Arquivo mensal: setembro 2008

E o que dizer da França…

Candidatíssima à vaga para a disputa da Eurobasket – torneio europeu de seleções – a França vem decepcionando seus fãs e os prognósticos animadores dos especialistas em basquete. Ontem, a equipe venceu a Ucrânia em jogo de placar apertado e praticamente garantiu sua entrada no principal torneio do continente.

Entretanto, quem está acompanhando o selecionado francês tem visto que eles vêm tendo dificuldades mesmo contra os adversários de menos expressão – caso de Bélgica e Ucrânia. Há de se considerar o fato de haver alguns desfalques inportantes, como o dos alas Boris Diaw e Mickael Pietrus; todavia, o time que está jogando é plenamente capaz de conseguir melhor desempenho.

Quem vem se salvando no meio desse turbilhão é o armador do San Antonio Spurs, Tony Parker – principal estrela do time. Parker se juntou de última hora ao elenco e mal teve tempo para se preparar; ele poderia muito bem alegar qualquer desculpa e se ausentar dos primeiros jogos, seria completamente aceitável. Entretanto, o jogador assumiu a responsabilidade e entrou em quadra para defender seu país. O resultado está nos números; o francês lidera as estatísticas de sua equipe com folga, e além disso é também o cestinha do torneio com média de 24.8 pontos.

As vezes fico me perguntando aonde que esse time chegaria com a ausência do armador. Os também atletas da NBA – Ronny Turiaf e Yakhouba Diawara – têm desempenhado um papel somente mediano. O ex-Los Angeles Lakers até que tem pego seus rebotes aqui e ali, mas nada muito além; Diawara nem isso está fazendo. Quem fica sobrecarregado é mesmo o atleta do Spurs, que a duras penas têm conseguido levar o time nas costas.

Contudo, quem pensa que o futuro da França está fadado à desgraça pode estar enganado. A grata surpresa do time é o ala-armador de 21 anos Nando De Colo. O jovem jogador chegou a ofuscar Tony Parker em alguns jogos dessa Eurobasket; ele vem com médias de 12.8 pontos e 3.2 rebotes no torneio. De Colo é visto como uma grande promessa do país no basquete, e a previsão é de que ele entre na NBA já no ano que vem. Seus números jogando pela equipe francesa do Cholet Basket durante a Eurocopa de clubes desse ano – um dos torneios mais fortes do continente – são excelentes; foram médias de 19.3 pontos, 2.9 rebotes e 2.9 assistências por jogo. Como se não bastasse, o jogador também disputou o All-Star Game da competição e anotou nada mais nada menos do que 24 pontos, sendo 18 deles em bolas de três pontos.

Além disso, De Colo é visto com bons olhos desde as seleções de base da França. Em 2007, ele participou do torneio europeu sub-20 disputado na Itália e Eslovênia. Os franceses não obtiveram um grande resultado, apenas o nono lugar; mas o que chamou a atenção foi o desempenho do atleta, que conseguiu expressivas médias 17.9 pontos, 4.0 rebotes e 3.4 assistências, sendo assim o quarto maior pontuador do torneio. Dentro dessas estatísticas estão incluídos 31 pontos e sete rebotes diante da Sérvia – primeira colocada no campeonato.

Como pudemos ver, o presente da França não é dos mais animadores, embora talentos individuais não faltem. O futuro também não parece empolgante, já que nos recentes torneios sub-20, sub-18 e sub-16 os franceses não desempenharam um bom papel. A parte boa é que de vez em quando surge um grande talento; Nando De Colo pode ser um desses. É bom as equipes da NBA olharem com carinho para o jogador, que atualmente está cotado para início do segundo round no draft do ano que vem.

França vence e ainda mantêm esperanças em disputar a Eurobasket

Pelas eliminatórias da Eurobasket, a França, jogando em casa, enfrentou novamente a equipe da Ucrânia, que havia vencido o jogo do turno contra os franceses por apenas um ponto de vantagem. O jogo foi mais uma vez bastante disputado, só que dessa vez quem levou melhor foi a França, que venceu por 87 a 83.

Mesmo jogando em seus domínios, os donos da casa foram mais uma vez burocráticos e ficaram devendo basquete. Como de costume, dependeram essencialmente de sua principal estrela; o armador do San Antonio Spurs, Tony Parker. À exemplo dos outros jogos, Parker não decepcionou e liderou sua equipe com 25 pontos e 5 rebotes.

Como visto na primeira partida entre as duas seleções, o jogo foi de novo marcado pelo equilíbrio. A Ucrânia começou melhor e conseguiu abrir uma pequena vantagem ao final do primeiro período; no entanto, os franceses jogaram melhor o segundo quarto e foram para o intervalo vencendo por apenas dois pontos de vantagem. Na volta, o jogo continuou bastante parelho e as duas equipes desenvolveram bem seus respectivos jogos. Todavia, quem se deu melhor foi a França, que, com um Tony Parker inspirado, terminou o terceiro período com uma vantagem bastante confortável. Mas quem esperava uma vitória fácil se enganou; no último quarto os ucranianos voltaram melhor e mostraram porque já haviam derrotado os franceses antes. No final das contas, a boa vantagem adquirida durante o embate garantiu o triunfo para os donos da casa.

