de draft que San Antonio tem (nesse ano e nos próximos) e a relativa flexibilidade salarial da franquia. Por isso, vamos explorar algumas possibilidades para a offseason e pensar a construção da franquia para os próximos anos. Mas antes disso, é importante pensar em quais características e perfis de jogadores fazem sentido para o próximo “grande time” do Spurs.
Primeiramente, é preciso um armador para ser uma peça central do time – alguém confiável para ser um parceiro de pick and roll de Wemby e que seja capaz de criar arremessos para si e para os companheiros em geral. Hoje em dia, é crucial que um armador tenha um arremesso de 3 ao menos razoável. Eu priorizaria também a capacidade de jogar sem bola, visto que Wembanyama cada vez mais irá ter a bola na mão, além de uma boa capacidade defensiva.
Na realidade, eu priorizaria a defesa em todas as posições. Para mim, a melhor forma de otimizar um grande talento defensivo (especialmente um pivô) é colocar outros grandes defensores ao seu redor, criando uma defesa forte em todas as facetas, que possa de fato ser uma unidade de elite. Em geral, tentativas de utilizar um grande defensor como “muleta” e cercá-lo de defensores limitados defensivamente causa dores de cabeça em playoffs e minimiza seu impacto (vide o Utah Jazz com Rudy Gobert).
Além disso, o Spurs precisa de arremessadores. A bola de 3 é crucial atualmente – não só pelo impacto de acertá-las em si, mas também por facilitar penetrações e cestas no garrafão. Colocar arremessadores ao redor de Victor é importantíssimo para maximizar seu desempenho ofensivo.
Acredito que o Spurs precise de uma peça central na ala, para ser um titular, e priorizaria muito esse molde 3&D. Além disso, é preciso ao menos um guard para o banco, e idealmente um outro ala para a segunda unidade (mas nesse ponto acho menos relevante – uma renovação de Osman, o próprio Champagnie ou Keldon Johnson cobrem esse papel de modo ok). Resumidamente, para mim, as peças a serem contratadas para a próxima temporada são, na minha ordem de prioridade:
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Ala 3 and D de nivel titular
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Armador titular a longo prazo capaz de jogar sem bola
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Guard 3 and D para o banco
Trocas
Nomes de estrelas têm sido bastante ventilados em San Antonio. É claro que um grande nome que chamasse as atenções das defesas adversárias e trouxesse mais espaço para Victor ajudaria (muito) o time do Texas, mas eu teria um pé atrás – apressar-se demais e tomar uma decisão abrupta para melhorar o time imediatamente pode ter consequências ruins e dificultar a montagem de um time realmente forte a longo prazo.
A maioria dos nomes ventilados são armadores, tanto por ser a posição com maior disponibilidade de talentos (supostamente) disponíveis para trocas, quanto por ser a posição que mais poderia facilitar o jogo de Wemby. Aqui, vou discorrer sobre alguns nomes que foram especulados, como penso o encaixe deles em San Antonio e quanto imagino que custariam em termos de ativos.
Trae Young: É o maior nome especulado, e é o jogador mais especulado. Trae é um jogador de ataque heliocêntrico, que concentra tudo em si, e produz em escala gigantesca – seja pontuando ou criando para os demais. Sua capacidade de converter arremessos difíceis é excelente, e ele dá um ótimo piso ofensivo para uma equipe – acho muito dificil o Spurs terminar a próxima temporada abaixo da média ofensiva da liga caso essa troca ocorra. Entretanto, ele não é um grande finalizador no aro, não se mostrou disposto a jogar sem bola e tem problemas defensivos gravíssimos.
Trae melhoraria muito o time hoje, mas não acho o encaixe ideal a longo prazo por conta de sua falta de defesa e habilidade off ball. E considerando o provável preço – acho impossível que ele saia por menos que uma das firsts desse ano e a devolução de todas as escolhas e o swap adquirido de Atlanta, além de Keldon Johnson (com chances ainda de ser necessário envolver Jeremy Sochan na negociação), não seria um dos meus alvos favoritos.
Dejounte Murray: Honestamente, acho uma retroca por Dejounte é melhor que ir atrás de Trae. O ex-lider é melhor defensivamente (apesar de não ser mais o grande defensor do começo da carreira) e é mais adequado para jogar sem bola, apesar de ser um jogador pior que Trae em todos demais quesitos. Dejounte também deve sair mais barato: imagino que devolver as duas picks de Atlanta (+ Keldon provavelmente) vá ser o bastante para fechar negócio, mas talvez um pacote diferente possa ser proposto (hipoteticamente, a pick 8, uma das escolhas do Hawks e Keldon). Acho uma opção mais interessante.
Darius Garland: Garland foi um All Star no leste dois anos atrás, mas está em baixa. Caso San Antonio acredite que ele possa voltar a ser o jogador que chegou a ser em 2021/2022, faz bastante sentido o adquirir. Darius é um bom chutador, capaz de jogar com e sem bola, apesar de ter dificuldades finalizando no aro e limitações defensivas. É uma versão pior de Trae Young, mas mais barato e que consegue jogar sem bola. Talvez um pacote envolvendo Keldon, a pick 8 e uma first um pouco pior (como a do Bulls) seja o bastante para o adquirir. Neste preço, acho uma boa aposta.
Brandon Ingram: Indo para a ala, Ingram é outro ex-All Star em baixa. Trata-se de um chutador mediano que cria bem arremessos para si na meia distância e pontua em volume alto. Entretanto, não é um grande defensor, nem um pontuador especialmente eficiente. É o tipo de jogador difícil de encaixar em um time bom e que vai exigir uma renovação cara. Não me agrada muito, e deve custar ao menos duas firsts.
Lauri Markkanen: Acho muito difícil que seja trocado, mas é meu nome favorito. Possivelmente o melhor pontuador off-ball da NBA, um arremessador letal e um bom finalizador, Lauri é um encaixe incrível ao lado de Wembanyama a longo prazo, pensando no francês como uma força ofensiva primária. Deve custar ao menos 4 escolhas de primeira rodada, e talvez Utah ainda peça mais alguma peça relevante. Não acho que seja o momento de o Spurs pagar um preço tão alto, mas para os mais apressados, acho que, para uma tentativa de vencer em prazo mais curto, seria o melhor nome.
No geral, eu não acho imperativo que San Antonio vá atrás de um nome tão grande agora na offseason, a menos que apareça uma oportunidade boa. Claro que é importante construir um bom time para Wembanyama, que já é um grande jogador, mas não acredito que trazer uma estrela seja necessário para ser minimamente competitivo no próximo ano.
Free Agency
Eu acredito que conseguir bons role players seja o bastante para o time ao menos brigar por play in na próxima temporada (pense em uma temporada semelhante à do Houston Rockets esse ano), o que já seria um bom passo.
Para um ala titular, não há uma alternativa tanto de longo prazo (OG Anunoby deve renovar com o Knicks, mas, caso não renove, seria uma opção, e eu iria atrás muito agressivamente). Para melhorar o time atualmente, vejo Klay Thompson como uma alternativa (ajudaria muito com a bola de 3), ou alguém como Kentavious Caldwell-Pope, e nomes de perfil menor como Royce O’Neale ou Kyle Anderson já ajudariam. Caleb Martin também é uma possível opção.
Para armador, também não vejo nenhum jogador disponível com potencial para ser uma peça central, mas nomes como Tyus Jones, Monte Morris ou Markelle Fultz podem melhorar o time a curto prazo, seja como titulares ou reservas de Tre Jones. Vale destacar o nome de Immanuel Quickley, que poderia ser mais interessante a longo prazo, mas é um free agent restrito e deve renovar com Toronto.
Pensando em um guard para compor a rotação, nomes como Evan Fournier, Gary Harris, De’Anthony Melton ou Gary Trent Jr. podem ser interessantes.
No geral, a ideia para a free agency é trazer ao menos um (idealmente 2 ou 3) veteranos que se encaixem nesse perfil citado.
Draft
Ainda que este draft seja considerado fraco, opções de jogadores que se tornarão boas peças de rotação/titulares sempre estão disponíveis. E é bem provável que o Spurs consiga ao menos um jogador desse nível por possuir duas escolhas no top 10 do recrutamento. Não gosto da ideia de trade up, especialmente para um time tão carente de talento como é San Antonio, e ainda mais em uma classe sem um grande talento óbvio – ter mais dardos para lançar é bem melhor. Por mim, o ideal seria de fato selecionar jogadores nas escolhas 4 e 8 (exceto, é claro, em caso de troca por um jogador veterano, como discutido anteriormente). Pensando em jogadores nessa range e especificamente naqueles com características e perfis que se encaixem nas necessidades do time, destacaria os seguintes jogadores:
Zaccarie Risacher: Ala francês bom chutador e defensor. É um tanto cru e há dúvidas sobre seu teto (e sobre de quão alto nível é seu chute e defesa – talvez seja apenas bom, nada espetacular), mas certamente comporia bem a ala do time. É uma pick segura, mas provavelmente não vai estar disponível na quarta escolha.
Reed Sheppard: Chutador de elite, guard que joga sem bola (e talvez com algum upside com ela), alto QI de basquete e defensor esforçado (mas muito limitado pela altura e falta de envergadura). Talvez seja minha pick favorita. No pior dos casos é uma excelente opção de guard reserva desde o dia 1. Talvez não esteja disponível na Pick 4.
Stephen Castle: Guard/Wing, joga com e sem bola, mas tem uma red flag bem relevante no arremesso (é bem ruim hoje, e existe chance relevante de nunca ser bom). Excelente defensor e alto QI de jogo. Tem muita cara de pick do Spurs, por ter todas as características que o Brian Wright valoriza. É uma opção de armador a longo prazo, ou pode ser uma opção de ala. Não resolve muitos problemas no curto prazo, mas apresenta upside interessante. Não acharia uma pick ruim.
Rob Dillingham: Armador baixo, grande criador de arremesso, passador decente e bom arremessador. O problema é que é um péssimo defensor. Não me agrada muito – apesar de possuir algum upside, acredito que traria muitos problemas defensivos, e acho o piso consideravelmente baixo. Porém, poderia ser uma resposta de armador a longo prazo.
Nikola Topic: Armador alto, excelente passador, bom QI de jogo, e bom finalizador no aro. Existem dúvidas sobre capacidade de arremesso e questões sobre atleticismo. Seria minha opção favorita sem dúvidas, mas apresentou duas lesões no mesmo joelho na atual temporada, uma possível red flag de saúde. No geral, é uma opção de alto risco/recompensa que pode ser o armador de San Antonio a longo prazo.
Dalton Knetch: Ala excelente chutador e com alguns flashes de scorer on ball. Apresenta sérias questões defensivas. Já é mais velho e tem um upside mais baixo. É uma pick que não empolga, mas adicionaria um jogador seguro de rotação, algo que o Spurs precisa. Não seria uma das minhas escolhas favoritas, mas acho ok.
Além disso, neste draft existem vários alas com alto upside, mas com dúvidas relevantes. Eles apresentam características diferentes entre si, mas todos no geral são atléticos, com potencial defensivo e com questões no lado ofensivo da quadra, principalmente no arremesso. Eles são Ron Holland, Cody Williams, Tidjane Saluan e Matas Buzelis. Não sou grande fã de escolher nenhum deles, mas também não veria como uma péssima escolha.
Conclusão
San Antonio subiu o degrau mais difícil – conseguiu uma peça que certamente será o franchise player da franquia por muitos anos. Mas ainda faltam muitos degraus. A maioria dos jogadores desse time provavelmente não será parte do elenco quando o Spurs for de fato um time que irá brigar por título – falta conseguir muitas peças melhores para chegar até lá. O ponto positivo é que a franquia texana possui muitos ativos para tal – uma relativa flexibilidade salarial e escolhas de draft -, que podem ser interessantes para trocas ou para escolher jogadores em si.
Além disso, ainda não há motivo para pressa. Wembanyama tem um longo contrato e está sob controle da franquia pelos próximos 6 anos, no mínimo. Acho que essa deve ser a postura do Spurs – tentar construir o time gradualmente. No momento, trazer peças complementares que maximizem e facilitem o desenvolvimento de Victor enquanto adiciona jovens talentos via draft.
Caso apareça uma oportunidade de mercado interessante, de trazer um grande jogador por um preço justo, é claro que ela deve ser aproveitada. Mas não acho que o Spurs precise ser de fato agressivo ainda – ao longo dos próximos anos, a tendência é que apareçam vários bons jogadores querendo jogar com Wembanyama.
Sim, a minha avaliação da maioria dos jogadores do elenco atual foi negativa. Sim, o time hoje é muito ruim. Mas a projeção para o futuro do Spurs é extremamente positiva, não podemos deixar de ter isso em mente – simplesmente por termos um jogador como Wemby, as perspectivas para o futuro de San Antonio são melhores que as da maioria absoluta das equipes da liga. Se juntarmos isso com a armada de escolhas de draft, as expectativas são ainda melhores.
No fim das contas, o elenco atual ser ruim não é tão preocupante. Mesmo se no próximo ano, a performance não for tão boa, eu também não estaria tão preocupado assim. O curto prazo do Spurs é duvidoso, mas as perspectivas no futuro são excelentes.
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Review da temporada 2023/2024 – Elenco
Por Matheus Gonzaga, do Bandeja de 3*
Devin Vassell
Devin Vassell definitivamente não é o problema do Spurs. Mas ele provavelmente também não é a solução. O ala se mostrou um jogador de nível titular na NBA, alguém que sem dúvida alguma pode ser parte relevante de times bons. Mas quão grande pode ser seu papel nesses times? E o quanto ele pode de fato ajudar um time a se tornar bom?
Vassell teve médias significativas – 19,5 pontos por jogo é bastante coisa (mesmo na NBA com explosão na pontuação), além de sólidas 4,1 assistências com menos de dois turnovers para um jogador que não é um lead guard. Até mesmo sua eficiência foi ok – o ala teve TS% na média da liga, o que é positivo para alguém que tenta arremessos consideravelmente difíceis (volume relativamente alto de arremessos do drible).
