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Hora de De Colo e Neal
Já não é novidade para ninguém que Manu Ginobili ficará um bom tempo afastado do San Antonio Spurs. Com uma lesão muscular na coxa direita, o astro argentino pode até mesmo perder o início dos playoffs. Quando soube da contusão, o técnico Gregg Popovich foi claro: quem mais sentiria a falta do ala-armador seria a segunda unidade, previsão que tem se confirmado até agora. Por isso, é hora de outros reservas se imporem para que o time se mantenha nos trilhos. É hora de Nando De Colo e Gary Neal brilharem.
Sem Manu, é hora do mini Manu? (D. Clarke Evans/NBAE/Getty Images)
O plano de jogo do Spurs nas últimas duas temporadas inclui ter uma segunda unidade capaz de manter o desempenho da primeira. Jogando em um ritmo constante, o time texano apenas aguarda o adversário se cansar, ou colocar em quadra um quinteto mais fraco, para conseguir algumas corridas que fazem a diferença no final. Para isso, é importante que os reservas estejam afiados e entrosados.
Neste campeonato, Pop montou uma segunda unidade composta por bons passadores, como Stephen Jackson e Boris Diaw. A movimentação precisa de bola dos reservas constantemente acaba em cestas fáceis. Mas o grande maestro deste time é justamente Ginobili, um maestro na condução de bola no pick-and-roll, jogada constantemente usada para iniciar as jogadas enquanto os titulares estão descansando.
E é justamente no comando das jogadas que a segunda unidade tem sentido falta do argentino. Justamente a deixa para De Colo brilhar. Entre os reservas, o francês é aquele que tem mais talento para comandar o pick-and-roll e encontrar aquele homem que ficou livre após o início da jogada – seja o pivô que se movimentou em direção à cesta após o corta luz, seja um dos arremessadores que ficou sem marcação no perímetro. É hora do novato perder o receio e colocar todo o seu potencial para fora, principalmente o talento nos passes.
No entanto, não é só nas assistências que Ginobili se destaca. O ala-armador tem aquela frieza rara para pontuar na marra quando o adversário esboça uma corrida em momentos decisivos das partidas. E Neal tem uma característica semelhante: o camisa #14 não tem vergonha de partir para a cesta, seja no segundo quarto de um jogo morno contra o lanterna, seja nos minutos finais de uma partida contra o Los Angeles Lakers no Staples Center.
De todo o elenco do Spurs, Neal é aquele que mais tem a ganhar com a contusão de Ginobili. Criticado por exagerar na quantidade de arremessos que tenta por partida, o camisa #14 finalmente pode deixar a função de armador reserva, na qual ele foi improvisado por Pop ao longo do campeonato, para passar a atuar junto de De Colo, como um pontuador, para receber a bola só no momento de ir para a cesta. No primeiro teste, na derrota para o Oklahoma City Thunder, os dois tiveram desempenho interessante: foram oito pontos (3-9 FG, 2-5 3 PT), quatro rebotes, duas assistências e duas roubadas de bola para o francês e 14 pontos (5-11 FG, 1-4 3 PT, 3-3 FT) para o ala-armador.
Por isso, defendo que, se confirmada a lesão de Tony Parker, Cory Joseph deve assumir a função de armador titular. O canadense poderia concentrar seus esforços na defesa, seu ponto forte, e deixar o comando do ataque nas mãos de Kawhi Leonard e Tim Duncan. Enquanto isso, De Colo ficaria como maestro da segunda unidade, que teria Neal como principal pontuador e Jackson, Diaw e Matt Bonner ou DeJuan Blair completando o quinteto.
O elenco do Spurs não tem um jogador tão talentoso quando Ginobili para suprir sua ausência. Mas, talvez, as inúmeras responsabilidades que o argentino tem em quadra podem ser divididas entre outros integrantes do plantel. Há males que vêm para o bem: talvez, entre De Colo, Neal ou até mesmo Joseph, Pop encontre uma peça valiosa que pode se mostrar útil para os playoffs. É hora de mostrar serviço!
