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Quem ajuda na ausência de Parker

A vitória do San Antonio Spurs sobre o Sacramento Kings, na noite de sexta-feira (1º), trouxe preocupações muito maiores do que o placar de 130 a 102 pode supor. Durante a partida, a equipe texana viu Tony Parker, melhor jogador do time na temporada, deixar a quadra lesionado após torcer o tornozelo esquerdo. Enquanto os torcedores se preocupam, sem notícias da gravidade da contusão, uma série de atletas se prepara para assumir uma fatia relevante na rotação no caso de uma possível ausência do francês.

Na ausência de Parker e Neal, De Colo é o favorito de Pop (Reprodução/nbcnews.com)

Nesta temporada, o Spurs já teve de lidar com lesões de outros astros, como Manu Ginobili e Tim Duncan. Mas, neste caso, o buraco é mais embaixo. Parker é o líder da equipe em pontos (21), assistências (7,6) e minutos (33) por partida. O armador tem feito sua segunda melhor temporada em pontos, assistências, aproveitamento nos tiros de quadra (53,4%) e aproveitamento nos arremessos de três (37,9%) e a melhor em aproveitamento nos lances livres (82,7%). Sem dúvidas, o francês está no auge – o que, inclusive, o colocou na segunda colocação na corrida pelo MVP no site oficial da NBA. Trata-se, com certeza, do melhor jogador do time. Seria um desfalque gravíssimo.

Como todos sabem, Gary Neal é o reserva preferido do técnico Gregg Popovich para a função. O ala-armador, que vem sendo improvisado na armação da segunda unidade, jogou 1.147,5 minutos nesta temporada, aparecendo em três das dez escalações mais usadas pelo treinador no campeonato, e apresenta médias de 9,4 pontos, 2,2 rebotes e 1,7 assistências em 22,5 minutos por exibição. O problema é que o camisa #14 perdeu os últimos três jogos com uma contusão na panturrilha esquerda – lesão que, segundo relatos da imprensa americana, tem atrapalhado o atleta em toda a temporada – e é dúvida para as próximas partidas.

Em seguida, aparece Nando De Colo, com 613,6 minutos na temporada. O francês tem médias de 3,3 pontos, 1,8 assistências e 1,7 rebotes em 11,8 minutos por jogo e aparece em três dos vinte quintetos mais utilizados por Pop no campeonato. Situação melhor que a de Patrick Mills, que jogou 499,8 minutos na temporada e apresenta médias de 4,5 pontos, 0,9 rebotes e 0,8 assistências em 10,2 minutos por jogo, aparecendo em somente um dos vinte quintetos mais usados por seu treinador.

Caso Parker e Neal sejam desfalques nos próximos jogos, De Colo e Mills deverão dividir os minutos na armação. O francês tem como ponto forte o passe, enquanto o australiano está mais para um pontuador. Por isso, faz mais sentido deixar o primeiro como titular, distribuindo passes para Danny Green, Kawhi Leonard, Tim Duncan e Tiago Splitter, enquanto o segundo exerce a função de arremessador na segunda unidade, deixando Manu Ginobili comandar o ataque.

Porém, vale lembrar ainda que há um jogador correndo por fora na briga: Cory Joseph. O armador vem fazendo boa temporada na D-League pelo Austin Toros, apresentando médias de 19,4 pontos, 5,5 assistências e 4,8 rebotes em 38,5 minutos por exibição. Com o Spurs, o canadense atuou por apenas 79,2 minutos no atual campeonato, e sustenta médias de 2,5 pontos, 1,2 assistências e 1,1 rebotes em 7,2 minutos por jogo.

Se realmente desfalcar o time, Parker fará mais falta do que qualquer outro jogador do elenco texano. Mas, se há um lado bom na lesão do francês, é a chance que Pop terá para testar Neal, De Colo, Mills e Joseph, e, enfim, definir quem será o armador da segunda unidade nos playoffs. Façam suas apostas!

Dois dos lados da quadra

As 16 vitórias que o San Antonio Spurs conquistou nos últimos 18 jogos fizeram com que até mesmo aqueles que acreditam fortemente que Miami Heat e Oklahoma City Thunder voltarão a disputar o título da NBA passassem a incluir a equipe texana na lista de favoritas. Para passar a figurar de vez entre as potências da temporada, o alvinegro texano, dono da melhor campanha da liga, chegou a um equilíbrio raro, com excelência ofensiva e eficiência defensiva. Um equilíbrio que promete entrar para a história do basquete.