Falando mais dele como pontuador, Vassell em anos anteriores teve bastante dificuldades finalizando no aro (em 2022/2023, por exemplo, chutou apenas 61,5% perto da cesta). Porém, nesse ano se tornou muito mais eficiente nessa área, tendo tido aproveitamento de 71,4%, marca EXCEPCIONAL para um jogador de perímetro. Entretanto, seu volume ainda é baixo: são menos de três tentativas por jogo, o que é inclusive a maior deficiência no jogo ofensivo do ala.
Para um jogador ser um criador de nível realmente algo (alguém capaz de atuar com a bola na mão e que pontue com volume e eficiência altos), chegar com volume perto da cesta é um requisito obrigatório – exceto o caso de jump shooters de um patamar histórico, como Kevin Durant. Para ter essa capacidade de chegar ao aro como um ball handler, em geral, existem duas formas – atleticismo de elite e ball handling excelente. Devin não tem nenhum dos dois.
É notório que Vassell depende muito de jump shots criados para si para pontuar com a bola. Ele tem 2,4 tentativas na floater range (onde seu aproveitamento é de elite, 52,8% – outro ponto em que evoluiu muito), 3,6 na mid range (o que é uma das vinte maiores marcas da liga, e ele tem um aproveitamento de 41,6% – péssimo), e 2,4 arremessos de 3 do drible (acertando medíocres 33,2%).
Ainda que ele seja um bom finalizador perto da cesta, ele não tem volume muito grande lá e não é um jump shooter do drible bom o bastante para compensar isso. Porém, é mais uma questão para que ele seja capaz de ser um criador de nível All Star, é claro. Suas habilidades hoje são boas o bastante para que ele seja um bom criador secundário (ou terciário, idealmente). Vassell é um jogador de eficiência percentil 70% em pick and rolls e 60% em isolation – marcas que são boas, mas não o suficiente para uma força ofensiva central.
Outra questão (e bastante ligada a sua incapacidade de chegar no aro) é sua dificuldade em cavar faltas – bater apenas três lances livres é muito pouco para um jogador que arremessa mais de 15 vezes por jogo, o que prejudica bastante sua eficiência.
De fato, Devin se sai bem melhor como peça complementar no ataque – o ala é um jogador de percentil 86% finalizando na transição e chuta quase 40% de 3 do catch and shoot em volume não altíssimo, mas que também não é pouco. Além disso, o #24 chuta 37% de 3 com alguma contestação e 34,6% quando bem contestado – marcas bem altas e que mostram um jogador que é pouco sensível à marcação quando arremessa, uma característica bastante valiosa.
Os números de impacto concordam que Vassell é um jogador positivo, o que nesse time é bastante coisa – além de Devin e Wemby, só existe mais um jogador no Spurs que é considerado acima da média (Tre Jones – mais sobre ele em breve). Ele é colocado como um jogador percentil 84% no ataque (não uma estrela, mas um bom titular), e percentil 72% na defesa.
A defesa é um tópico polêmico sobre Vassell – o ala era considerado um excelente prospecto defensivo ao chegar na NBA, mas não alcançou ainda esse nível. Entretanto, ele é de fato um jogador positivo – não só no sentido de métricas de impacto, mas também ao vermos seus números de defesa de isolation e pick and roll (onde está acima do percentil 80%). Curiosamente, em defesa off ball (marcando spot ups, por exemplo) seus números são bem ruins, mas existe uma variância e aleatoriedade muito grande ao avaliar esses dados, de modo que é difícil usá-los para chegar em alguma conclusão.
Em geral, o Spurs não joga melhor nos minutos exclusivamente com Vassell em quadra. O Net Rating com e sem o ala é muito semelhante. Mas quando observamos a diferença nos minutos com Wemby e Vassell em quadra versus com Wemby e sem Vassell, há um padrão muito interessante: Nos minutos do francês sem o SG, o Spurs perde cada 100 posses de bola por quase 10 pontos. Quando Victor está em quadra ao lado de Vassell, o Spurs vence por 2 a cada 100 posses.
Isso apoia a teoria de que Devin não é alguém que torna um time bom por si só, mas é sem dúvidas alguém que, com criação secundária, bom arremesso de 3 e defesa acima da média, é capaz de elevar um time que já possua um jogador ofensivo principal. Caso Wemby se torne de fato tudo que tem mostrado potencial para ser, o #24 tem tudo para ajudar muito San Antonio nos próximos anos.
Jeremy Sochan
Jeremy Sochan tem potencial de ser um jogador relevante, isso é inegável. Não é fácil achar jogadores com real tamanho de forward, excelente atleticismo, versatilidade para marcar múltiplas posições, bom passe e capacidade de driblar. Ele é muito jovem e teve bons flashes. Dito isso, hoje ele ainda não é um bom jogador. E ele definitivamente NÃO É UM ARMADOR.
Não vou me estender muito sobre o experimento point Sochan, simplesmente porque eu detestei a ideia desde o começo e nunca enxerguei essa capacidade no FORWARD. Mesmo em 2022/2023, sua razão de assists para turnovers não foi lá grandes coisas, assim como seu volume passando a bola, e ele foi extremamente ineficiente conduzindo pick and rolls – para mim, nada sobre ele indicava potencial on ball. Existe uma diferença gigantesca entre ser um bom passador para um forward e ser um passador bom o bastante para ser um condutor de bola central (e isso sem falar nas outras habilidades necessárias para ser um bom armador). Nos minutos com Sochan em quadra e sem Tre Jones ou Blake Wesley, o Spurs teve ORTG de 103, uma marca que é TENEBROSA e muito abaixo mesmo dos piores ataques da NBA nos últimos anos.
É claro que esse experimento prejudicou seu desenvolvimento em outras facetas e fez com que seu jogo não tivesse sido otimizado no começo dessa temporada, algo que sem dúvidas afetou seus números. Vamos analisá-los.
A defesa é onde o polonês mais mostrou potencial – Sochan foi um defensor de isolação acima da média da liga (percentil 73%). Ainda que seus números sejam apenas medianos marcando pick and roll ou post up, o polonês conseguiu números decentes marcando nomes como Luka Doncic (56.5% de TS% cedido em 43 arremessos para Luka, além de oito turnovers forçados), Demar DeRozan, SGA, Anthony Edwards e DeAaron Fox – todos eles tiveram desempenho abaixo do seu normal marcados por Jeremy. De fato, ele tem muito potencial como um “stopper” para estrelas adversárias, um papel defensivo muito valioso (não é o único papel relevante, ou mesmo o mais importante para uma boa defesa, ao contrário do que vejo muita gente falando – porém isso é assunto tangente que não vem ao caso).
Métricas de impacto o colocam como um defensor levemente positivo – não é um jogador de grande impacto defensivo ainda. Trata-se mais de uma peça com upside, excelentes flashes e bons fundamentos específicos do que um defensor de elite no momento. Isso é completamente normal para um jogador em sua temporada de 20 anos e não é nem um pouco preocupante. Sochan tem tudo para ser um grande defensor por muitos anos.
Já o ataque…
Bom, eu já falei bastante do suposto point Sochan, e é claro que esse período prejudica suas métricas, mas não é só isso que me preocupa. Além de ser terrível on ball (está entre os piores 20% da liga em pick and roll, isolation e post up), ele não é um bom roll man (percentil 48%), não é um bom finalizador no aro (61% é TERRÍVEL para um jogador de sua altura – Tre Jones, com menos de 1m90, é um finalizador CONSIDERAVELMENTE melhor), não é exatamente um reboteiro ofensivo de destaque, não tem capacidade na floater range (37%, péssimo), nem é um bom arremessador, seja na mid range (27% de mid range chega a ser cômico, mas o volume também é baixo), ou de 3 pontos (31% above the break e 32% na zona morta. Mesmo quando totalmente sem marcação, o polonês chuta abaixo de 33%).
Ainda que o período point Sochan com certeza afete esses números, todos esses pontos fracos também estavam presentes no seu ano de novato, o que é preocupante. O teto de Jeremy sempre foi visto como um jogador que na defesa fosse capaz de ser um stopper e de marcar as 5 posições, o que acho possível, e que ofensivamente fosse um distribuidor no short roll/conector, também sendo capaz de finalizar na cesta e arremessar de 3 em nível decente, o que acho extremamente improvável. Para esse papel do short roll enquanto passador, ele até mostra algum potencial, mas nada nos números indica uma capacidade de Sochan finalizar na cesta ou arremessar bem de 3 – sem isso, mesmo seu impacto distribuindo o jogo é comprometido.
No geral, Sochan é um dos pontuadores menos eficientes da liga (considerando volume e eficiência) e um jogador ofensivo muito negativo (EPM de -2.1, marca no percentil 36%), o que o coloca como um jogador negativo no total. Hoje ele ainda seria alguém complicado de manter em quadra em playoffs, simplesmente porque ele não ameaça a defesa adversária de forma alguma e pode ser deixado completamente livre sem muitas consequências.
Caso ele não melhore como um jogador perto do garrafão, só vejo um caminho para ele ser uma peça de nível titular em um bom time: desenvolver um arremesso no mínimo decente da zona morta (pense no PJ Tucker em seu auge em Houston, ou mesmo Bruce Bowen no Spurs). Eram jogadores extremamente limitados no ataque, que não participavam muito de fato das ações ofensivas, mas dignos o bastante arremessando para serem ao menos marcados na linha de 3 (e puniam quem os deixasse livres) e agregavam muito valor na defesa. Apesar de sua forma nada ortodoxa, Jeremy é um batedor relativamente bom de lances livres (77%), então talvez consiga desenvolver uma bola de 3 digna (da zona morta, quando parado e livre) e se torne um bom titular para quando o Spurs for de fato uma equipe competitiva.
Essas comparações e esse papel podem não ser empolgantes, mas são importantes (e bastante necessários) para bons times – e eu de fato acho realista que Sochan se torne um desses jogadores. Sonhar com um jogador realmente two way, um all star, ou mesmo um atleta nível Aaron Gordon eu acho muito improvável (mas não impossível, ele acabou de completar 21 anos).
Não acho Sochan uma peça tão chave e de upside (realista!) tão alto assim como o jogador que Devin Vassell já é, por exemplo, mas ele está longe de ser um fracasso – ao que tudo indica, pode sim ser um jogador de impacto por muitos anos, caso siga no bom caminho defensivo e ache alguma forma de ser um jogador viável ofensivamente. E DESDE QUE NÃO SEJA USADO DE ARMADOR.
Tre Jones
Tre Jones é um jogador interessante. O armador é jovem e é um dos melhores jogadores do time (em termos de impacto em quadra, provavelmente o terceiro melhor), mas ainda assim não é enxergado como uma peça central para o futuro da franquia, especialmente pelos torcedores – e existem motivos para isso. Ainda que Jones tenha seus pontos fortes, é um jogador limitado e que não aparenta ter muita margem de evolução, principalmente por causa de sua altura e da falta de um arremesso eficiente.
A falta de qualidade de arremesso é especialmente grave para um armador, pois faz com que, naturalmente, ele tenha de passar mais tempo com a bola na mão – afinal, ele pode simplesmente ser deixado livre quando está sem a bola, o que compromete o ataque para os seus companheiros de time. Dar a bola para Tre implica em não permitir que outro jogador a conduza e crie as jogadas – no elenco atual do Spurs, dada a falta de criadores, isso não é um problema, mas Jones simplesmente não é bom o bastante para ser um criador principal de um time de alto nível.
Um armador como ele acaba sendo, dessa forma, confinado ao banco de reservas, onde de fato faz sentido que seja a melhor opção de criador de jogadas de uma (boa) equipe. A titularidade de Tre acaba, então, por ser algo temporário e sem muita margem para se tornar algo viável a longo prazo, e esse fator explica a necessidade vista por analistas, torcedores e pela própria franquia de fazer um upgrade na posição de PG.
Entretanto, eu não concordo com a visão de que a titularidade de Jones é um problema hoje e que seja algo que tem que ser resolvido urgentemente com soluções imediatas. Existem pontos de carências muito mais graves e que prejudicam muito mais o time no curto prazo (mais sobre isso na sequência da série).
Tre é um bom jogador, ainda que limitado – não é coincidência o Spurs ter melhorado desde que ele assumiu a titularidade, jogando ao longo de toda a temporada muito melhor com ele em quadra (claro, seu reserva ser Blake Wesley certamente ajuda nisso). O ataque de San Antonio teve ORTG de 113,7 nos minutos com Jones em quadra (seria o número 23 da liga), contra um ORTG de 106,9 em sua ausência (seria com sobras a pior marca da liga). Esses números resumem bem Tre – não é que ele transforme o ataque do Spurs em algo de fato bom, mas tudo é muito pior quando ele não está em quadra.
Há, além disso, um outro efeito a ser considerado – a presença de Victor Wembanyama. Nos minutos com a dupla em quadra, o desempenho ofensivo de San Antonio sobre para 115,4 (marca que seria um ataque mediano na liga). Se considerarmos apenas os minutos com Tre, Vassell e Wemby juntos, o número sobe um pouco mais, para 117, marca que é bastante sólida, ainda que não espetacular. Tre Jones é parte importante das melhores unidades do time atualmente, e isso se deve a alguns fatores.
O mais notório é sua capacidade de tomar boas decisões. Sua razão de 4,12 assistências por turnover é espetacular, uma das dez maiores marcas entre armadores na liga. Seu volume de mais de seis assistências por jogo também é considerável.
Além disso, nesta temporada Jones adicionou uma outra ferramenta relevante no seu arsenal – ele se tornou um ótimo finalizador no aro, algo nada usual pro seu tamanho. Jones chutou quase 70% no aro, marca semelhante à de vários pivôs. Ainda que seu volume não seja tão alto (são só três tentativas por jogo), é um aproveitamento muito alto, e mesmo seus números finalizando contestado são ótimos para um guard. Para sua usagem, ele apresenta uma boa capacidade de chegar ao aro – são três tentativas na área restrita, contra 1,9 na floater range.
Isso torna Jones em uma ameaça até razoável com a bola nas mãos – o armador foi percentil 78% da liga em eficiência pontuando a partir de pick and rolls, ainda que em um volume não tão alto assim.