O Spurs na hora de decidir
Na sexta-feira (29), o San Antonio Spurs venceu o Los Angeles Clippers graças a uma cesta convertida nos instantes finais da partida por Tim Duncan. Recentemente, a equipe texana também teve a bola nas mãos nos últimos segundos na derrota para o Houston Rockets e no triunfo diante do Denver Nuggets e não encontrou sucesso. Por isso, resolvi pesquisar: como tem sido o desempenho da franquia nos momentos decisivos ao longo da temporada 2012/2013? Os resultados foram mais animadores do que eu imaginava.

Parker e Duncan: decisivos? (D. Clarke Evans/NBAE/Getty)
No campeonato, Duncan tem sido, ao lado de Manu Ginobili, a principal opção do Spurs para o fechamento de partidas. Antes de decidir o jogo contra o Clippers com uma cesta e falta, o ala-pivô havia errado um arremesso que poderia ter dado a vitória ao time sobre o Rockets depois que a jogada desenhada por Gregg Popovich, que deveria terminar com passe para o ala-armador, não deu certo. E, contra o Nuggets, foi o argentino quem não conseguiu pontuar após tentar uma infiltração – por sorte, Andre Miller não conseguiu virar na jogada seguinte.
De acordo com a página de estatísticas do site oficial da NBA, o Spurs marcou 357 pontos nesta temporada no chamado clutch time – ou seja, quando o time está ganhando ou perdendo por até cinco pontos de diferença restando cinco minutos para acabar um jogo. É a sétima maior marca na temporada – o líder é o Nuggets, com 441. Nessa situação, a equipe texana acerta 43% de seus arremessos de quadra, sendo a oitava mais eficiente da liga.
O mais animador é ver que, no clutch time, o Spurs marcou 58 pontos a mais que seus adversários ao longo da temporada 2012/2013 da NBA. É a segunda melhor marca do campeonato, perdendo apenas para os assustadores 129 do Miami Heat. Isso mostra que, sim, a equipe ainda sabe vencer jogos apertados.
Mas o que fazer naquele arremesso que decide a sorte da equipe após 48 desgastantes minutos de basquete? Para quem deve ir a bola? Os números mostram que, no mesmo clutch time, o Spurs marca 50 pontos a mais que seus adversários com Duncan em quadra, 37 com Tony Parker e apenas sete com Ginobili. Nessa situação, o ala-pivô já tem 78 pontos, com 48,3% de aproveitamento nos arremessos; o armador anotou 101, convertendo 49,4%; e o ala-armador soma 53, acertando 39%.
Manu é craque, já provou que pode ser decisivo e, nessa temporada, já brilhou em momentos decisivos ao levar o jogo contra o Golden State Warriors, que acabou em derrota, para a prorrogação. Mas os números mostram que, talvez, seja a hora de confiar em Parker, que já nos deu vitória contra o Oklahoma City Thunder, nos lances finais. Dá no francês!
O Spurs nas prorrogações
Com Tim Duncan, aos 36 anos de idade, e Manu Ginobili, aos 35, figurando na lista dos principais jogadores do time, é natural que o San Antonio Spurs sinta mais a parte física da desgastante temporada de 82 jogos do que as equipes com elencos mais jovens. Um dos reflexos disso pode ser um desempenho abaixo da crítica em partidas decididas no tempo extra. Porém, na noite de sexta-feira (22), na vitória sobre o Utah Jazz, a franquia texana chegou a uma marca importante: ter mais vitórias do que derrotas em prorrogações.
Splitter e Green: importantes em jogos desgastantes (D. Clarke Evans/NBAE/Getty)
Na temporada, o Spurs disputou sete jogos com tempos extras. O time começou bem, vencendo Toronto Raptors (25/11/2012) – em jogo com duas prorrogações -, Memphis Grizzlies (01/12/2012) e Houston Rockets (10/12/2012). Depois, vieram três derrotas seguidas e preocupantes, diante de Memphis Grizzlies (11/01/2013), Golden State Warriors (22/02/2013) e Phoenix Suns (27/02/2013). Agora, com o triunfo sobre o Jazz, o recorde da equipe texana voltou a ficar positivo.
