Arquivo do autor:Victor Moraes
Com o jeito “caipira”

Estamos quase lá… Falta muito pouco para a temporada 2012/2013 começar. A bola sobe pra valer na NBA a partir da próxima terça-feira (30), com três partidas, mas o San Antonio Spurs estreia um dia depois, em duelo contra o New Orleans Hornets (com transmissão da ESPN). Entre os especialistas, quase nenhum coloca os texanos na briga pelo título, mas isso não deve abalar os jogadores do elenco de Gregg Popovich.

Não mexam com os homens do Oeste…
Pouca badalação, analistas não muito esperançosos, torcida um tanto quanto desconfiada. Foi mais ou menos com este cenário que o Spurs começou suas últimas temporadas. Este ano a situação é parecida. Em votação realizada entre os General Managers da NBA, nenhum apontou o Spurs como futuro campeão. Na mídia norte-americana, Los Angeles Lakers e Miami Heat dominam as pautas quando o assunto é candidatos ao título, enquanto os texanos raramente aparecem.
Nos últimos anos, o time de San Antonio deixou de carregar o status de favorito e passou a adotar o estilo caipira, o famoso “come-quieto”. Enquanto todos voltam seus olhos para os elencos estelares montados em Los Angeles e Miami, os texanos aparecem de fininho para se intrometerem entre os favoritos.

Sangue jovem é a esperança do Spurs para se manter no topo mais uma temporada
Se a cada novo início de temporada circulam discursos sobre o fim da “Era Duncan”, em quadra o que se vê é um Spurs altamente competitivo, que liderou a Conferência Oeste nas duas últimas temporadas regulares.
É bem verdade que o título não veio, mas ano após ano a franquia mostra que, mesmo com seus astros já com idade avançada, continua entre as melhores equipes da NBA. Se Duncan e Ginobili não são mais garotos, continuam desfilando categoria e eficiência em quadra, além de contarem com o apoio de excelentes coadjuvantes.
E é novamente nesses coadjuvantes que o Spurs se apoia para voltar a surpreender os favoritos. Com toda a base do ano passado mantida, a equipe confia em nomes como Danny Green, Kawhi Leonard e Boris Diaw para ajudar o trio de ferro a ir em busca de mais um título da NBA.
Enquanto os holofotes se viram para a Califórnia e para a Flórida, o Texas, quietinho quietinho, e com seu jeito caipira, se prepara para roubar a cena outra vez.
Eddy Curry e Derrick Brown são dispensados


Não foi desta vez…
Dois dos candidatos à última vaga no plantel do San Antonio Spurs foram dispensados na noite da última terça-feira (23), como noticiado no site oficial da franquia. O ala Derrick Brown e o pivô Eddy Curry, que disputaram a pré-temporada pela equipe, não fazem mais parte dos planos do time texanoa para a temporada 2012/2013 da NBA.
Brown, que pode atuar nas posições 3 e 4, foi testado em cinco jogos da fase de preparação, um deles começando como titular. Acumulou médias de 6,6 pontos e 3,1 rebotes em 15,4 minutos por partida.
Curry atuou o mesmo número de jogos, com a mesma média de minutos em quadra, mas conquistou números um pouco melhores: 8,4 pontos e 3,6 rebotes.
Se nenhum dos dois conseguiu impressionar o exigente técnico Gregg Popovich, ao menos não decepcionaram. Até mesmo Curry, que nos últimos anos ficou mais conhecido por seus problemas com a balança, conseguiu mostrar serviço. Ambos, agora, são novamente agentes livres e devem despertar o interesse de outras franquias durante a temporada.
Na corrida pelo último dos 15 lugares no elenco texano, resta apenas Josh Powell. O ala-pivô também disputou cinco jogos nesta pré-temporada e acumulou 7,0 pontos e 4,2 rebotes em 15,4 minutos por partida. Apesar de ver a concorrência diminuir, entretanto, Powell ainda não está assegurado em San Antonio, já que a franquia pode optar por dispensá-lo e deixar a vaga em branco.
Leia mais: veja quem pode chegar e quem pode deixar o San Antonio Spurs
Spurs terá sete jogos transmitidos pela ESPN