Tre, porém, não foi bem pontuando na transição, onde ficou apenas no percentil 25% de eficiência. Além, é claro, de sua maior fraqueza – o arremesso. Jones evoluiu nesse aspecto, tendo aumentado sua eficiência de 3 pontos de 28,5% para 33,5%. Porém, além de essa marca ainda ser ruim, seu volume de tentativas é muito baixo, o que faz com que o jogador não seja uma ameaça real. Os únicos pontos encorajadores quanto a seu arremesso são o digno aproveitamento de catch & shoot (36,7%) e da zona morta (37,2%) – novamente, o volume é baixo demais para que seja algo com impacto real. Caso isso se mantenha com mais tentativas, isso pode torná-lo um jogador ao menos útil quando não está com a bola.
Defensivamente, é claro que ele é um alvo em defesa individual/on-ball – simplesmente por ser baixo e não possuir grande envergadura. Entretanto, Jones apresenta suas virtudes em defesa coletiva, especialmente por sua inteligência e disposição, sendo visto como um defensor positivo por métricas avançadas. Em uma situação de playoffs, talvez fosse mais difícil dar muitos minutos para Tre, já que ele é possível de ser caçado como mismatch. Por outro lado, em um contexto de temporada regular, ele está longe de ser um problema defensivo.
No geral, Jones é um jogador sólido, que melhora o Spurs ao estar em quadra. Ele não vai ser a solução para armador titular a longo prazo, mas, como band-aid, é bastante útil e não compromete o time. Em uma situação de time cheio de pontos fracos e questões sérias, sua titularidade não me preocupa. Claro, caso boas oportunidades apareçam para melhorar a posição (seja via draft, ou trazendo um veterano já pronto na FA ou por troca), elas devem ser aproveitadas, mas não existe toda essa urgência.
Keldon Johnson
Ao falar sobre os 4 jogadores anteriores, eu fui até bastante positivo – acredito que Wemby, Vassell, Sochan e Tre, cada um em seu nível e por seus motivos, são atletas que agregam valor real para o Spurs e têm capacidades ou potencial interessante. Daqui para a frente, o tom muda um pouco. San Antonio venceu 22 jogos e perdeu 60. Não é possível um time perder tanto e ganhar tão pouco com todo mundo cumprindo bem seu papel. Existem motivos para a franquia perder quase o triplo que ganhou, e esses motivos são incapacidades de jogadores (ou questões associadas à comissão técnica). Para mim, não faz sentido ser majoritariamente elogioso ao avaliar um time que, baseado em todos os números, foi péssimo. A conta simplesmente não fecha.
Os jogadores neste texto estão ordenados por quem eu acho mais importante para o Spurs no futuro. Hoje, eu não acho mais que Keldon seja uma peça tão relevante assim.
Sim, Johnson tem talento e habilidades interessantes, mas seu conjunto de características simplesmente não é um bom fit para a NBA atual. Em seu caso, vale começar pela defesa.
Seus números defensivos são consideravelmente negativos – seja em métricas de impacto, on-off (a defesa do Spurs nos minutos com Keldon é completamente vergonhosa), ou avaliando defesa de jogadas específicas (seja em ISO, pick and roll ou handoff, seus números são abaixo da média). Não é como se ele fosse um dos piores defensores da liga, mas é claramente abaixo da média no quesito.
Ofensivamente, seu papel é obtuso – Keldon não é um jogador on ball (apesar de que seus números comandando pick and roll são até interessantes, em seu volume limitado), não é um grande passador, e seus números finalizando no aro são bem ruins – seu aproveitamento é de apenas 60% na área restrita (apesar que sua facilidade de chegar até o aro é de fato impressionante e tem seu valor por si só). Além disso, o ala não tem touch algum na floater range (42%).
Para um jogador sem capacidade de ser um grande finalizador e que não é um atleta on ball em usagem significativa, resta o papel de ser um arremessador no ataque. E ainda que não seja um jogador irrelevante nesse sentido, Johnson não é exatamente um positivo nesse campo. Seu aproveitamento de 3 pontos é de 34,6%, número abaixo da média da liga, e ele é curiosamente pior da zona morta (31,6%) que fora dela (36,1%). Além disso, ele é tenebroso arremessando do drible (28% – basicamente nunca deveria tentar pull ups), enquanto tem um aproveitamento decente de catch and shoot (36%). Se filtrarmos apenas arremessos 100% sem marcação, seu aproveitamento é de 37%.
Keldinho não é um chutador ruim ou desprezível – ele é bom o bastante para ser marcado e impedir defesas de o ignorarem, o que tem seu valor. Porém, ele está longe de ter o volume ou aproveitamento altos o bastante para realmente acrescentar muito valor com seu arremesso – ele é basicamente um chutador nota 6.
Um chutador nota 6 consegue ficar em quadra sem atrapalhar o time no ataque, mesmo que não faça mais tanta coisa bem nesse lado da quadra. Porém, para que seja de fato um jogador valioso, alguém nesse perfil precisa ser um defensor ao menos positivo – e Johnson está longe disso. Hoje ele não é um titular de um bom time na NBA (e nem tem sido em um time ruim), é um ala reserva que consegue fazer um pouco com a bola nas mãos e não atrapalhar o espaçamento, enquanto compromete o time na defesa.
Talvez seja hora de negociar Keldon – por seu volume de pontos e momentos interessantes na carreira, ele parece ter algum valor no mercado. Não acredito que ele seja peça tão importante para o futuro do Spurs – seu perfil de jogador não é tão difícil de substituir.
Por outro lado, para que ele se torne mais importante, seria necessário que evoluísse em algum aspecto – seja se tornando um defensor ao menos decente, desenvolvendo um jogo on-ball (coisa que ele já apresentou alguns flashes), ou se tornando um chutador de realmente alto nível. Aí sim, veria ele como um titular de NBA.
Julian Champagnie
Apesar de todos os problemas de Keldon Johnson que acabei de citar, eu não consigo entender a ideia de Champagnie titular. Em minha visão, Champa é um jogador genérico de NBA, extremamente barato e fácil de encontrar um substituto do mesmo nível. Mas mesmo ele apresenta seus talentos.
Primeiramente, ele é um defensor (muito pouco) positivo – métricas de impacto o colocam (bem pouco) acima da média da liga na defesa, e seus números defendendo mano a mano são bons. Entretanto, os defendendo pick and roll são bem ruins. Em geral, colocá-lo em quadra não te prejudica na defesa, o que, considerando as outras peças do elenco, já é alguma coisa.
Ofensivamente, ele é um chutador genérico, tendo tido 36,5% de aproveitamento de 3 em volume relativamente baixo (mas decente para um jogador com papel ofensivo tão pequeno como o seu). Ele basicamente só chuta parado e do catch and shoot, tendo aproveitamento similar fora e dentro da zona morta. A maioria de seus chutes é completamente livre, nos quais converte 38%. O restante é com leve contestação, nos quais acerta 32,5%. Resumidamente, ele não compromete o espaçamento, e só – seu volume e números perto da cesta ou executando outras jogadas não são nada notórios).
No geral, é um jogador cuja maior qualidade é não atrapalhar o time. Dá para mantê-lo parado nas alas ou na zona morta sem prejudicar o espaçamento, e dá para mantê-lo em quadra na defesa sem prejudicar o desempenho. Mesmo para um time ruim, colocar um jogador assim de titular é demais. Porém, manter um atleta nesse perfil na rotação com uns 15 minutos não seria algo tão problemático para um time no estágio em que estamos. Idealmente, porém, trata-se de um 11º ou 12º jogador do elenco, que pode atuar em caso de lesões ou em partidas esporádicas. Julian não tira valor, mas também não traz – e para montar um time bom na NBA, isso não é o bastante.
Zach Collins
A temporada 2022/2023 de Zach Collins foi muito promissora, com o pivô mostrando capacidades interessantes – um arremesso de 3 bem eficiente para um big (37%, ainda que em volume bem baixo – 2,3 tentativas por partida), uma capacidade defensiva positiva e um excelente touch na floater range. Claro, não se projetava nenhuma ascensão ao estrelato, mas Collins parecia um big titular de nível razoável, recebendo uma extensão contratual em valor compatível com isso (34M/2 anos) – ainda que San Antonio tenha draftado Victor Wembanyama para ser o principal jogador do time.
A ideia era que Collins e Wemby fossem capazes de co-habitar a quadra, visto que ambos em teoria tem um arremesso razoável, que Victor é capaz de marcar perímetro e que o francês ainda não teria porte físico para ser um pivô principal.
Mas tudo deu errado.
Collins foi, em 2023/2024, um arremessador ruim (32% de 3 em volume semelhante ao da temporada anterior), e seu aproveitamento na floater range caiu de 52% para 46% (não é um número em si ruim, mas a queda é bem significativa), além de nunca ter sido um grande finalizador perto da cesta. Em termos de papel ofensivo, isso limita suas utilizações – sua falta de aproveitamento de 3 pontos dificulta que ele fique no perímetro, e sua incapacidade de finalização dificulta que seja usado no pick and roll. Desse modo, Zach tentou uma das 20 maiores taxas de post up da liga (ponderando por minutos jogados), mas sua eficiência não foi chamativa.
Defensivamente, a situação é ainda pior – Collins foi um ponto fraco gritante para o Spurs, estando no percentil 30% de defesa em EPM (consideravelmente negativo), sendo um péssimo defensor de pick and roll (percentil 16%!!!!) e sendo ruim protegendo o aro (63% de FG cedido para adversários no aro, marca bem abaixo da média).
Mas pior que isso tudo no vácuo é a consequente total incapacidade de jogar junto de Wembanyama. O Spurs jogando com o francês mas sem Zach teve net rating médio de -1, enquanto com os dois juntos a marca foi de -11,3. Nos dois lados da quadra, San Antonio cai muito quando Wembanyama está junto do americano, mas o impacto no ataque é especialmente notório. O ORTG do Spurs cai de 112,5 para 105 – este segundo número é completamente impraticável para um time da NBA em 2024. 100% inviável.
A decisão de tirar todos os minutos juntos da dupla foi completamente acertada. Não só pelas falhas de Collins, mas também porque ele dificulta que as forças de Wemby se manifestem – nos dois lados da quadra, o ideal é que o francês fique perto da cesta a maior quantidade de tempo possível, e Zach rouba esse espaço. Mas não é como se o americano tivesse tido também muito sucesso como big reserva – o net rating do time texano nesses minutos foi de terríveis -13 pontos por 100 posses.
Collins seria impossível de manter em quadra em uma série de playoffs, e hoje, mesmo na temporada regular, é um jogador negativo. Sua extensão de contrato se mostrou um erro considerável – não faz o menor sentido pagar 17M por ano por um jogador que é exclusivamente reserva do seu franchise player (entendo que a ideia no momento da assinatura era que os dois fossem jogar juntos, mas vendo em retrospecto, a decisão foi terrível). Infelizmente, imagino que o pivô não tenha valor no mercado de trocas, e não acho que ainda faça sentido trocá-lo por valor negativo. Resta torcer para que ele se recupere e mostre ser capaz de ao menos ser um reserva decente na próxima temporada, e aí tentar trocá-lo na offseason de 2025.
Cedi Osman
Cedi Osman é um jogador profissional de basquete. Isso é algo para esse time do Spurs com tantos atletas crus e projetos de qualidade duvidosa. Entretanto, ele não é um jogador de impacto para a NBA.
Osman é um chutador preciso em volume limitado (3,1 tentativas por jogo) e um passador decente para um ala – isso já faz com ele que ao menos acrescente algum valor, mas não é tanto valor assim se formos olhar a fundo.
Seu chute é extremamente preciso da zona morta (46%), mas o turco chuta apenas 35% fora dela, e a maioria absoluta de suas tentativas é parado e totalmente livre (nessa última modalidade, acerta 41%). Ainda que seus números sejam o suficiente para que ele traga espaçamento adequado, isso não traz tanto impacto assim (por conta do baixo volume).
Claro, um chutador confiável da zona morta tem seu valor na NBA, mas Cedi tem um problema sério – a defesa. Osman foi um defensor terrível em 2023/2024, estando no percentil 15% da liga em EPM defensivo, com o Spurs cedendo 121 de DRTG quando o ala está em quadra. E mesmo se filtrarmos minutos com Wemby em quadra (ou seja, não são os minutos que o turco joga com a tenebrosa segunda unidade de San Antonio), a defesa piora muito quando ele entra.
Isso inviabiliza que ele tenha um bom impacto em quadra e faz com que o ideal seja que o atleta tenha minutos limitados. É claro que, caso renove com o Spurs, ele tem utilidade – em uma equipe tão desprovida de talento, alguém que consiga arremessar em nível competente ajuda, mas eu não acho que ele vá ser um contribuinte relevante. Idealmente ele é um décimo jogador de rotação, ou, em um real contender, uma opção mais no fundo do banco. Mas ter Cedi como uma peça jogando 15 minutos por jogo está longe de ser um grave problema.
Malaki Branham
Eu não quero escrever sobre Malaki Branham. Todo mundo que acompanha o Bandeja de 3 ou minhas opiniões sobre o Spurs sabe que eu acho ele terrível, potencialmente o pior jogador da NBA. Então vou ser um pouco mais sucinto nos números em si do guard.
Branham, em métricas de impacto, foi o pior jogador não novato (com minutos relevantes) da liga. Está no percentil 26% ofensivamente (terrível e já indica um jogador de não rotação) e 3% defensivamente (indica um jogador que não devia estar na NBA). Malaki tem 52,6% de TS%, marca péssima atualmente, e acerta só 34% das bolas de 3 pontos (não é terrível, mas para um guard é bem negativo).
Ele tem bastante dificuldade de chegar no aro (tenta basicamente o mesmo tanto de arremessos na floater range que na área restrita). Seu aproveitamento na floater range e na mid range são péssimos, bem como seu aproveitamento do drible e conduzindo pick and roll. Além disso, não é um grande passador.