A idade, principalmente de Duncan e Manu, pesa em jogos que vão além dos 48 minutos, principalmente porque os dois astros costumam ficar em quadra durante toda a prorrogação. Por isso, é importante que o Spurs tenha todo o elenco à disposição, com todos saudáveis, para poder rodar bastante durante o tempo regulamentar. Agora, com o retorno de Tony Parker, que perdeu oito jogos por conta de uma lesão no tornozelo esquerdo, a equipe tem mais chances de vencer partidas prolongadas.
Mas, mais importante do que isso, o Spurs precisa do apoio dos coadjuvantes nas partidas com maior duração. E isso passa, principalmente, por Danny Green, Kawhi Leonard e Tiago Splitter, trinca que foi apelidada por blogueiros americanos que cobrem a franquia texana de Little Three, trocadilho em relação ao Big Three. Em duas das quatro vitórias do time texano em prorrogações na temporada, dois destes jogadores pontuaram em dígitos duplos.
Leonard (30,6 minutos por jogo), Green (27,5) e Splitter (24,6) são os coadjuvantes do Spurs que mais recebem tempo de quadra – alguns mais até do que Duncan (29,9) e Ginobili (23,6), que seguem sendo preservados por Gregg Popovich para os playoffs. E os números mostram que a participação dos três não poderia ser melhor.
Nesta temporada, o Little Three, quando esteve em quadra, fez o Spurs marcar 248 pontos a mais do que seus adversários. É a segunda melhor marca entre todas as combinações de três jogadores possíveis dentro do elenco da franquia texana – perde apenas para Parker – Green – Duncan, com 270.
A participação dos três principais coadjuvantes do Spurs é útil de duas formas. Primeiro, para preservar os veteranos para jogos mais importantes. Segundo, para pavimentar o futuro da franquia, que já começa a ser visto com otimismo sem que um desmanche se faça necessário. Que Green, Leonard e Splitter continuem em alta e deixem o Little Three cada vez mais Big.
Cadê o Big Three?
Melhor jogador do San Antonio Spurs na temporada, Tony Parker está afastado do time por conta de uma contusão no tornozelo esquerdo. Aos 36 anos de idade, Tim Duncan desfalcou sua equipe em 11 jogos neste ano – alguns por lesões pequenas, outros por ser poupado. Por fim, Manu Ginobili sofreu com problemas físicos recentemente e ainda luta para encontrar sua melhor forma. Tudo somado à rotação de Gregg Popovich, que gosta de deixar o argentino como sexto homem, me fez perceber uma coisa: nunca o Big Three esteve tão pouco tempo em quadra junto quanto no atual campeonato.

Sem trio, sem título (Eric Gay/Associated Press)
De acordo com as estatísticas disponíveis no site oficial da NBA, Parker, Ginobili e Duncan atuaram juntos em apenas 438 minutos nesta temporada, o que, contando as prorrogações, equivale a menos de 14% do tempo que o time passou em quadra no campeonato. Outros 12 trios de jogadores do Spurs foram mais utilizados por Pop – o recordista tem Danny Green ao lado de Parker e Duncan, combinação que já soma 901 minutos.
Claro que é normal que o treinador queira poupar seus principais jogadores para os playoffs. Mas a questão é que o Big Three já começa a dar sinais de desentrosamento. O trio de astros do Spurs é apenas o 12º mais eficiente do time, tendo marcado, até aqui, 133 pontos a mais que os oponentes enquanto esteve em quadra. Além disso, a trinca é apenas a 12ª em arremessos convertidos, a sétima em tiros de três pontos convertidos, a décima em lances livres certos, a 12ª em rebotes coletados e a 12ª em assistências. Ou seja: a combinação dos três principais jogadores da equipe não está nem entre as dez melhores em fundamentos importantíssimos.
Acredite ou não, a questão me chamou a atenção quando dois dos três astros estavam afastados. Na sonora derrota para o Minnesota Timberwolves, Pop, sem poder contar com Parker, Duncan e Kawhi Leonard, escalou o time titular com Cory Joseph, Danny Green, Stephen Jackson, Matt Bonner e Tiago Splitter. A segunda unidade funcionou com Patrick Mills, Nando De Colo, Manu Ginobili, Boris Diaw e DeJuan Blair. Em outras palavras: os melhores jogadores disponíveis estavam divididos entre as duas escalações.