O brasileiro Tiago Splitter terá muitas chances de ser visto em seu país natal
Cinquenta e nove. Este será o número de jogos transmitidos pela ESPN para o Brasil durante a temporada regular de 2012/2013. Na lista de transmissões divulgada pela NBA, o San Antonio Spurs será a quarta equipe mais contemplada pelo canal, com sete partidas.
E o torcedor já pode se animar. A primeira partida da temporada em telas brasileiras contará com Tim Duncan, Manu Ginobili e companhia. A ESPN abre suas transmissões no dia 31 de outubro, com o duelo entre San Antonio Spurs e New Orleans Hornets, às 22h.
Os líderes no número de transmissões são os atuais campeões e vices da NBA, Miami Heat e Oklahoma City Thunder, com dez partidas cada, mesmo número que terá o Los Angeles Lakers. Boston Celtics e Chicago Bulls terão seis transmissões cada e aparecem logo atrás do Spurs na lista dos preferidos do canal.
Seguindo a tradição, as partidas serão televisionados pela ESPN sempre nas noites de quarta e sexta-feira. Assim como na última temporada, o canal Space também deve transmitir jogos da liga norte-americana, mas a relação ainda não foi revelada.
Confira os jogos do Spurs com transmissão da ESPN:
31/10/2012 (22h) – San Antonio Spurs @ New Orleans Hornets
13/12/2012 (1h30) – San Antonio Spurs @ Utah Jazz
09/01/2013 (23h) – San Antonio Spurs vs. Los Angeles Lakers
23/01/2013 (23h30) – San Antonio Spurs vs. New Orleans Hornets
25/01/2013 (23h) – San Antonio Spurs @ Dallas Mavericks
07/02/2013 (00h) – San Antonio Spurs @ Minnesota Timberwolves
06/03/2013 (23h) – San Antonio Spurs vs. Chicago Bulls
Qual a melhor opção?

Encontrar um reserva confiável para Tony Parker sempre foi um problema para o San Antonio Spurs. Desde que o francês desembarcou no Texas, em 2001, poucas vezes pôde ir descansar tranquilo durante as partidas. Na função de substituir o francês, muitos já passaram; alguns com mais sucesso, outros com menos, mas entra ano e sai ano e este é um problema que volta à tona.

E quando ele tiver que descansar?
Terry Porter, Speedy Claxton, Jason Hart, Nick Van Exel, Beno Udrih e Jacque Vaughn tiveram a missão, antes de George Hill assumi-la em 2008 e solucionar temporariamente o problema. Mas com a troca do armador para o Indiana Pacers, na negociação que trouxe Kawhi Leonard ao Spurs, em 2011, Gregg Popovich estava novamente com o abacaxi nas mãos para descascar.
O início animador de T.J. Ford na última temporada empolgou os torcedores, que viram no armador um reserva à altura para Tony Parker. Mas um problema crônico na coluna forçou a precoce aposentadoria de Ford e deixou o Spurs sem um substituto para o astro francês, já que Cory Joseph, draftado em 2011, ainda estava muito cru para a NBA.

Neal foi usado na armação na última temporada
A solução encontrada por Popovich foi improvisar Gary Neal na posição, opção mantida durante toda a temporada, mesmo após a chegada do australiano Patrick Mills ao elenco.
Para 2012/2013, o treinador terá novas opções para dar valiosos minutos de descanso à Parker. Primeiro porque Mills está mais ambientado ao esquema tático e vem cheio de confiança depois da boa participação nas Olimpíadas de Londres, liderando a seleção da Austrália.
Outra opção para Pop é o novato Nando De Colo, que já nos jogos de pré-temporada mostrou visão de jogo acima da média e está disponível para atuar como armador principal se necessário.
A escolha de Popovich, no entanto, deve ser mesmo Gary Neal. O treinador já deu declarações que deve manter o ala-armador improvisado na posição, pelo menos no início da temporada. Então Mills e De Colo terão de correr atrás de seus minutos.
Mas manter Neal improvisado como reserva imediato na armação não me parece a melhor decisão quando se tem outros jogadores com características mais condizentes com a função. Não que ele tenha ido mal quando exigido – até conseguiu executar bem o “feijão com arroz” -, mas Neal claramente não tem o “cacoete” de armador.
O ponto forte de seu jogo é o arremesso e atuar na posição 1, sendo obrigado a iniciar as jogadas ofensivas, acaba sacrificando muito sua principal arma. Com a bola nas mãos, Neal tem visão de jogo limitada e, muitas vezes, acaba tomando decisões erradas, forçando chutes desnecessários.