É díficil encontrar algo em que ele é bom e um papel para ele em qualquer time, mesmo desconsiderando a questão defensiva e falando só de ataque. Os únicos pontos positivos são seu aproveitamento decente de 3 da zona morta (38%) e quando totalmente livre (37%). Deixar ele simplesmente parado em um dos corners não atrapalha o time, mas também não ajuda de fato.
Obviamente, um jogador que não ajuda no ataque e traz gigantescos problemas defensivos tem impacto muito negativo no desempenho do time – nos minutos sem Malaki, o net rating do Spurs é -3,6 (ruim, mas respeitável – semelhante ao do Nets). Nos minutos com Branham, o número cai para -10,6 (nível Charlotte/Detroit). Claro que existem outros fatores nisso, mas Branham é parte relevante desse impacto.
Hoje, Malaki não tem nível de NBA, quanto mais de rotação – de verdade, acredito que não tenha muito upside ou projeção de melhora. Um guard horrível com a bola na mão e com questões tenebrosas na defesa não tem espaço. Só vejo ele sendo parte de um time minimamente decente se melhorar muito em alguma dessas duas coisas. Para mim, não existe a menor condição de Branham continuar na rotação ano que vem.
Blake Wesley
Não que Malaki Branham tenha sido promissor no ano de novato, mas Blake Wesley tinha sido ainda pior. Seus números chegavam a ser cômicos. Dito isso, ele evoluiu – não que fosse difícil.
Blake ainda é bem ruim, estando no percentil 18% de ataque (péssimo) e 35% de defesa (ruim, mas não terrível). O Spurs é muito pior com Wesley em quadra, e ele não apresenta nenhuma capacidade de chute de longa distância. Ele também foi consideravelmente abaixo da média conduzindo pick and rolls.
Entretanto, existem ao menos alguns sinais de upside quanto a Wesley. Além do seu ferramental físico e a demonstração de evolução (mesmo que ele continue sendo muito ruim, ele foi melhor que em 2022/2023), o guard demonstrou uma excelente facilidade de chegar até o aro (mais que O TRIPLO de tentativas perto da cesta que na floater range), e dessa vez teve um aproveitamento ao menos factível para um guard atacando o aro (59% não é bom, mas não é tenebroso como foram seus 44% em 2022/2023). Wesley é extremamente atlético e explosivo, mostrando isso em quadra. Vale destacar também que sua razão de 2,7 assists para 0,9 turnovers é surpreendentemente boa.
Não tem muito o que falar sobre Blake. Ele é um jogador ruim, sem arremesso e que atrapalha dos dois lados da quadra – mas ele ao menos tem uma facilidade muito interessante de chegar ao aro e não é um passador desprezível, o que, junto com sua idade, traz alguma esperança de que um dia ele vire um jogador decente de rotação. Eu não contaria com isso, e sem dúvida alguma traria uma outra opção de armador para o elenco para que Wesley não esteja na rotação inicial. Mas ainda acho que faz sentido mantê-lo como projeto de longo prazo, dando chances em casos de lesões ou supondo que ele se destaque em treinos.
Resumidamente: 99% bagre, mas aquele 1%…
Dominick Barlow
Dominick Barlow só está tão baixo no texto porque ele é um free agent e porque jogou pouco. Eu acho ele um jogador mais relevante que Blake, Malaki e Osman. Dom de fato é um jogador intrigante em alguns aspectos.
Para começar, o Spurs jogou bem com ele em quadra, o que não dá para dizer de nenhum outro reserva da equipe. Suas métricas de impacto o colocam como jogador percentil 44% – não empolga ninguém, mas nesse time é alguma coisa.
Além disso, teve bons números como roll man (percentil 70%) e na defesa de pick and roll. Por outro lado, seus números defendendo o aro são ruins (semelhantes aos de Collins), e sua finalização perto da cesta não é boa.
No geral, não tem nada muito especial sobre Barlow, e ele é um jogador bem comum e fácil de substituir – não seria nenhum problema caso não renovasse. Mas ao menos ele consegue ser um roll man digno e não ser um alvo grande na defesa, o que ajuda um pouco o time. Acho que vale apostar em um contrato barato, considerando que ele pode se tornar uma opção digna e de bom custo benefício para big reserva.
Outros Jogadores
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Sandro Mamukelashvili teve alguns números interessantes, mas como praticamente só jogou durante a garbage season, não acho que queiram dizer muita coisa;
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O mesmo pode-se dizer sobre Devonte Graham, que quase certamente será cortado na offseason e não deve estar nos planos da franquia;
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Charles Bassey pode ser uma opção decente de big reserva, tendo mostrado algumas capacidades defensivas, mas tem dificuldades demais para ficar saudável;
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Sidy Cissoko tem algum upside e qualidades defensivas, mas não jogou o bastante para ser de fato analisado;
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Os jogadores Two Way mal jogaram, e quando jogaram não fizeram nada especial.
* O Bandeja de 3 é um grupo de produtores de conteúdo sobre basquete. Conheça no Twitter e no Instagram.
Review da temporada 2023/2024 – Visão geral e Victor Wembanyama
Por Matheus Gonzaga, do Bandeja de 3*
Parecer geral
O recorde do San Antonio Spurs na temporada 2023/2024 foi o mesmo da temporada 2022/2023 – 22 vitórias e 60 derrotas. Porém, o parecer ao fim dos 82 jogos não poderia ser mais diferente. Se no ano passado (ao menos até o dia da loteria do Draft) as ideias de conseguir um rumo bem definido para a franquia, ter um plano concreto para retornar à competitividade e encontrar um nome para ser o principal jogador do time eram ainda dúvidas, hoje isso tudo está resolvido – graças a Victor Wembanyama. Ainda que os resultados em quadra não tenham vindo de imediato, o mais difícil já está feito – encontramos um jogador fantástico capaz de trazer San Antonio de novo à briga na NBA.
Dito isso, existe uma infinidade de problemas a serem resolvidos: elenco fraco, falta de evolução de alguns jogadores, decisões técnicas questionáveis… É claro que existe um motivo para a franquia texana ter vencido apenas 22 partidas. Para além de Wemby, não há tanta coisa que realmente funcione bem na equipe ou muitos nomes confiáveis pensando no futuro do time. Nesta série, vamos discutir os principais aspectos do jogo do alvinegro e de cada um de seus jogadores, destacando seus pontos fortes e fracos e como podem se encaixar no futuro do Spurs. Ao fim, também trarei minha visão sobre o que podemos esperar do time no draft, na free agency e no mercado de trocas e quais movimentos acredito que façam ou não sentido para San Antonio.
O time
Apesar do mesmo recorde, em termos competitivos o Spurs de 2023/2024 foi bastante superior ao de 2022/2023. Se na temporada anterior tivemos um net rating (saldo de pontos por 100 posses) de -9,9 (pior da liga, com sobras), neste ano o número foi de -6.3 (“apenas” o sétimo pior). O motivo para essa melhora foi a evolução defensiva da equipe – deste lado da quadra, o desempenho subiu da pior marca da liga (120,9 DRTG) para a 21ª posição (116,7 DRTG). Ofensivamente, na realidade, a equipe piorou – o ORTG foi de 110,9 em 2022/2023 para 110,4 em 2023/2024. O motivo do mesmo recorde é o desempenho em jogos apertados – na temporada anterior, o time de Popovich venceu 11 dos 28 jogos decididos por cinco pontos ou menos (aproximadamente 40% de aproveitamento). Neste último ano, o recorde foi de 13 vitórias em 41 jogos “clutch” (30% de aproveitamento). San Antonio competiu até o fim em metade dos jogos da temporada, mas deixou a desejar nesses momentos.
Agora, vamos destrinchar os principais aspectos do jogo do Spurs em cada um dos lados da quadra:
O ataque
O ataque de San Antonio foi tenebroso em média, é claro. Mas sua qualidade não foi constante ao longo da temporada – houveram oscilações e tendências relevantes que o gráfico abaixo ajuda a entender:

A equipe se tornou muito melhor durante a temporada do que era no começo. E isso está muito relacionado às mudanças no time. Até meados de dezembro, Jeremy Sochan era o suposto armador do time, em um experimento que se provou desastroso. Daí para frente, a equipe foi melhorando e conseguindo resultados melhores com a mudança de Victor Wembanyama para a posição de pivô. De fevereiro para frente, porém, o ataque voltou a cair, mas muito longe de ser em um nível tão ruim como era no começo da temporada.
O Spurs, no todo, foi tenebroso ofensivamente (26º ORTG) e em todos os quatro fatores ofensivos (eFG%, TOV%, ORB%, FTRate), estando entre as posições 23 e 26 da liga em cada um deles. Porém, se pegarmos os dados a partir de 4 de janeiro (quando o Tre Jones se tornou titular e Zach Collins já estava no banco), os números sobem para o 23º ORTG (111,8) com a 19ª eFG%, 15ª ORB% e 20ª FTR, marcas que ainda que ruins, são consideravelmente melhores que as do período anterior. Já a TOV% foi ainda pior, se tornando a número 27 da liga.
Uma virtude ofensiva do Spurs foi o perfil de arremessos escolhido – utilizando os dados de 4 de janeiro para a frente, San Antonio teve a terceira maior eFG% esperada da NBA (basicamente, qual seria a expectativa de eficiência ofensiva se a equipe chutasse um aproveitamento médio de cada local da quadra). Isso é um sinal de que o alvinegro está gerando arremesso nos locais mais valiosos: nesse período, fomos o segundo time que mais gerou arremessos no aro (a região mais valiosa da quadra – 36% dos arremessos tentados foram nessa área), e o segundo que menos arremessou de meia distância (a região menos valiosa). Especialmente na meia distância longa, apenas 6,4% dos arremessos foram dados dessa distância.
A eficiência porém, foi muito ruim – ainda que o Spurs gere muitos arremessos no aro adversário, temos apenas o 21º melhor aproveitamento na região. Na bola de 3, fundamento em que o volume é mediano, o aproveitamento está entre os 5 piores da liga. Os arremessos gerados em geral não são ruins – mas os jogadores não conseguem convertê-los.
Um outro ponto relevante é a capacidade do time em jogar na transição – cerca de 21,1% dos arremessos dados pela equipe são nessa situação (onde o ataque tende a ser mais eficiente). Isso é crucial, especialmente quando os jogadores não são capazes de converter arremessos complicados. Ainda que a eficiência na transição do time seja apenas a 19ª da liga, essas jogadas adicionam muito valor (ORTG do Spurs nelas é de 126,1, contra 95,1 na meia quadra).
Em termos de jogadas executadas, SAS é um dos times que mais finaliza pick and rolls com o roll/pop man, o 7º que mais arremessa de spot ups e que mais usa handoff e o sexto que mais usa cortes para a cesta. Por outro lado, trata-se do time que menos usa de isolação em toda a liga, e de um dos que menos usa ações offscreen (o que faz sentido, considerando a falta de arremessadores competentes).
Além disso, é um dos times que mais utiliza do cotovelo do garrafão como hub para passes, o sétimo time que mais passa a bola e o time que percorre a maior distância ofensivamente na NBA (em geral, um indício de muita movimentação sem bola). Por outro lado, é um dos times que menos tenta jump shots saindo do drible e o com o maior percentual de arremessos assistidos.
Todos esses números nos passam um perfil de uma equipe composta por jogadores incapazes de criar arremessos, que precisam de jogadas coletivas para gerar situações de vantagem – e o time até é decente fazendo isso. Entretanto, mesmo assim, os atletas são incapazes de converter esses arremessos criados.
A defesa

Defensivamente, a temporada do Spurs é uma história de evolução. A cada segmento da temporada, a defesa de San Antonio foi melhorando mais e mais. Se no começo do ano ela era ainda pior do que a terrível de 2022/2023, ela terminou com marcas excelentes, de um time defensivo realmente acima da média da NBA. Por mais que exista uma série de motivos que justifiquem essa evolução, o principal sem dúvida alguma é a mudança de posição de Victor Wembanyama para pivô – e o aumento de sua minutagem ampliou a escala dessa impacto.
Se pegarmos os números após essa mudança (08/12), o Spurs foi a 15ª melhor defesa da liga (exatamente o time mediano), tendo cedido o 17º menor EFG% para adversários, a 18ª taxa de rebotes ofensivos e a terceira menor taxa de lances livres – o time é excelente em não fazer faltas! Entretanto, a taxa de turnovers criada foi só a 25ª da liga.
A partir desse período, há também uma dificuldade de evitar que os adversários cheguem no aro – o Spurs cede a 6ª pior taxa de finalizações no aro na liga. Isso até é justificável nos minutos com Wemby, um protetor de aro espetacular, em quadra (no geral, o Spurs cede o 9º menor aproveitamento perto da cesta). Mas nos demais minutos, é suicídio. A ideia defensiva de San Antonio é não ceder bolas de 3 – e realmente, é um dos times que menos permite tentativas de 3 pontos dos adversários. Mas essa matemática não tem fechado muito bem – especialmente porque os adversários têm o sexto maior % de acerto de bolas de 3 fora da zona morta contra o time do Texas. Claro que parte disso é incompetência defensiva, mas, em geral, aproveitamento de 3 dos adversários está muito ligado à sorte.
Outro ponto interessante é a capacidade defensiva na transição – o Spurs tem a 11ª melhor eficiência defensiva quando os adversários estão em ataque de quadra inteira.
Em termos de defesa em lances específicos, o Spurs é um dos times que menos enfrenta jogadas de isolação (indicador de que é um time que evita muito trocar a marcação) e um dos que mais permite que adversários finalizem no pick and roll, seja com o ball handler ou o roll man (cedendo um aproveitamento bastante alto), além de ser terrível contra handoffs (isso pode indicar uma dificuldade dos jogadores de perímetro da equipe em navegar por corta-luzes). A equipe também é terrível enfrentando spot ups (algo que envolve sim o azar com jump shots, mas indica também falhas na rotação defensiva).
No geral, existe um certo azar defensivo da equipe, e, nos minutos de Wembanyama, o time tem jogado muito bem nesse lado da quadra (o esquema funciona nesses minutos). O problema principal é a falta de pessoal defensivo na segunda unidade, bem como alguns pontos fracos na defesa de perímetro no time titular.