Os comandantes do eficiente Spurs (Rocky Widner/NBAE/Getty)

Na temporada passada, o Spurs chegou a vinte vitórias seguidas jogando um basquete envolvente no ataque, com muita movimentação de bola, que encantou a NBA. No entanto, a derrota para o Thunder na final da Conferência Oeste mostrou a inabilidade que o time texano tinha na defesa, principalmente para proteger o garrafão das infiltrações de Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden, hoje no Houston Rockets. Cabia ao treinador Gregg Popovich tentar soluções antes do início da temporada.

Observando o time jogar agora, não é segredo para ninguém que Pop conseguiu revolucionar a marcação do Spurs. Com alguns ajustes – entre eles, a promoção do pivô brasileiro Tiago Splitter ao quinteto titular -, a franquia de San Antonio agora está na elite defensiva da NBA. Mas o principal mérito do treinador foi transformar sua equipe sem perder a eficiência nos contra-golpes e a movimentação de bola no ataque que viraram marca registrada.

De acordo com levantamento feito por John Schuhmann no site oficial da NBA, o time texano tem a terceira melhor defesa e o quarto melhor ataque da temporada (as estatísticas não incluem a derrota para o Golden State Warriors). Desde 2000, somente outros nove times conseguiram ficar entre os cinco melhores dos dois lados da quadra e dois deles acabaram campeões: o Los Angeles Lakers, em 2009, e, pasmem, o Spurs em 2007.

Está longe de ser fácil conseguir este equilíbrio. Basta ver que as duas melhores defesas da liga estão em times com ataque pouco eficientes: o Indiana Pacers, líder, é apenas a 21ª equipe que mais marca pontos na NBA. O Memphis Grizzlies, que aparece na sequência, tem a 19ª maior produção da liga.

Nas últimas 14 temporadas, somente duas equipes que não estavam no top 10 tanto na defesa quanto no ataque foram campeãs da NBA. O Spurs foi além, figurando entre as quatro melhores nos dois fundamentos. Ainda vale lembrar que, com o fim da Rodeo Road Trip se aproximando, o time texano fará apenas oito de suas últimas 25 partidas fora de casa, tendo a chance de melhorar ainda mais seus números atuando em seus domínios. Pintou um favorito?

Concorrência internacional

Um dos segredos da boa produção da maioria dos jogadores do San Antonio Spurs é a concorrência. O titular Danny Green, por exemplo, sabe que não pode vacilar, já que Gary Neal, Nando De Colo, Patrick Mills e até mesmo Cory Joseph, astro do Austin Toros, estão doidos para ganhar alguns minutos na rotação. E não para por aí. Internacionalmente, a franquia texana tem os direitos de vários jogadores que, a cada dia mais maduros, sonham com uma oportunidade na NBA. Um deles é Marcus Denmon.

Denmon na bandeja; nasce um novo Spur? (Gilles Dufour/Reprodução/lejsl.com)

Selecionado pelo Spurs na 59ª e penúltima escolha do Draft do ano passado, Denmon se tornou um projeto a longo prazo para a franquia texana. E o desenvolvimento do ala-armador começou na Summer League de 2012, quando o jogador apresentou médias de 5,4 pontos (37,0% FG, 25,0% 3 PT, 50,0% FT), 1,8 rebotes e 1,6 assistências por exibição. Porém, sem espaço no elenco do time de San Antonio, o jovem de 22 anos foi negociado com o Elan Chalon, da França, para ter tempo de quadra antes de, enfim, fazer sua estreia na NBA.

No entanto, o destino resolveu colocar um obstáculo na trajetória de Denmon, no dia 05 de outubro de 2012, durante partida contra o ASVEL Basket – time que tem Tony Parker como dono e que contou com o armador durante o locaute da NBA -, o ala-armador quebrou o pé direito. Foi preciso um longo período de adaptação para que o jogador pudesse voltar às quadras – o que aconteceu no dia 26 de janeiro, em duelo contra o JDA Dijon Basket.