Isso faz parte da estratégia que Pop vem colocando em prática nos últimos anos. Com um elenco rico, o técnico se dá ao direito de equilibrar as duas unidades. Com isso, seu time consegue manter um ritmo constante ao longo dos 48 minutos e, assim que o adversário perder o fôlego ou colocar em quadra um quinteto mais fraco, é atropelado. E os resultados são indiscutíveis: pela terceira temporada seguida, a equipe texana caminha para a liderança da Conferência Oeste.
Porém, nos playoffs o buraco é um pouco mais embaixo. Na pós-temporada, é a hora dos principais jogadores do time ficarem 30, 40 minutos em quadra. Com todo o respeito, é a hora de Green jogar menos e de Manu jogar mais. E me pergunto: será que o Big Three estará pronto quando a hora chegar?
Recentemente, duas declarações me chamaram a atenção. A primeira delas foi de Pop, que disse que, jogando no Austin Toros, Joseph aprendeu 80% do ataque do Spurs – precisava apenas se inteirar do que é especialmente desenhado para o Big Three. E a segunda foi de Duncan, que disse que o time sente falta de Parker principalmente na leitura de jogo e no comando do ataque. Me pergunto: há quanto tempo será que o francês não chama uma jogada para o argentino finalizar?
Quando o armador voltar, talvez seja a hora de Pop pensar nisso. Os três não precisam jogar mais tempo, mas precisam jogar mais tempo juntos. Que os eficientes coadjuvantes do time me perdoem, mas sem Parker, Manu e Duncan 100%, o Spurs dificilmente será campeão.
Parker na defesa? Sim senhor!
Enfim, chegou o inevitável dia em que a falta de Tony Parker faria diferença. Depois de vencer os dois primeiros jogos após a lesão do armador, o San Antonio Spurs sofreu uma das maiores derrotas de sua história diante do Portland TrailBlazers, na noite de sexta-feira (8). Com a boa fase do camisa #9, todos sabiam que, em algum momento, sua eficiência nas infiltrações, sua precisão nos arremessos de média distância e sua excelência no comando do ataque do time texano fariam falta. O inesperado, no entanto, é ver o impacto que a ausência do francês tem causado na defesa.

Volta logo, craque! (Reprodução/melty.fr)
Claro que o jogo contra o Blazers é uma amostra pequena, ainda imprecisa para uma análise mais profunda. Mesmo assim, os números assustam: nunca antes na história do AT&T Center o Spurs havia tomado 136 pontos. Além disso, foi a partida em que o time texano mais sofreu pontos na temporada – o recorde era do Houston Rockets, que marcou 126 pontos contra o rival local, mas levou 134 e acabou derrotado na prorrogação – coincidentemente, no jogo em que Parker anotou seu primeiro triplo-duplo na carreira.
O resultado aconteceu com Damian Lillard, armador titular do Blazers, aproveitando-se da ausência do francês para marcar 35 pontos, ficando a apenas dois de seu recorde pessoal na NBA. Tudo isso atuando diante de Cory Joseph e Patrick Mills, que, supostamente, são melhores marcadores do que o camisa #9. Mas não é o que os números mostram.
Com Parker em quadra, o Spurs leva 97 pontos a cada 100 posses de bola do adversário na temporada, contra 102,9 de Mills e 105,5 de Joseph. Os números do armador francês também são melhores do que os dos demais jogadores que atuaram na posição no campeonato: Gary Neal apresenta 100,8, contra 102,4 de Nando De Colo.
Os números de Parker também aparecem no coletivo. O francês está nos cinco quintetos utilizados pelo técnico Gregg Popovich que mais marcam pontos em relação aos adversários, o que mostra bom trabalho dos dois lados da quadra. Mills aparece pela primeira vez apenas no sexto time mais eficiente, De Colo no sétimo e Joseph no 13º. Neal figura no segundo e no quinto, mas atuando na posição 2. Como comandante do ataque, somente no nono.
Na temporada, o Spurs costuma ceder 96,2 pontos por jogo para seus adversários. Nos três primeiros jogos sem Parker, esse número subiu para 98. Que o armador francês faria falta, todos imaginávamos. Só não esperávamos que fosse na defesa.