O elenco
Nesta série, vamos destrinchar o elenco do Spurs, falando sobre cada jogador com minutos relevantes na temporada. Vamos, é claro, ser mais detalhistas na análise de Victor Wembanyama, por ser o jogador mais importante, e falar mais de nomes como Devin Vassell e Jeremy Sochan do que de Blake Wesley.
Devonte Graham e Sandro Mamukelashvili tiveram no total uma minutagem decente, mas como quase toda ela foi no fim da temporada, em que a maioria dos jogos é um garbage time estendido, não vou falar sobre eles.
Sem mais delongas, vamos às análises.
Victor Wembanyama
Não é preciso trazer dados ou fazer uma análise aprofundada para tirar conclusões sobre Victor Wembanyama – o francês é um talento geracional, com potencial de se tornar um dos maiores jogadores da história da liga. Já apresenta um impacto espetacular e é um astro na NBA. Qualquer um que entenda um pouco de basquete consegue ver isso. Porém, por meio de dados e uma análise mais aprofundada, conseguimos entender mais detalhes de como Wemby afeta o jogo, quais os pontos em que ele já é dominante e onde ele pode melhorar para alcançar seu teto.
Obviamente, seu maior impacto é na defesa, onde ele já é um dos melhores, se não o melhor, jogador da liga. O Spurs sofre 114,2 pontos por 100 posses com o francês em quadra (marca ligeiramente acima da eficiência defensiva média da liga), contra 119,4 em sua ausência (marca que seria a quinta pior defesa da NBA). Considerando apenas os minutos com Wemby jogando de pivô, a eficiência defensiva do Spurs é ainda melhor – 113,2 pontos cedidos por 100 posses, marca que seria uma das dez melhores da liga. Com todo esse impacto na defesa da equipe, métricas de impacto, como o EPM, o colocam altíssimo em seus rankings – o francês, por exemplo, esteve no top 10 em EPM defensivo na temporada.
Ainda que também apresente capacidade de defesa no perímetro (inclusive com a segunda maior marca de roubos de bola entre pivôs na temporada), Wembanyama tem como sua melhor característica defensiva a proteção de aro. Todos sabemos dos recordes de tocos, mas Victor, além disso, é um dos jogadores que mais contestou arremessos no aro na temporada (8,3 por jogo), cedendo aproveitamento de 53.6% para os adversários, marca absolutamente de elite (os únicos jogadores com volume semelhante de contestação que tiveram aproveitamentos cedidos melhores foram Rudy Gobert, Kristaps Porzingis e Chet Holmgren).
Em termos de jogadas defendidas, Wemby não foi um grande defensor no post ou mesmo na cobertura do pick and roll, mas suas marcas estão longe de ser ruins. Portanto, seu maior talento é de fato a rotação para contestar arremessos.
No outro lado da quadra, o desempenho do francês é menos impressionante, mas chega a ser ainda mais fascinante. Parte do que torna Wembanyama tão geracional é seu conjunto pouco usual de habilidades ofensivas – um jogador gigantesco que é capaz sim de ser uma ameaça absurda em ponte aérea e com certa habilidade no post, mas também um arremessador em desenvolvimento, um passador de bom nível e um potencial criador – com boa capacidade de driblar e infiltrar.
Em números, Wemby não foi lá muito eficiente pontuando – especialmente para um big (56,5 de TS%, uma marca levemente abaixo da média da NBA), e o Spurs não foi tão melhor assim com ele em quadra (111,2 de ORTG com Wemby x 109,8 sem – ambas marcas bem ruins). Mesmo considerando apenas seus minutos como pivô, ainda que haja uma melhora a eficiência ofensiva, continua ruim (112,7). Claro, isso diz mais sobre o elenco do Spurs que sobre Victor, mas mostra que ele não consegue sozinho elevar o ataque tal como consegue com a defesa. O EPM, que tenta isolar a responsabilidade de cada jogador no sucesso/fracasso do time, coloca Wemby como um jogador +1.0 ofensivamente, marca que indica um bom jogador nesse lado da quadra, mas não uma estrela.
Acho que essa é a melhor descrição para o jogador que Wemby é ofensivamente hoje – trata-se de um finalizador no aro de alto nível (70% de aproveitamento em volume relativamente alto – são quase seis tentativas por jogo), um roll man acima da média (mesmo considerando pick and pops conjuntamente), um bom (não ótimo) reboteiro ofensivo, uma arma letal na transição e um jogador bastante ativo cortando para a cesta.
Porém, no sistema do Spurs, Victor é a estrela do show, e ele faz muito mais que isso – algo que considero certo e importante para seu desenvolvimento. Mas ele não é tão bom (ainda) em várias dessas coisas: o novato comandou 2,5 pick and rolls por jogo (marca gigantesca pra um big), mas teve eficiência apenas no percentil 30% da liga, além de ter tido péssima eficiência no post. Além disso, foi horrível chutando de floater range e mid range, e, claro, tem um arremesso de 3 muito inconsistente.
A bola de 3 é um tópico de relevância à parte – seu volume foi alto, mas seus 32,5% de eficiência são ruins. Curiosamente, o francês chutou apenas 28% de situações de catch and shoot (teoricamente mais fácil), enquanto acertou 38% de suas tentativas do drible (em um volume considerável, de mais de duas tentativas por jogo). Em geral, contestação também não influenciou tanto no desempenho – o calouro chutou 34% livre e 32% levemente contestado (em poucas tentativas muito contestado, o aproveitamento foi de 27%). A capacidade de chutar 34% livre é já útil para um pivô como aspecto complementar de jogo. Mas no volume e dificuldade que o jovem astro mostra querer arremessar, sua habilidade tem que melhorar bastante.
Há também suas nuances enquanto passador – dar 3,9 assistências por jogo sendo um pivô é bastante coisa, mas seus 3,7 turnovers são demais. Wembanyama está muito longe de ser capaz de ser um point center ou um criador central para os companheiros atualmente.
No geral, no lado ofensivo, Wemby já é capaz de fazer muito bem todo o básico de um pivô na NBA, além de mostrar flashes de habilidades mais difíceis, especialmente em criação de arremesso (com seu bom aproveitamento em bolas de 3 do drible e especialmente com seu jogo de mano a mano, onde sua eficiência já está acima da média da liga). Porém, existe ainda muito o que se desenvolver para que ele se torne um #1 ofensivo de um time bom (algo totalmente normal para um jogador de 20 anos, e eu acredito que ele irá de fato desenvolver essas habilidades, considerando sua curva de evolução absurda).
Victor Wembanyama é um talento absolutamente geracional, e a sua simples presença torna San Antonio um dos times com futuro mais promissor da NBA. Se sozinho, em seu primeiro ano, ele já elevou a defesa do Spurs de uma unidade horrível sem ele em quadra para um time acima da média em seus minutos, imagine com sua evolução e com defensores melhores ao seu redor? Ofensivamente, ele já é uma peça extremamente útil e com flashes de dominância, apesar de apenas ter 20 anos…
No restante da série, falarei de muitos defeitos e de falta de qualidade do elenco – de verdade, não acredito que a maioria das peças seja boa o bastante. Mas lembrem-se, o Spurs já tem o principal – um franchise player muito jovem que é já é uma estrela da liga, tendo potencial para ser ainda muito mais. O restante dá para corrigir.
* O Bandeja de 3 é um grupo de produtores de conteúdo sobre basquete. Conheça no Twitter e no Instagram.
Review da temporada 22/23 – Parte 3
* Por Matheus Gonzaga, do Layups and Threes
POSSÍVEIS ALVOS
O Spurs tem em Victor Wembanyama seu grande pilar, mas não basta um jogador para construir um time vencedor.
Em termos de necessidades e perfis de jogo, acredito que hoje a franquia San Antonio precise de um ou dois alas 3 and D, de preferência com versatilidade defensiva (mas acredito que não serão trazidos nessa offseason ainda), além de um armador titular a longo prazo. E claro, de preferência, eventualmente uma outra estrela, qualquer que seja a função.
Vejo o elenco de San Antonio para a próxima temporada na seguinte forma:
Time titular: [Armador]/Tre Jones, Devin Vassell, Keldon Johnson/Jeremy Sochan, Zach Collins e Victor Wembanyama
Rotação: [Armador]/Tre Jones, Malaki Branham/[Wing], Keldon Johnson/Jeremy Sochan, Keita Bates Diop/Doug McDermott/[Forward] e Charles Bassey
Reserva: Devonte’ Graham, Blake Wesley, Malaki Branham/[Wing], Keita Bates-Diop/Doug McDermott/[Forward], [Escolha de 2 rodada]
Two ways: [Escolha de 2 rodada/undrafted] e Barlow/Champagnie.
Ou seja, vejo o Spurs assinando dois jogadores na agência livre: um para ser o armador titular se possível (ou se não, um reserva para Tre Jones) e um wing, de preferência experiente e capaz de defender e acertar bolas de 3.
Acredito que Zach Collins será titular ao lado de Wemby – afinal, o francês ainda não possui o porte físico para defender jogadores da posição 5 na NBA, e poupá-lo do desgaste físico é importante. Com isso, o papel de sexto homem deve ficar com Keldon ou Sochan.
Como ficou bem claro neste texto, estou mais baixo em Malaki Branham que o consenso e acredito que o ideal seria trazer um outro wing, que esteja mais pronto, para ter o papel de rotação. Mas caso não seja viável trazer um jogador deste calibre, pode ser o próprio Branham nesse papel de wing vindo do banco.
Acredito que tanto Diop quanto McDermott apresentam nível decente de rotação para um time em reconstrução, mas vale considerar que KBD é free agent e pode sair. Neste caso, seria necessária uma reposição por outro Forward, seja para a rotação ou para a reserva.
Agora vamos falar de nomes para esses jogadores desconhecidos.
Escolhas de 2ª rodada
Primeiramente, não conheço a classe de Draft o bastante para sugerir de fato as escolhas de 2ª rodada – e acho possível que o Spurs troque uma delas). Mas idealmente eu traria um guard como aposta e algum jogador mais pronto, capaz de entrar na rotação se necessário.
Para o guard, eu iria atrás de upside – alguém que no futuro possa ter um papel relevante em San Antonio. Alguns dos nomes cotados para a 2ª rodada que são da posição são Marcus Sasser, Amari Bailey, Brandin Podziemski, Omari Moore e Terquaivion Smith.
O próprio Sasser é uma opção de jogador já mais pronto. Outros atletas já mais experientes e polidos são Trayce Jackson-Davis, Kobe Brown e Julian Strawther.
Como já disse, não conheço o bastante sobre draft para sugerir de fato se essas são boas escolhas.
Armadores
Para mim é a maior prioridade. Não só por precisar de um upgrade em si, mas também por ser a posição que mais pode ajudar no desenvolvimento de Wembanyama – alguém que o ajude a criar arremessos pode facilitar muito sua curva de aprendizado.
Caso o Spurs vise um armador titular, vejo como possíveis nomes Fred VanVleet, Chris Paul e Mike Conley.
VanVleet é a opção mais improvável – mas trata-se de um bom chutador de 3 pontos do drible, bom defensor e passador decente com baixa taxa de turnovers – entretanto, ainda está no auge e será bastante requisitado.
Mike Conley é uma opção veterana de um jogador considerado excelente companheiro de time e que tem um jogo all-around, sendo capaz de chutar bem de 3 pontos, exercer um papel sem tanto a bola na mão e também de comandar o ataque tendo um volume não tão alto de jogo.
Chris Paul é minha opção favorita – talvez ele possa ser adquirido se a franquia texana conseguir entrar na troca com o Suns, ou como agente livre se ele acabar dispensado. Seria necessário abrir a carteira para trazê-lo para um time em reconstrução nessa altura da carreira, mas o Spurs possui cap space e não há muito o que fazer com tanto espaço. Eu tentaria um contrato bastante caro (mais de 30 milhões até, caso seja o necessário) de um ano, apenas para facilitar a vida de Wemby – afinal, Chris Paul basicamente otimizou o desempenho de praticamente todos os pivôs com os quais já jogou.
Caso só seja possível trazer um jogador de perfil menor para brigar com Tre Jones pela titularidade, uma aposta em Coby White pode fazer sentido, ou trazer um veterano conhecido como Cory Joseph ou George Hill (eu não descartaria também uma troca, nem o retorno de Patty Mills).
Wings
Para Wings, há mais opções, mas nenhuma de tanto destaque.
O recém-campeão da NBA Bruce Brown pode trazer defesa, versatilidade e competitividade – além de ainda ter só 26 anos. Austin Reaves vai sair caro, mas é versátil e também relativamente jovem. Donte DiVincenzo é um jogador bem interessante, podendo até armar o jogo em momentos específicos, e está disponível no mercado. Josh Hart e Matisse Thybulle também são possibilidades de jogadores abaixo dos 30 anos e que são capazes para a rotação de um time competitivo ao trazer defesa. E há também o chutador Max Strus disponível.
Caso o Spurs queira uma opção mais veterana e de mentor, Danny Green é uma possibilidade, bem como o retorno de Josh Richardson.
Forwards
Para um forward no caso da saída de Diop ou de uma troca de McDermott, eu traria alguém como Kevin Love (veterano, espaça a quadra) ou Jeff Green. Uma possibilidade muito boa também é a de Grant Williams, que é jovem e um bom defensor, com alguma capacidade de chute de 3 pontos.
É hora de trazer uma estrela? E trocas?
Quanto a alguma estrela, acredito que essa temporada não seja o momento de tentar uma – não há um elenco ao redor sólido ainda, ou peças para de fato competir. O Spurs deve sim começar a construir já pensando em vencer e não em acumular talento, mas não deve apressar demais ou fazer maus negócios.
Dito isso, caso um jogador ainda relativamente jovem como Jaylen Brown pareça estar disponível, eu faria uma oferta, especialmente se aproveitando dos ativos extras adquiridos (especialmente as picks de Atlanta, Toronto e Chicago). Não faria loucuras para tê-lo e acredito que um negócio neste formato não seria bom para Boston – ou seja, duvido que fosse fechado.