Em seu retorno, Denmon saiu do banco de reservas e anotou 13 pontos (4-8 FG, 2-6 3 PT, 3-4 FT) e uma roubada de bola em 20 minutos na vitória de seu time por 73 a 55. No último dia 9, o ala-armador voltou a atuar, novamente em casa, e, entre os reservas, deixou a quadra com 13 pontos (4-8 FG, 2-4 3 PT, 4-4 FT), cinco assistências, três rebotes e duas roubadas de bola em 25 minutos no triunfo por 89 a 75 sobre o Boulazac Basket Dordogne.

A contusão impediu que Denmon disputasse a Euroliga por seu time, que venceu apenas três das dez partidas que fez na competição. O campeonato continental, considerado o segundo melhor interclubes do mundo, certamente ajudaria o ala-armador a se desenvolver. Mas, pelos números exibidos no parágrafo anterior, o jovem já consegue se destacar, mesmo ainda sem ritmo de jogo. Parece estar no caminho certo.

Em entrevista concedida ao Spurs Brasil antes do início da temporada, Denmon afirmou que ainda quer aprender a comandar um time, jogando como armador principal, antes de desembarcar em San Antonio, e que pretendia manter contato com a franquia texana. O desejo pelo aprendizado parece fazer com que o jogador combine com o perfil que R.C. Buford, Gregg Popovich e companhia tanto gostam. Será que vem aí mais um talento para aumentar a concorrência no Spurs?

A vida em 2015

O vínculo de Manu Ginobili com o San Antonio Spurs é válido somente até o meio deste ano. Tim Duncan, por sua vez, tem uma cláusula que permite renovar seu contrato com a franquia para disputar até a temporada 2014/2015. A partir daí, é provável que o time texano passe a atuar sem os dois, que a cada dia mais se aproximam da aposentadoria. E, nós últimos dias, com a contusão dos dois veteranos, pudemos ter uma ideia de como a equipe vai funcionar sem a dupla de craques.

Duncan sem uniforme: um dia, será para sempre (Reprodução/kare11.com)

Com problemas no joelho esquerdo, Duncan participou de apenas três dos últimos dez jogos do Spurs. Ginobili, que, por sua vez, sofre com problemas musculares na perna esquerda, esteve presente em quatro delas. Neste período, o time texano venceu nove jogos e perdeu apenas um, na noite de sexta-feira (8), contra o Detroit Pistons. Podia ser muito pior, certo?

A primeira diferença do Spurs em quadra sem os dois é a importância maior que Tony Parker ganha. E o francês tem respondido bem à pressão. Na temporada, o armador tem médias de 20,6 pontos e 7,6 assistências em 32,8 minutos por exibição. Nos últimos dez jogos, esses números se transformaram em 24,9 pontos e 9,3 assistências em 34 minutos por jogo. O aproveitamento nos arremessos de quadra também subiu, de 53,4% para 58,2%.

Neste ano, Parker tem a segunda melhor média de pontos, a segunda melhor média de assistências e o segundo melhor aproveitamento nos arremessos de quadra de toda a sua carreira. De acordo com dados do site Basketball-Referece, a bola passa pelas mãos do armador em 27,8% das posses do Spurs, terceira maior porcentagem desde que o francês chegou à NBA. O desempenho fez o astro aparecer na quarta colocação na corrida pelo MVP, no site oficial da liga. É a cada dia mais seguro dizer que o camisa #9 está no caminho certo para se tornar “o cara” da franquia texana.

Sem Manu, no entanto, Parker precisa de ajuda para não se tornar presa fácil para os marcadores por ser a única ameaça do Spurs no perímetro. O francês precisa que Danny Green acerte seus arremessos de três pontos para abrir espaço no garrafão. Nos últimos dez jogos, o ala-armador acertou 50% dos tiros de longa distância, contra 42,7% em toda a temporada. E o armador precisa que Kawhi Leonard também se torne uma ameaça ofensiva. E o ala tem anotado 12,3 pontos por exibição nas últimas dez partidas, contra 9,9 se levado em conta todo o campeonato.

Quem também deveria estar se aproveitando da ausência de Ginobili é Gary Neal. Com a contusão do argentino, ala-armador passou a atuar em sua função de origem no time reserva, deixando a armação da segunda unidade nas mãos de Patrick Mills ou Nando De Colo. No entanto, nos últimos dez jogos, o camisa #14 anotou somente 6,6 pontos por partida, contra 9,6 de média em toda a temporada.