Com a vitória, a França ainda sonha com uma vaga na Eurobasket do ano que vem, que será disputada na Polônia; para isso, precisam garantir uma das três vagas restantes que serão dadas aos três melhores segundos colocados dos grupos. Para os franceses, ainda há um último jogo a ser disputado; a partida será contra a Turquia, que garantiu o primeiro lugar do grupo e a vaga no torneio europeu do ano que vem após vencer a Bélgica hoje por 80 a 64. Vale lembrar que os turcos são os únicos invictos dentro do torneio, com cinco vitórias e nenhuma derrota.

Destaques da partida

França

Tont Parker – 25 pontos, 5 rebotes e 3 assistências

Ronny Turiaf – 11 pontos e 9 rebotes

Stephen Brun – 11 pontos e 2 rebotes

Ucrânia

Andriy Agafonov – 26 pontos, 6 rebotes e 3 assistências

Rostyslav Kryvych – 19 pontos e 4 assistências

Bate-papo com Erin Buescher

A úlima temporada foi frustrante para a ala do San Antonio Silver Stars, Erin Buescher. A jogadora foi contratada junto ao Sacramento Monarchs e chegou para ser uma das líderes do time; papel esse que desempenhou com relativo sucesso antes de sofrer uma grave contusão no joelho esquerdo que a tirou do restante da temporada.

De volta em 2008, Buescher vem fazendo um bom campeonato. Entretanto, o amadurecimento de Sophia Young e a contratação da pivô Ann Wauters tiraram os holofotes de cima da jogadora; fato esse que não deve estar atrapalhando, pois mesmo com seus minutos em quadra reduzidos, Buescher vem sendo uma coadjuvante importante e consequentemente uma das principais jogadoras da equipe.

Na pequena folga antes do início dos playoffs – em que as Stars enfrentarão sua ex-equipe pelo segundo ano consecutivo – a jogadora concedeu entrevista ao site oficial da equipe; confira o curto bate-papo só aqui no Spurs Brasil.

A contusão do ano passado impediu que você participasse do duelo dos playoffs contra o Sacramento Monarchs. Esse ano você tem essa grande oportunidade; o que você pensa a respeito disso?

Erin Buescher: Estou realmente empolgada. É muito duro ter que ficar no banco assistindo suas companheiras sendo que você não pode fazer nada para ajudar. Prefiro muito mais estar lá, dando duro junto com as outras jogadoras, do que sentada no banco com roupas do dia-a-dia. Poder estar lá dentro é muito divertido.

Quão gratificante é para você poder estar nos playoffs, não necessariamente porque o jogo é contra sua ex-equipe, mas somente pelo fato de disputar uma fase como essa?

Erin Buescher: Realmente é algo muito especial. Joguei em Sacramento e lá vencemos um campeonato; existem pessoas maravilhosas lá, assim como existem também aqui em San Antonio. É um grande privilégio poder fazer parte deste time; estar apta a jogar sob o comando destes treinadores e poder ser companheira de time destas garotas é algo fora de série. Nosso treinador vem nos relembrando de tirarmos proveito de cada momento, salvar isso na memória e não deixar essa oportunidade passar batida, ‘sem ser noticiada’. Estou apenas aproveitando isso tudo e espero que possamos competir, nos divertir e dar tudo de nós dentro de quadra.

Muitas jogadoras nunca tiveram experiências em playoffs, enquanto você já conquistou um título. Que tipo de benefício você acha que isso traz para o seu jogo e o que esperar das Stars nos jogos daqui em diante?

Erin Buescher: Penso que você tem que ter o final já em mente; meio que começar do fim quando se tem experiências como eu tive. Temos que ver e pensar como é chegar no final e poder levantar o título; encaro isso como uma motivação e uma energia extra. Uma das coisas em que as veteranas deste time são realmente boas é o fato de nos focar nas coisas que precisamos fazer.

Nem sempre as estrelas trazem sucesso

Uma notícia divulgada em um grande jornal de Denver surpreendeu os torcedores do Nuggets. A diretoria da equipe estaria interessada em envolver Allen Iverson em uma troca na próxima trade deadline, no início do ano que vem. Ao mesmo tempo, surge a notícia de que Vince Carter estaria na mira do Cleveland Cavaliers, sendo envolvido em uma troca com Wally Szczerbiak. Pode parecer que não, mas essas duas notícias têm muita coisa em comum.