Em termos de trocas, o mais viável seria buscar jogadores complementares, mas é muito difícil especular sem saber quais jogadores estão disponíveis. O que mais me intriga é a possibilidade de envolver Keldon Johnson e uma pick futura em um negócio por outra pick de loteria neste draft, visando um armador.
EXPECTATIVAS PARA 2023/2024
Eu espero um Spurs competitivo em 2023/2024, que tenha uma campanha na faixa das 30 vitórias e pelo menos brigue para se classificar para o play in (mesmo que não consiga – o importante é mais a luta que o resultado). Imagino que a defesa terá um bom salto e será ao menos mediana, e talvez realmente positiva, com o fator Wemby protegendo o aro, o desenvolvimento de Sochan e um maior interesse do elenco em geral.
Ofensivamente o time ainda deve sofrer um pouco. Acredito que Wembanyama não será tão eficiente pontuando na primeira temporada – há questões de seleção de arremesso a serem corrigidas, seu aproveitamento de 3 pontos ainda não é bom, e ele ainda precisa ganhar massa. E a menos que haja um grande salto de Sochan ou Vassell nesse lado da quadra, acredito que a equipe de San Antonio terá um ataque bem abaixo da média.
No geral, não é uma temporada para expectativas de de fato competir nos playoffs, mas é uma temporada para desenvolver as peças centrais do elenco (principalmente Vassell, Sochan e Wemby), detectar as lacunas a serem corrigidas e se tornar um time sólido de NBA, que possa brigar nos próximos anos.
E bem, não da pra ser muito pior que a última temporada.
Esta série tem três partes. A primeira é a visão geral da temporada 2022/2023 e a análise dos coadjuvantes. A segunda tem a análise dos principais jogadores do elenco, e a terceira tem possíveis alvos para a offseason.
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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteReview da temporada 22/23 – Parte 2
* Por Matheus Gonzaga, do Layups and Threes

O ELENCO
Tre Jones
No começo da temporada, a titularidade de Tre Jones parecia ser temporária – acredito que era questão de tempo para que Josh Primo assumisse o posto, considerando seu status de alta escolha de draft e que Tre não havia sido sequer um jogador de nível de rotação consistente até então. Porém, com os acontecimentos extremamente infelizes (não só sobre basquete) envolvendo Josh Primo e sua dispensa, o camisa #33 aproveitou a oportunidade para se provar um armador de nível de NBA – ainda que provavelmente não de nível de titular de uma equipe competitiva.
Tre acabou sendo um grande pilar de organização ofensiva do Spurs durante a temporada – não é coincidência o fato de, dentre os 14 jogos em que o armador não jogou, o time ter vencido apenas dois (desempenho de 14%). Por outro lado, venceu 20 dos 68 em que ele esteve em quadra (desempenho de 29% – ainda bem ruim, mas duas vezes melhor)
Esse papel em vitórias também pode ser visto em métricas avançadas – Tre é o líder do Spurs em RAPTOR e LEBRON, além de top 3 em LA-RAPM. Em termos de contribuir de fato para vitórias, o armador foi o melhor jogador do time na temporada.
Seu maior valor é como organizador ofensivo – o ataque do time texano é 5 pontos por 100 posses melhor com seu guard titular em quadra. Foram 113 pontos por 100 posses com Tre em quadra – marca ruim, mas ainda digna -, contra 108 sem ele – marca que seria a pior da liga. Esse impacto se dá de duas formas: primeiro, facilitando melhores arremessos – em sua presença, a equipe San Antonio dá mais arremessos assistidos e, em geral, tem melhores chances de pontuação. Segundo, ao evitar turnovers. Na ausência de Jones, o Spurs comete 16,4 desperdícios por cem posses, marca que seria a pior da NBA. Com Tre em quadra, o número cai para 13,6 – número nível top 10 da NBA.
A presença do armador torna o jogo do alvinegro muito mais controlado, organizado e coerente – o time passa a correr menos, reduz o ritmo e gera arremessos melhores.
Em números individuais, é claro que o maior destaque de Tre é a razão assistência para turnovers – são mais de 4 passes para cestas por cada desperdício. Nessa estatística, ele é top 10 da NBA e top 6 entre armadores.
Nos demais quesitos, porém, Tre deixa a desejar. Sua TS% de 53,2% é bem abaixo da média da NBA e expõe sua fraqueza enquanto pontuador. Ele não é um bom finalizador no aro (58% de aproveitamento – bem abaixo da média de guards), é péssimo na floater range (41%), ruim na mid range (43%) e definitivamente não é um chutador (28% de 3 pontos). Curiosamente, no entanto, ele foi um jogador bastante decente finalizando pick and rolls, com cerca de 0.9 pontos por posse (bem na média da liga).
Defensivamente, Tre é limitado por ser um guard baixo, mas apresenta uma média decente de roubos de bola (1,3). A defesa do Spurs não piora na sua presença – ela é tenebrosa com ou sem ele em quadra. No geral, métricas de impacto variam quanto à sua percepção defensiva. Mas ele não parece ser inviável de manter em quadra por conta desse lado da quadra – ainda que não contribua bem.
Tre Jones é moldado perfeitamente para ser um bom armador reserva para o próximo “bom time do Spurs” – inteligente, ajuda o time a desempenhar bem ofensivamente e é um organizador. Em termos de ajudar a equipe a competir, ele provavelmente foi o jogador mais importante da temporada, e acredito que possa fazer um papel semelhante em uma segunda unidade. Entretanto, sua falta de capacidade de pontuar e especialmente sua incapacidade como arremessador tornam difícil para que ele seja titular em um bom time, que terá melhores opções para ter a bola. Vale destacar que ele será free agent nessa offseason, mas acredito que, por ser jovem e estar se desenvolvendo, o Spurs irá fazer esforços para mantê-lo.
Acredito que Tre esteja perto do seu auge – vejo seu teto como um jogador do nível de seu irmão, Tyus Jones, que é um dos melhores armadores reservas da NBA. Nada mau para uma escolha de segunda rodada, mas acho difícil que o camisa #33 alce voos maiores. Caso desenvolva muito seu arremesso, pode ser um armador titular de nível digno, mas eu não contaria com isso.
Devin Vassell
Em suas duas primeiras temporadas, Devin Vassell havia mostrado potencial de se tornar um grande ala 3 and D. Nessa campanha, executou um papel maior e bastante diferente – o de um criador secundário. Mostrou bons flashes, mas além da amostragem relativamente curta (O ala jogou apenas 38 partidas), foi possível notar uma inconsistência e uma regressão defensiva.
É especialmente difícil avaliar defesa em um time em tanking – primeiramente por ela ser mais coletiva por natureza, e o conjunto defensivo dem San Antonio é péssimo. Em segundo lugar, por ser muito uma questão de esforço – e não há tanta motivação para tal em um time que não faz questão de ganhar. Porém, os números de Vassell são ruins no quesito defensivo nessa temporada. Na presença do terceiranista, o Spurs cedeu 122 pontos por 100 posses, contra 119 sem o mesmo. 119 já é uma marca vergonhosamente ruim, mas é fato que SAS defendeu pior com o ala em quadra. Devin não é o maior culpado do insucesso da equipe nesse lado da quadra, mas ele é parte significativa do problema, algo relativamente preocupante para um jogador apontado como potencial especialista defensivo.
Vassell foi um dos piores defensores de mano a mano da NBA, cedendo 1.13 pontos por posse para os adversários, e também foi muito abaixo da média defendendo pick and roll e spot ups – especialmente tenebroso nesse último. Foi um elo fraco defensivo sem qualquer dúvida, e isso deve ser melhorado urgentemente. Caso não tenha sido por falta de motivação e sim alguma lacuna no seu jogo, é algo muito preocupante.
Já ofensivamente, o desempenho do ala foi bastante melhor – foram 18,5 pontos por jogo em eficiência que, ainda que abaixo da média, foi decente (55%de TS%). O encorajador foi o aproveitamento de 38,7% das bolas de 3 pontos em um volume alto (sete tentativas por partida).
Vassell finalmente tem se mostrado um bom arremessador do perímetro – especialmente em catch and shoot, onde converteu 43% das tentativas (5 bolas arremessadas por jogo), aparecendo no top 15 de aproveitamento entre jogadores de alto volume nessa situação. Outro ponto positivo é que o ala tem alto aproveitamento em bolas de 3 contestadas (cerca de 39%), o que possibilita a ele ser eficiente em um volume maior de tentativas.
Porém, Devin está longe de ser um chutador de elite. Seu aproveitamento em arremessos do drible (pull up) é pífio (28%), e ele é ruim em arremessos offscreen (correndo através de bloqueios para receber e arremessar), registrando apenas 31% de aproveitamento.
Outra faceta relevante de seu jogo é a capacidade de criar seu arremesso de meia distância – são 46% de aproveitamento em cerca de 4 tentativas por jogo (foi o 11º que mais tentou esse tipo de arremessos na liga). 46% está longe de ser uma marca ruim para meia distância – Vassell de fato é capaz nesse fundamento. Mas não é algo tão valioso assim como algo de alto volume – arremessar de mid range é útil como um counter, um recurso para situações específicas, e não uma arma chave do arsenal. Acredito que o ideal seria uma quantidade menor desse tipo de arremesso, mas acredito que seja difícil por conta da próxima característica de Devin – sua incapacidade de chegar ao aro.
O ala de San Antonio chega na área restrita apenas 2,5 vezes por partida, marca que o deixa fora até do top 150 da liga no quesito. Mesmo quando chega, possui um aproveitamento abaixo da média para a região. Por isso, quando tenta infiltrar, acaba tendo que recorrer a um arremesso de meia distância ou a um floater – fundamento em que ele é terrível, com apenas 35% de aproveitamento.
Vassell é um puro jump shooter, o que limita seu teto como um ala pontuador – a menos que ele se torne um excelente arremessador offscreen ou do drible. Curiosamente, porém, ele tem mostrado um aspecto bastante diferente no seu jogo recentemente.
Vassell se saiu surpreendentemente bem comandando pick and rolls – foram 1.02 pontos por posse em volume razoável, aproveitamento superior a 83% da liga. Por algum motivo, ao arremessar nessa situação, ele consegue sucesso melhor que em qualquer outra. Isso mostra um potencial enquanto ball handler que não era previsto – especialmente se considerarmos que ele deu 3,6 assistências por partida, marca bem acima da média para um ala. Sua baixa quantidade de turnovers também é encorajadora).
Devin Vassell é um jogador difícil de projetar – chegou na NBA como um prototípico 3 and D, e na atual temporada foi um péssimo defensor. Sua habilidade de arremessar do perímetro é boa e um ponto forte, especialmente por ele ser capaz de arremessar bolas contestadas, mas o jogador não demonstra ainda um nível de elite – falta a capacidade de executar arremessos do drible e em movimento. Seu potencial enquanto pontuador é limitado pela incapacidade de infiltrar. Por outro lado, ele mostrou flashes como ball handler inesperados e promissores. É difícil saber qual será o papel de Vassell no futuro, quanto mais o quão bom será nele – a única “certeza” que temos até o momento é de que se trata de um arremessador acima da média. Porém, vejo caminhos em que se torne um chutador de elite, um 3 an D, um ball handler secundário ou um scorer de nível mediano.
Vassell é, depois de Wembanyama, o pilar mais importante do time – e a partir de agora, em um contexto mais competitivo, um salto especialmente em sua defesa e uma melhoria contínua em seu arremesso são cruciais.
É difícil saber até onde ele pode chegar. O primeiro fator x para determinar o teto de Vassell é o quanto mais ele pode evoluir enquanto arremessador – se o ala for capaz de chegar em um nível de elite (o que é até bastante realista), já se firma como um bom titular.
Porém, há outros caminhos para atingir esse nível – seja um salto maior enquanto ball handler ou enquanto defensor.
Caso ele se desenvolva em todas essas frentes, vejo ele se tornando um all-star de nível baixo (ou até médio), mas isso é bem menos provável. Acredito que o mais esperado é que se torne “apenas” um bom titular.
Keldon Johnson
Entrando na temporada, se fosse perguntado quem é o melhor jogador do Spurs, a maioria das pessoas provavelmente diria “Keldon Johnson”. Hoje isso é bem mais duvidoso.
Primeiro, vale ressaltar que Keldon teve o papel mais ingrato dentre todos jogadores do elenco – o de jogador que não é uma legítima primeira opção ofensiva tendo de cumprir esse papel em um time de tank. Porém, mesmo dando esse desconto, a temporada de aoa foi, em minha visão, negativa – ele regrediu muito na bola de 3 e foi um dos piores defensores da NBA. Houveram aspectos positivos, especialmente o aumento do volume de pontos em uma eficiência que, ainda que abaixo da média, não foi muito ruim.
Porém, quando estamos falando de um jogador que estava em sua quarta temporada na liga, o esperado é que possamos vislumbrar um papel mais bem definido para ele, uma noção de como funcionaria em um bom time – e não sei se temos isso para Keldon.
É difícil arrumar um papel significativo para um jogador que não é um bom arremessador, não é um grande playmaker e é um péssimo defensor – Johnson possui bons momentos e boas características, incluindo possivelmente o talento mais notável de qualquer jogador Spurs – sua capacidade de chegar até a cesta. Mas elas não compõem um jogador pronto e redondo.
Os últimos parágrafos passam a ideia de que eu penso que Keldon é um péssimo jogador, porém isso não é verdade – estou sendo duro porque acredito que, como o jogador mais veterano em tempo de casa da equipe e um pilar central dentro e fora de quadra, o ala deveria já ter conseguido se encaixar em um papel específico e produzir em nível que auxilie o desempenho de fato da equipe, e não apenas fazer números. Mas o oposto aconteceu – o Spurs foi melhor sem ele em quadra.