O principal problema do Spurs nas ausências de Ginobili e, principalmente, de Duncan tem sido a defesa. O time texano deixou os adversários passaram da marca dos 100 pontos três vezes nos últimos dez jogos. Também, pudera; segundo dados do site 82games.com, levando em consideração os dez quintetos mais utilizados pelo técnico Gregg Popovich na temporada, o ala-pivô está nos únicos quatro que permitem menos de um ponto por posse de bola para os adversários. O argentino faz companhia em dois deles.

Como mostrado nos últimos dez jogos, Pop já ensaia uma solução para manter o ataque do Spurs funcionando sem Manu e Duncan. O problema pode ser a defesa. Mas ainda há muita água para rolar embaixo da ponte antes da aposentadoria dos craques: até lá, Aron Baynes pode se tornar um marcador de garrafão confiável e o Spurs pode encontrar mais talento nos Drafts. Enquanto isso, vamos aproveitar a presença dos ídolos enquanto é tempo.

D-League não é o fim do mundo

A maneira com que o San Antonio Spurs tem lidado com seus novatos vindos de fora dos Estados Unidos tem assustado um pouco os fãs da franquia. Isso porque o francês Nando de Colo rapidamente encantou os torcedores com suas habilidades na hora do passe, enquanto o australiano Aron Baynes chegou como esperança de melhorar a defesa de garrafão da equipe. No entanto, ao longo da temporada, os dois jogadores foram enviados para o Austin Toros, time da D-League, a liga de desenvolvimento da NBA, filiada à franquia texana. Mas, acredite: a aparente despromoção não é o fim do mundo.

É a vez de Baynes passar pela D-League (D. Clarke Evans/NBAE/Getty Images)

Não é segredo para ninguém que o treinador Gregg Popovich não costuma dar muito espaço para seus novatos na rotação. Foi assim com George Hill, DeJuan Blair, Tiago Splitter e até com Kawhi Leonard, que só assumiu a titularidade na última temporada com a saída de Richard Jefferson e, mesmo assim, perdeu espaço ao longo dos playoffs. Porém, De Colo e Baynes têm uma dificuldade a mais do que seus colegas na briga por afirmação: nunca o elenco do Spurs foi tão rico em opções.

Para conseguir seus minutos, De Colo precisa brigar com Tony Parker, Manu Ginobili, Danny Green e Gary Neal, jogadores já estabelecidos nas posições 1 e 2, além de Patrick Mills, que também procura seu espaço. No garrafão, o panorama não é muito diferente para Baynes, que disputa tempo de quadra com Tim Duncan, Boris Diaw e Matt Bonner, além dos já citados Splitter e Blair.

A situação dos dois, no entanto, é bem diferente da de Cory Joseph, por exemplo. O armador foi uma aposta ousada do Spurs na primeira rodada do Draft de 2011, mas ainda era um jogador cru no momento de sua chegada em San Antonio. Por isso, o canadense joga pelo Toros para se desenvolver. E parece estar funcionando: entre as duas temporadas, o camisa #5 pulou de 13,8 pontos (45,9% FG, 36,7% 3 PT, 92,3% FT), 5,1 rebotes e 5,1 assistências para 19,9 pontos (46,0% FG, 41,7% 3 PT, 80,2% FT), 5,5 rebotes e 4,8 minutos por exibição na D-League.

Joseph, no entanto, é de uma escola em que o Spurs não tem encontrado sucesso. Apelando para universitários no Draft e tentando explorar seu potencial, a franquia texana não conseguiu bons resultados com jogadores como Malik Hairston, Jack McClinton e, mais recentemente, James Anderson. No entanto, a equipe é unanimidade na hora de detectar talento internacional, casos de De Colo e Baynes.

O armador francês e o pivô australiano não precisam da D-League para desenvolver seu jogo. Os dois são atletas prontos. Precisam, sim, usar o Toros para ganhar ritmo de jogo. Isso porque, apesar da riqueza de opções de Pop, os dois têm características escassas no elenco texano. E, por isso, o treinador pode precisar deles a qualquer momento.

Não sou o primeiro a tocar no assunto. Leonardo Sacco, meu colega de Spurs Brasil, acha que De Colo pode se beneficiar da D-League. A opinião é parecida com a de Bruno Pongas, do blog Destino Riverwalk. O francês e o australiano deverão passar mais tempo na D-League até o fim da temporada. E não será o fim do mundo.