Iverson chegou ao time do Nuggets para fazer uma grande dupla com Carmelo Anthony e tornar a equipe uma das melhores da NBA. No entanto, a dupla, apesar de marcar bastante pontos, não conseguiu fazer o Denver chegar muito mais longe de onde chegara sem eles. Allen tem um contrato de mais de US$ 20 milhões, o que obriga o Denver a pagar uma multa de US$ 6.3 milhões para a Liga todos os anos. Ou seja, evidentemente o valor investido não foi bem aproveitado. Allen sempre foi um jogador de decisão, cestinha, que gosta de ter a bola nas mãos para finalizar a jogada, assim como Carmelo. Talvez por serem jogadores com as mesmas características individualistas essa parceria não tenha dado certo.

Vince Carter ficou famoso na NBA por suas atuações com a camisa do Toronto Raptors, onde era o cestinha, o jogador de decisão, que gosta de ter a bola nas mãos para finalizar a jogada. Mas a equipe do Cleveland, para onde Carter se transferiria, já possui um jogador com essas características: Lebron James. Por que tentar repetir uma receita que tantas vezes não deu certo, não só no basquete como em outros esportes, de contar com estrelas demais no mesmo time? E mais, estrelas com características semelhantes.

A verdade é que em todos os esportes os times tendem a ser megalomaníacos, buscando sempre os melhores, os que aparecem mais na mídia, até como estratégia de marketing. Mas o esporte já nos ensinou que não é assim que se monta uma equipe vencedora. Nem sempre as maiores estrelas formam os melhores times.

Uma receita para o penta

 A temporada 2008/2009 da NBA está a cada dia mais próxima, faltando hoje pouco menos de um mês e meio para o início dos embates da temporada regular, época em que são decididos os dezesseis clubes classificados para a pós-temporada, na qual a briga realmente pega fogo, e, como definiu Michael Jordan, meninos e homens são devidamente separados.

Dividindo o caminho passo a passo e colocando como objeto de análise o San Antonio Spurs, dou alguns palpites para que o elenco do time texano obtenha êxito na disputa da próxima temporada.

1) A rotação

Manu Ginobili será ou não será o sexto homem da NBA? Pouco importa. O que importa é que a equipe saiba jogar sem ele, uma vez que o argentino tem sofrido com algumas contusões desde meados de 2007, fator que prejudicou o time nos playoffs e, em alguns momentos, na própria temporada regular. Quanto menos o ala-armador jogar na regular, melhor. Que comece no banco de reservas e entre em quadra para colocar fogo na partida. Com a conferência Oeste cada vez mais disputada, acho que o Spurs não se dará ao luxo de poupar Ginobili de jogos inteiros, mas sua entrada como reserva pode, gradativamente, deixá-lo 100%.

2) O parceiro de Duncan

Ian Mahinmi? Fabrício Oberto? Kurt Thomas? Os parceiros de Duncan mudarão com certeza ao longo da temporada, e, na minha opinião, Oberto deverá iniciar a temporada como titular. Não por sua qualidade técnica, mas pelo fato de Gregg Popovich parecer confiar mais nele. A adaptação do francês Mahinmi será importantíssima para as temporadas futuras e também para a disputa de 2008/2009, uma vez que com um bom parceiro ao seu lado, Duncan já provou ser capaz de decidir um campeonato. Meu preferido, pelo que vi jogar desses três, é o francês, mas sei que Pop não optará pelo mesmo, pelo menos no começo. Thomas está velho, mas ainda pega seus rebotes; é peça importante na renovação. E, falando em renovação, acho importante também a manutenção do veterano Robert Horry, porque mesmo que ele pouco atue na regular, sabemos de sua importância na pós-temporada.

3) A campanha em casa 

Falar é fácil, eu sei, mas o Spurs tem que se garantir em casa. Dos 41 jogos que serão disputados no AT&T Center, pelo menos 30 devem ser vencidos pela equipe, porque essa é a campanha que se espera de uma equipe focada no título. Quando receber adversários mais fracos, a pressão da torcida pode sim decidir o jogo. Mas quando recebermos times mais fortes, Pop terá que colocar o time na pressão, para que junto com a força da torcida possamos encurralar adversários fortes.

4) Pré-temporada

Perder ou ganhar um jogo da pré-temporada não fará diferença nenhuma na temporada em si. Mas vale lembrar que o período de treinos antes da regular começar é válido para condicionar jogadores – Ginobili se recuperando de lesão, principalmente – e entrosar o time. Popovich é ótimo técnico, mas parece estar satisfeito demais com a forma que seu time joga. Os chamados treinamentos de campo são ideais para que Pop possa treinar novas jogadas e assim surpreender um pouco os adversários – e nós mesmos, torcedores do Spurs.

5) Conclusão

Não farei um palpite sobre quem será o campeão da próxima época da NBA. Coloco sim o Spurs entre os favoritos, mas não com tanta convicção quanto antes. Algumas equipes se mexeram e formaram ótimos elencos, casos de Sixers, Blazers e Heat, fator que pode complicar a disputa que já foi acirrada na última temporada. O Spurs pouco fez e confia em um elenco veterano e até certo ponto já manjado pelos adversários. Resta saber se Gregg Popovich e sua comissão terão alguma carta da manga para surpreender e, quem sabe, abocanhar o penta.