Mas vamos começar com os positivos. O primeiro é a incrível capacidade de Johnson em agredir a cesta – Keldon chega a finalizar na área restrita em média seis vezes por partida, marca que é a 16ª maior de toda a NBA, e o faz com 62% de aproveitamento. Trata-se de um número abaixo do ideal para o fundamento, mas ainda muito valioso – gerar em alto volume um arremesso com aproveitamento acima de 60% é sempre bem impactante. E não é só isso – o ala tem uma taxa de lances livres cavados (razão entre lances livres e arremessos de quadra) maior que a de 75% da liga. Em outras palavras, ele consegue gerar o melhor arremesso do basquete em alta quantidade (e os converte 75% das vezes, marca que traz impacto muito positivo).
Há também seus flashes de criação para si. Seja no pick and roll ou na isolação, Johnson tem desempenho mediano – ele não demonstra sinais de se tornar futuramente um condutor central, mas se mostra capaz de executar jogadas de ball handler idealmente como um terceiro criador.
Porém, sua visão de passe é muito limitada – seu número de assistências não é tão significativo e, especialmente se comparado a sua taxa de turnovers, deixa a desejar. Esses flashes de criação são bem restritos para si mesmo, algo que limita seu teto.
Agora falando dos negativos. Vamos começar com o pior. Keldon foi, na última temporada, um dos piores defensores de toda a NBA. E isso não é uma hipérbole.
Em termos de impacto no DRTG, os números do ala são tenebrosos – o desempenho defensivo do Spurs sem Johnson em quadra é de 117,7 pontos cedidos por 100 posses – número bem ruim, mas que é até decente se comparado com o desempenho quando Keldon está em quadra. Nesse caso, são 123,35 pontos cedidos por 100 posses, marca que de forma absurdamente distante seria o pior desempenho defensivo de um time na história (em grande parte, esses minutos são o que fez San Antonio quebrar tal recorde). Claro, esse DRTG é coletivo, mas olhando métricas que individualizam o desempenho defensivo, os sinais continuam extremamente negativos.
Segundo o EPM, Johnson é um defensor de percentil 15%; segundo o LA-RAPM, 7% (posição 501 de 539 jogadores avaliados); segundo o RAPTOR, 3% (um dos 10 piores); segundo LEBRON, 5%. Resumidamente, todas as métricas defensivas o consideram um dos piores da liga nesse lado da quadra.
Se olharmos o desempenho defensivo por tipo de jogada, percebemos que ele é um defensor de isolação de percentil 13%, e de spot ups de percentil 18%. O ponto “positivo” é que ele é mediano marcando pick and rolls, mas isso é muito pouco.
O outro negativo foi sua regressão enquanto arremessador, caindo de 40% para 32% de aproveitamento de 3 pontos. Em tese, parte disso poderia ser explicada pela maior dificuldade de arremessos tentados por ter um papel maior, mas os números contam uma história diferente.
Na temporada, Keldon chutou 33% em bolas de 3 completamente livres, contra 40% no ano anterior. Curiosamente, na atual temporada, seu aproveitamento em bolas levemente contestadas (36%) foi superior do que seu desempenho chutando livre.
Em todas outras divisões de bolas de 3, Johnson deixou a desejar – foram 35% de catch and shoot (não é terrível, mas abaixo da média) e péssimos 27% em pull ups. O lado positivo é um aproveitamento digno na zona morta (37%) – nada espetacular, mas respeitável.
É difícil projetar o futuro de Keldon. Na temporada anterior, ele demonstrou nível de um titular de baixo nível de uma equipe competitiva (idealmente reserva chave). Mas nessa temporada, sua queda enquanto chutador impactou muito em suas projeções, bem como seu tenebroso nível defensivo. Hoje o vejo como um jogador de rotação com cerca de 15 minutos por jogo em um time bom – é difícil achar papel grande para um jogador que não defende, arme ou arremesse. Johnson, em temporadas anteriores, já mostrou talento o bastante para ser um titular. Porém, para tal, terá que voltar ao patamar anterior em chute e evoluir muito defensivamente (ou destravar seu jogo de pick and roll de modo que possa ser um scorer on ball consistente, o que é mais complicado).
O caminho para a evolução de Keldinho em mais que um role player passa muito por seus flashes de criação com a bola nas mãos, mas são muito poucos, de modo que não acho tão factível que isso ocorra. Para mim o teto de Keldon é um titular de nível decente. Para isso, ele deve melhorar bastante a defesa e encontrar consistência em sua bola de 3.
Jeremy Sochan
Jeremy Sochan foi a primeira escolha de top 10 do Spurs desde Tim Duncan. Para uma franquia com o retrospecto que a de San Antonio teve nas últimas décadas, é raro escolher um jogador que já mostre ferramentas o bastante para impactar em jogos desde o primeiro ano.
Usualmente, novatos são jogadores negativos e não auxiliam na performance do time – não foi o caso de Sochan. Em termos de métricas de impacto, o polonês foi um dos melhores jogadores da equipe. Claro, isso não quer dizer tanto – ser um dos melhores de um time de tanking –, mas Jeremy de fato foi um jogador decente de NBA logo em seu primeiro ano, o que demonstra bastante potencial futuro.
Dentre os 30 novatos que jogaram ao menos 500 minutos na temporada, Sochan foi o décimo em RAPTOR e o sétimo no componente on-off do mesmo (o quanto o time melhora com ele em quadra). Já dentre jogadores do Spurs, o calouro possuiu o maior LA-RAPM – isto é, foi o jogador que mais ajudou o time a vencer quando esteve em quadra. O número foi modesto – 0.06 (200ª posição da NBA), mas se trata de um valor que é indicativo de um bom jogador de rotação na maioria dos times da liga, bem bom para um novato de 19 anos.
Hoje, seu maior impacto é na defesa – todas as métricas avaliadas o colocam como um defensor mediano/marginalmente acima da média. Atualmente, sua habilidade é em defesa on-ball – ele registrou desempenho acima da média cobrindo mano a mano e pick and roll, mas apresentou métricas terríveis ao defender situações off-ball, como spot ups.
Muitas vezes, Sochan foi chamado para defender o melhor jogador de perímetro adversário e, como esperado para um jovem, não se saiu muito bem. Mas teve bons momentos e alguns sinais de versatilidade defensiva – seus desempenhos marcando Lauri Markkanen, LeBron James, Damian Lillard e Julius Randle foram bastante encorajadores, especialmente considerando que se tratam de jogadores com perfis muito diferentes entre si. Jeremy não é um defensor fora da curva, mas ao ser um marcador versátil e acima da média como novato, mostra sinais de que pode se transformar em um.
Ofensivamente, Sochan teve um papel curioso – apesar de teoricamente ser um Power Forward, ele mal executou papel de roll man ou post ups. Na realidade, foi mais um jogador curinga, executando um pouco de tudo – comandou pick and rolls, agiu como um ala em spot ups, recebeu handoffs, cortou para a cesta… infelizmente sendo bastante abaixo da média na eficiência em todas elas. Trata-se de um jogador bastante cru e negativo no lado ofensivo da quadra, mas ainda há seus positivos.
Primeiramente, o ataque do Spurs foi melhor com ele em quadra – sinal de que ele não é um problema tão grande ofensivamente. Ainda que ele seja visto pelas métricas de impacto como um jogador negativo ofensivamente, ele não é visto como inviável ou entre os piores da liga – é simplesmente abaixo da média.
Sochan, ainda que tenha um número modesto de assistências por partida, apresentou alguns flashes como criador que mostram um potencial de point forward. Outro ponto encorajador é talento em atacar o aro – são 4 tentativas por jogo na área restrita contra 2,5 na “floater range”, sinal de que quando ele infiltra consegue de fato chegar até a cesta. Seu aproveitamento no aro porém, deixa a desejar bastante – 62% não é bom nem para um guard, quanto mais para um jogador do tamanho do polonês. Porém ainda assim, gerar um arremesso de 60% de conversão com facilidade é bastante valioso.
Quanto ao desempenho como arremessador, Jeremy é atualmente péssimo – menos de 25% de aproveitamento é uma marca pífia. Mas existem alguns sinais que demonstram algum potencial – entre eles sua evolução enquanto batedor de lances livres (abaixo de 60% nos três primeiros meses da temporada, acima de 75% a partir de então). Um aspecto curioso é que seu aproveitamento de 3 pontos fora da zona morta foi muito superior que na mesma (30% fora contra 16% nela), algo a se observar em próximos anos.
Sochan terá muito tempo e espaço para seu desenvolvimento. Ainda que seja bastante cru e tenha muito a desenvolver, já traz um bom impacto defensivo, algo raro para um novato, e alguns flashes de versatilidade ofensiva bem interessantes. No geral, seu jogo no ataque é bastante cr,u e seu principal talento hoje é seu atleticismo, mas há motivos para otimismo, como sua a evolução nos lances livres. Nos próximos anos, ele será uma peça chave para o Spurs, e acredito que provavelmente será um titular por muitos anos – o quão bom titular ainda é difícil saber.
Sochan apresenta talvez o teto mais alto de todos os jogadores do elenco – tirando, é claro, Wembanyama. E ao lado de Devin Vassell, é o outro pilar mais “certo” do time. Porém, por ser um rookie, é muito cedo para opinar o quanto do seu teto ele pode atingir. Vejo boas chances de que ele se torne um defensor de elite e ainda bastante versátil. Caso seu jogo ofensivo floresça a ponto de ser mediano – o que está longe de ser inviável – ele será um dos melhores role players da liga.
Para ser algo a mais, será necessária uma evolução ofensiva muito grande e um pouco improvável, seja enquanto arremessador, criador ou um híbrido faz tudo. Para mim a versão ideal de Jeremy Sochan seria um jogador como Draymond Green – peça chave e capitão da defesa, que faz um pouco de tudo e é um jogador muito inteligente ofensivamente. Vejo o polonês como um provável role player de elite com possível upside de all star.
Gosto muito do fit de Sochan com Wembanyama – ainda que Jeremy não alcance seu teto e seja apenas um role player, acredito que um frontcourt com os dois trará uma grande versatilidade defensiva que pode ser a fundação de uma defesa de elite.
Zach Collins
Com a troca de Jakob Poeltl, Zach Collins assumiu um grande papel de protagonismo no Spurs. Ainda que o time não tivesse a mínima intenção de competir àquela altura da temporada, mostrou sinais bastantes promissores.
Na primeira parte da temporada, Zach teve medias de 9,5 pontos, 5,7 rebotes e 2,5 assistências, com números de aproveitamento sólidos de quadra (54%) e 3 pontos (35% em 1,5 tentativas por partida). A partir do momento em que assumiu a titularidade e sua minutagem subiu de 20 para cerca de 29 minutos por partida, seus números melhoraram para 16,5 pontos, 8 rebotes e 3,8 assistências, além de um roubo de bola e um toco por partida. Sua eficiência se manteve sólida (49% de quadra e 39% do perímetro – em aproximadamente 4 tentativas de bola tripla a cada jogo). Collins é um pivô bastante moderno e que apresenta certa versatilidade.
O fato que mais chama atenção em seus números é o desempenho de 3 pontos – dentre pivôs, Collins foi o 11º de maior volume de tentativas do perímetro após a trade deadline, com aproveitamento maior que a maioria dos jogadores com volume parecido. De fato, é um stretch big bastante viável, ainda que basicamente só chute quando livre.
Além disso, foi o sexto da posição que mais deu assistências no recorte. Tal volume de criação de jogadas se deve bastante ao seu papel de passador nos “cotovelos” do garrafão (esteve no top 10 jogadores da NBA com mais toques na bola nessa região).
Além da capacidade de passar de costas para a cesta, o pivô também foi um pontuador relativamente eficiente nos post ups, tendo gerado 1.06 pontos por posse na jogada, marca superior a 70% da NBA – não é um desempenho de elite ou que justifique alto volume de tentativas, mas é um recurso que pode ser util pontualmente. Já em pick and rolls/pick and pops, ele deixa a desejar, sendo pior que 65% dos jogadores da liga na jogada ao gerar 1.03 pontos por posse.
No geral, Zach não é um bom finalizador no aro, tendo acertado apenas 65% de suas tentativas próximo à cesta (marca que seria boa para um guard, mas é a décima quinta pior entre os 64 pivôs com volume relevante). Na floater range, porém, seu desempenho é mediano.
Também se trata de um reboteiro ruim – dentre os 62 pivôs qualificados, Collins é apenas o número 52 em percentual de rebotes defensivos capturados e o 50 em ofensivos. Nesse sentido, o ideal é que jogue ao lado de outro big man.
Defensivamente, Zach é um leve positivo – é moderadamente versátil, tendo tido bons desempenhos ao marcar isolações no perímetro (percentil 75% da NBA) e bons números em matchups contra guards. Além disso, foi decente em coberturas de pick and roll (percentil 62%) e post ups (percentil 63%). Nesse período, Collins também foi o pivô que mais contestou arremessos no garrafão em toda a liga, cedendo 60% de aproveitamento aos adversários – uma marca mediana. Zach não é nenhum defensor de elite, mas é moderadamente positivo nesse lado da quadra – o que já é bem acima da média para um time que possuiu a pior defesa da história.
Não coincidentemente, o Spurs foi um pouco melhor defensivamente com o pivô em quadra (2,5 pontos por 100 posses de bola cedidos a menos). Esse número reflete sua contribuição positiva – mas que é limitada.
Positivo mas limitado é um bom jeito de descrever Zach Collins – um role player sólido e que pode ser sim um titular, especialmente por ser versátil defensivamente e saber arremessar de 3 (o que o torna um ótimo fit na maioria dos frontcourts da liga), mas que sempre terá um papel limitado. Acredito que possa ser um bom parceiro de garrafão para Wembanyama enquanto o francês desenvolve seu corpo para o jogo mais físico da NBA, e eventualmente se tornar o reserva do mesmo, ainda podendo jogar alguns minutos junto. Trata-se de um jogador que eu gostaria que o Spurs mantivesse por um tempo maior, visto que ele pode ser útil para a competitividade da equipe.
Malaki Branham
Malaki Branham é o tipo de jogador que é favorecido por uma temporada de tanking – um armador jovem e cru que possui a bola na mão bem mais do que teria em um time competitivo.
Houveram flashes, especialmente em janeiro, de um jogador que pode se tornar um bom pontuador e ter um futuro positivo em San Antonio – mas em geral ele não mostrou consistência.
