Com cara de playoffs, com cara de Spurs

Antes do clássico texano de ontem, o ala-armador Manu Ginobili disse algo representativo. Disse que o San Antonio Spurs venceu alguns jogos nesta temporada graças ao ataque, mas que essa não era a cara do time. Falou que, para a equipe conquistar seu quinto título da NBA, deve voltar a ter aquele perfil defensivo que colocou de vez a franquia entre as grandes da liga. E, pelo que pude acompanhar na vitória sobre o Dallas Mavericks, esta metamorfose está bem encaminhada.

Que gracinha!

A mudança na filosofia da equipe começou há exatamente dez dias, quando Gregg Popovich promoveu a entrada de Antonio McDyess no time titular no lugar de DeJuan Blair – segundo o próprio técnico, pensando na defesa. No começo, a equipe sofreu para se adaptar ao novo quinteto: chegou a perder de 110 a 80 para o Miami Heat, com 30 pontos e 12 rebotes de Chris Bosh sobre Dice. Porém, ontem, o time texano mostrou estar no caminho certo, e deu claros indícios de melhora defensiva.

Na outra vez em que enfrentou o Spurs nesta temporada, Dirk Nowitzki havia deixado San Antonio com 26 pontos (12-14 FG, 2-2 3PT) em 39:52 minutos. Ontem, McDyess ficou em quadra por pouco mais de 29 minutos e ajudou a limitar Dirk a 23 pontos (10-16 FG, 0-2 3 PT) em 37:39 minutos. Isoladamente, a melhora parece pouco expressiva – vale ressaltar apenas a queda no aproveitamento de Nowitzki. Mas este trabalho, somado ao do restante da equipe, ajuda demais.

Jason Terry teve de suar para anotar seus 19 pontos, já que acertou apenas cinco dos 19 arremessos de quadra que tentou. Além da dupla, só mais dois jogadores do Mavericks conseguiram chegar aos dígitos duplos: Jose Juan Barea e Shawn Marion, que anotaram 13 pontos cada um. Com isso, era mais do que natural que o ataque do time de Dallas se concentrasse cada vez mais em Nowitzki (tentou 16 arremessos, contra 14 da primeira partida) e, com Dice acompanhando-o, o Spurs tende a ter uma segurança defensiva maior, já que Blair e Matt Bonner não passam qualquer confiança.

Na temporada, o time de Dallas tem o 12º melhor ataque da NBA, e marca em média 100,25 pontos por partida. O Spurs tem a 12ª melhor defesa da liga, e sofre em média 97,07 pontos por jogo dos adversários. Por isso, segurar o Dallas na marca de 91, mesmo com a equipe de Dirk Nowitzki jogando em casa, mostra clara melhora defensiva.

Mas vale lembrar que um fator pode ter ajudado a decidir o jogo: Tyson Chandler teve problemas com faltas, e ficou somente 22:12 minutos. Tim Duncan – que foi brilhante e fundamental no ataque – estava sendo dominado pelo pivô adversário, perdendo a maioria dos rebotes nos dois lados da quadra. The Big Fundamental já dá claros sinais de decadência física; é bom que Tiago Splitter esteja pronto para ganhar cada vez mais minutos nas próximas temporadas. Quem sabe hoje, na segunda partida de um back to back e contra um adversário fraco – o Charlotte Bobcats – o brasileiro ganhe um tempo de quadra para mostrar serviço antes dos playoffs.

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 19/03/2011, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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