Claro, já é muito difícil exigir consistência de um novato em qualquer contexto, quanto mais de um com uma bola na mão em um time em tanking. Por isso, eu considero a avaliação de Branham a mais difícil de todas neste texto.
No geral, Malaki foi um jogador negativo. Sua eficiência foi muito abaixo da média da NBA, e Spurs jogou melhor sem ele em quadra. Além disso, as métricas avançadas o consideraram um dos piores jogadores da liga (sétimo pior LA-RAPM dentre todos os jogadores), incluindo uma das quinze piores marcas defensivas (ofensivamente o novato foi bastante negativo, mas não tão terrível). Branham também foi considerado o pior jogador da NBA pelo RAPTOR do five-thirty-eight, tendo, pela estimativa dos mesmos, custado 3 vitórias a San Antonio. Deveriamos agradecer a ele pelo Wembanyama?.
De fato, seu principal problema é defensivo – Branham foi percentil 10% da liga em defesa de mano a mano (ou seja, ele é pior que 90% da liga nisso), 9% na de spot ups e 11% na de handoffs. Em outras palavras, ele é um alvo catastrófico defensivo ambulante e, no momento, completamente inviável de se manter em quadra em um contexto competitivo.
Ofensivamente, o geral não é tão bom também, mas temos ao menos alguns pontos positivos. Branham foi um jogador de percentil 66% comandando pick and rolls, número sólido para um novato e que pode indicar algum potencial enquanto ball handler, além de ser percentil 69% em arremessos offscreen (mas em volume bem baixo para tirar conclusões). Porém, o novato se saiu bem mal em spot ups ou vindo de handoffs.
Quanto a seu chute, os 30% de três pontos foram bem ruins, mas vale ressaltar que o rookie acertou sólidos 38% da zona morta e registrou aproveitamento na faixa dos 50% em bolas na floater range e na meia distância curta, números bastante satisfatórios. Sua finalização no aro, ainda que não positiva, foi digna, com taxa de acerto de 61%.
No geral, ele não mostrou muitos flashes de criador de jogadas. Foram menos de duas assistências por partida contra 1,2 turnovers – algo que é um pouco limitante.
No geral, é muito difícil projetar Malaki. Ele possui alguns talentos e não teve uma temporada de se descartar completamente – claramente o guard tem um bom “touch” na floater range e na meia distância curta e teve alguns bons momentos ao longo da temporada. Vimos flashes de um possível bom pontuador e com o potencial de um futuro sexto homem. Porém, no momento ele claramente não é um jogador viável para qualquer time minimamente competitivo – seu arremesso é ruim (mas possivelmente consertável) e ele é tenebroso defensivamente. Será necessário um grande salto para que seja um jogador que de fato tenha algum papel relevante no futuro do Spurs.
Blake Wesley
A lesão de Blake Wesley prejudicou bastante a temporada do jovem – que acabou por jogar bem menos que seus companheiros de draft Jeremy Sochan e Malaki Branham. Mas, em seus 37 jogos, Blake também passou por muito do que Malaki passou, e é quase igualmente difícil de avaliar. Wesley teve médias de 18 minutos, 5 pontos, 2,2 rebotes e 2,7 assistências por partida. O maior problema foi seu aproveitamento de arremessos – tenebrosos 32% de quadra. esse número já deixa bem óbvio que o jogador ainda não está pronto para a NBA – trata-se de alguém que provavelmente deve ainda passar mais uma temporada alternando entre San Antonio e Austin. Mas o que ele mostrou de positivo?
O ponto de maior destaque é seu bom aproveitamento de 38% de 3 pontos – o volume é baixo e é difícil saber se é real, mas é algo interessante. Também vale destacar seu volume razoável de assistências para a minutagem que ele jogou (mesmo que a razão com turnovers não seja exatamente boa). O resto todo é negativo.
Sua defesa foi bem ruim – não no patamar de Malaki, mas ainda entre os 60 piores defensores da liga. Sua finalização no aro foram terríveis 43%. Na floater range desempenho de 15%, e 22% na mid range – todos esses números são de um jogador que definitivamente está longe de estar pronto para a liga. Além disso, esteve no percentil 1% de eficiência comandando pick and roll, 4% em isolação e 6% em spot ups. Claro, o ataque do Spurs decaiu muito quando ele esteve em quadra (6 pontos por 100 posses pior). O novato é colocado como um dos 5 piores jogadores ofensivos da liga pelas métricas avançadas, e um dos 10 piores jogadores em geral.
Blake Wesley é um péssimo jogador de NBA. Não possui quaisquer condições de estar em quadra ainda e mostrou quase nada como novato. Isso não quer dizer que não há esperanças – um bom desenvolvimento na G-League e o amadurecimento de seu jogo podem o transformar eventualmente em um bom jogador de rotação. Mas, diferente de Malaki Branham, ele não mostrou nenhuma característica intrigante ou que indique que ele pode atingir esse nível.
Julian Champagnie
Julian Champagnie chegou ao Spurs como jogador two way, já no fim da temporada, e fez apenas 15 partidas com a camisa de San Antonio. Tudo que pode ser dito sobre ele tem uma série de asteriscos de amostragem curta. Porém, dentro dessa amostragem, ele demonstrou sinais intrigantes. Suas médias foram de 11 pontos e quatro rebotes em 20 minutos por partida, nos quais converteu 46% dos tiros de quadra e 41% de 3 pontos (em 5,4 tentativas). São números que, se mantidos, denotam um bom role player.
Sua principal habilidade foi o chute de 3 – curiosamente, ele chutou melhor quando muito contestado (44%) ou contestado (36%) do que quando livre (32%). Esses números são decorrência da curta amostragem e não trazem tanto significado – servindo apenas para elucidar como o aproveitamento de 3 que vimos nesses 15 jogos pode ser enganoso.
Não há muito mais o que dizer – todas suas amostragens são muito curtas – não há dados o bastante para avaliar sua defesa ou sua finalização no aro, por exemplo.
No geral, o que ele mostrou foi intrigante o bastante para merecer ao menos uma vaga na summer league e no training camp, mas não dá para tirar conclusões de fato de seus minutos – foram muito poucos. Champagnie pode ser um achado, mas pode ser também apenas um jogador que deu sorte nos seus poucos minutos em um time de tanking.
Charles Bassey
Charles Bassey chegou ao Spurs de forma similar a vários outros jogadores – um jovem sem renome em contrato two-way – e foi o que mais se destacou dentre todos eles, já tendo ganhado um contrato de múltiplos anos com o time principal. Durante os 35 jogos que atuou (em 15 minutos por partida), o nigeriano mostrou sinais de um potencial bom pivô reserva com suas médias de 5,7 pontos e 5,5 rebotes.
Curiosamente, San Antonio foi EXTREMAMENTE melhor com Charles em quadra – houve uma mudança de saldo de -10 pontos por 100 posses sem Bassey em quadra para -2 na presença do big. Essa escala é um número de elite que é quase impossível que seja mantido e provavelmente está associada à amostra relativamente curta de minutos do jovem, mas é um ótimo sinal.
O impacto de Bassey se dá primariamente na face defensiva do jogo – o Spurs cedeu 7 pontos por 100 posses a menos quando o nigeriano esteve em quadra, o que fez com que métricas de impacto o considerassem um defensor acima da média da NBA (ainda que nada espetacular).
Seu melhor papel defensivo é o de protetor de aro, no qual foi bem positivo – foi de 57% o aproveitamento cedido para adversários perto da cesta, número bastante forte e acima da média – o coloca no top 15 entre os 74 pivôs com volume relevante. Bassey também foi um bom defensor de post ups (percentil 84%) apesar de ser baixo para um pivô. Charles, entretanto, não foi um bom defensor de pick and roll (percentil 26%), o que é uma falha bastante impactante.
Outro ponto forte do nigeriano está nos rebotes – seu percentual de rebotes defensivos está acima de cerca de 80% dos pivôs da NBA, e o de ofensivos acima de cerca de 90% (está no top 10 entre os 105 que jogaram 30 ou mais partidas).
Ofensivamente, entretanto, trata-se de um jogador extremamente limitado, sem capacidade de chute ou de ser utilizado no post. Bassey é um bom Roll Man (1.35 PPP – percentil 87%), mas em geral sua finalização no aro é um tanto quanto limitada – 65% de aproveitamento no aro (marca semelhante à de Zach Collins e negativa para um pivô).
Charles Bassey já se mostrou capaz de ser um pivô reserva e tem tudo para compor a rotação de big men junto a Wembanyama e Collins (podendo jogar alguns minutos junto a qualquer um dos dois e trazer proteção extra de aro). Seu papel e minutagem certamente serão limitados, como o terceiro big de uma equipe – talvez nem atuando em todos os jogos. Porém, trata-se de um bom protetor de aro, um defensor acima da média (apesar de falho na cobertura de pick and roll) e um excelente reboteiro – um jogador sólido no geral.
Dominick Barlow
Dominick Barlow foi mais uma das várias apostas feitas pelo Spurs em 2022/2023. O novato não draftado jogou 400 minutos em 28 partidas (14.5 minutos por partida) e teve médias de 3,9 pontos, 3,6 rebotes, 0,9 assistências, 0,7 tocos e 0,4 roubos. Seus números são bastante modestos, mas até intrigantes em alguns sentidos.
Sua média de 0,7 tocos, se generalizada para 36 minutos, estaria no top 50 da NBA, e seu percentual de rebotes ofensivos esteve no top 30 entre forwards da liga.
Dominic foi um exímio protetor de aro (56% de aproveitamento cedido) em volume muito baixo – esse aproveitamento cedido pode não ser realista, visto que a amostra é curta, mas é um sinal positivo. No mais, seus números defendendo pick and roll e spot ups são bem sólidos, apesar de ele ter sofrido no mano a mano.
No mais, Barlow é bastante cru. Ele foi muito mal como roll man (percentil 10%), não é um chutador (algo que hoje é complicado para um não pivô), e no geral não faz mais nada ofensivamente.
Barlow claramente ainda não é um jogador de NBA, mas é jovem e teve alguns sinais positivos – foi capaz de proteger o aro e pegar rebotes em alto nível e se mostrou um defensor digno. No mais, seu jogo basicamente é inexistente – acho possível que se desenvolva eventualmente em um reserva ok, mas é um projeto de múltiplos anos. Dominic fez por merecer ao menos um espaço no roster de Summer League/training camp, mas seu jogo ainda é mais no nível G-League, e tenho sérias dúvidas se ele será mantido se considerarmos a concorrência por roster spots.
Sandro Mamukelashvili
Sandro Mamukelashvili (ou Sandro Mamute para facilitar) foi uma escolha de segunda rodada do Milwaukee Bucks no draft de 2021, contratado pelo Spurs após sua dispensa no meio da temporada. Nos seus 19 jogos por San Antonio, teve um total de 443 minutos, ainda uma amostra relativamente pequena. Se também considerarmos seus 200 e poucos minutos como jogador do Bucks, podemos ter uma noção melhor de quem é esse jogador.
Mamu teve médias de 23 minutos, 10,8 pontos, 6,8 rebotes e 2,4 assistências em seus jogos como um Spur, tendo sido bastante produtivo. Mostrou certa capacidade do perímetro, convertendo 34% de suas 3,5 bolas de 3 por partida – marca sólida para um pivô.
Apesar da produtividade, San Antonio jogou muito pior na presença do big, especialmente pelo seu tenebroso desempenho defensivo. Foram 119 pontos por 100 posses cedido sem Mamu, contra 125(!!!!!!!) com o mesmo em quadra. Ofensivamente, a equipe até melhorou um pouco com o georgiano em quadra, mas seu saldo geral foi bastante negativo.
Mamukelashivili é um bom passador para um big – suas 2,4 assistências em 23 minutos por partida são uma marca muito alta para um jogador da posição 5. Ele possui seus flashes de arremessador e é um roll man excelente, estando no percentil 90% (mas em volume baixo).
Porém, no resto, seu jogo é fraco. Mamu não é um grande reboteiro e é um alvo gigante na defesa, tendo cedido 66% de aproveitamento a adversários no aro. Foi um defensor abaixo do percentil 10% em defesa de pick and rolls, e abaixo da média em post ups.
Mamu não é um jogador viável de NBA no momento – e considerando a competitividade por vagas de big man no elenco, acho que não será mantido. Porém, caso se desenvolva, pode ser um jogador interessante por seu arremesso + passe, capaz de ser um terceiro pivô na liga.
Julian Champagnie
Julian Champagnie chegou ao Spurs como jogador two way, já no fim da temporada, e fez apenas 15 partidas com a camisa de San Antonio. Tudo que pode ser dito sobre ele tem uma série de asteriscos de amostragem curta. Porém, dentro dessa amostragem, ele demonstrou sinais intrigantes. Suas médias foram de 11 pontos e quatro rebotes em 20 minutos por partida, nos quais converteu 46% dos tiros de quadra e 41% de 3 pontos (em 5,4 tentativas). São números que, se mantidos, denotam um bom role player.
Sua principal habilidade foi o chute de 3 – curiosamente, ele chutou melhor quando muito contestado (44%) ou contestado (36%) do que quando livre (32%). Esses números são decorrência da curta amostragem e não trazem tanto significado – servindo apenas para elucidar como o aproveitamento de 3 que vimos nesses 15 jogos pode ser enganoso.
Não há muito mais o que dizer – todas suas amostragens são muito curtas – não há dados o bastante para avaliar sua defesa ou sua finalização no aro, por exemplo.
No geral, o que ele mostrou foi intrigante o bastante para merecer ao menos uma vaga na summer league e no training camp, mas não dá para tirar conclusões de fato de seus minutos – foram muito poucos. Champagnie pode ser um achado, mas pode ser também apenas um jogador que deu sorte nos seus poucos minutos em um time de tanking.
Esta série tem três partes. A primeira é a visão geral da temporada 2022/2023 e a análise dos coadjuvantes. A segunda tem a análise dos principais jogadores do elenco, e a terceira tem possíveis alvos para a offseason.
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