Mills irá para sua segunda temporada em San Antonio. Chegou a hora de brilhar?
Armador de origem, Mills me parece pronto para ter uma oportunidade. Com ótimo controle de bola e habilidade para pontuar, tem características mais parecidas com as de Parker. Depois do período de adaptação que passou na última temporada, entrosamento não deve ser mais um problema.
De Colo também está mais habituado à função do que Neal. O francês se acostumou a jogar com a bola nas mãos durante seu período na Espanha, e, embora seja menos pontuador que Parker, é um excelente passador.
Popovich é um técnico teimoso e quando coloca algo na cabeça é difícil mudar de ideia. Mills e De Colo terão de mostrar no dia a dia, nos treinos e durante as partidas, que podem assumir a posição. Mais até que o trabalho ofensivo, terão de provar evolução defensiva para deixar o técnico com uma boa “dor de cabeça” na hora de decidir a rotação.
Reforço de peso?

Começaram oficialmente no início desta semana os treinamentos para a temporada 2012/2013 da NBA. Para o San Antonio Spurs, não foi diferente e a equipe realizou um treino aberto para o público no AT&T Center. Mas o assunto mais comentado da semana em San Antonio foi outro: a contratação de Eddy Curry, que fará parte do elenco que disputa a pré-temporada – a primeira partida será neste sábado (6), quando os texanos recebem os italianos do Montespachi Siena.

Foi mais ou menos esta a minha cara ao ver o nome de Eddy Curry na lista (D. Clark Evans/NBAE/Getty)
Confesso que a contratação de Curry me pegou de surpresa e me assustei ao ver o nome do pivô na lista de 20 atletas que iniciaram os treinamentos. Não é o perfil de jogador em que a diretoria do Spurs costuma apostar suas fichas. O pivozão, de 2,13m de altura, se tornou mais conhecido nos últimos anos pelo problema em controlar o peso do que pelo seu basquete.
Mas afinal, qual foi o objetivo desta contratação? O que Eddy Curry tem a adicionar ao Spurs? Estou tentando entender até agora… Aqui vão algumas das minhas teorias do que se passou pela cabeça da diretoria.
Primeiramente, Curry nada mais é do que uma aposta. Apesar de já ter 11 anos de experiência na NBA, o camisa 52 começa a temporada 2012/2013 praticamente do zero. Como se fosse um novato, o pivô tem de buscar o seu espaço e mostrar que ainda merece mais uma chance.
O Spurs já tem 14 jogadores sob contrato para iniciar o campeonato e resta apenas mais uma vaga no elenco – o máximo permitido no início da temporada regular é 15 atletas. Isso quer dizer que ele briga com outros seis jogadores pelo último posto aberto. Apesar de que, na prática, a briga será mesmo com Derrick Brown, ala que pode jogar nas posições 3 e 4, e Josh Powell, ala-pivô que tem o atleticismo como ponto forte. Ou seja, o Spurs não tem nada a perder. Se der certo, ótimo; bons pivôs nunca são demais em uma liga que anda escassa de big men. Se não der, há outros atletas prontos para abocanhar a chance.

Olhando assim, nem parece tão gordo (D. Clark Evans/NBAE/Getty)
Curry tem talento para conseguir seu espaço. Quarta escolha do Draft de 2001, viveu o auge na temporada 2006/2007, quando registrou médias de 19,5 e sete rebotes por jogo, acertando 57,6% dos tiros de quadra. Defender nunca foi sua praia, mas no ataque o pivô tinha ótima capacidade. Desde então, sua carreira foi ladeira abaixo. Engordou uma barbaridade e virou motivo de piada. Nos últimos quatro campeonatos, entrou em quadra em só 24 jogos, totalizando 157 minutos jogados. Muito pouco.
Disposto a retomar a carreira, Curry se apresentou ao Spurs mais magro do que o esperado, surpreendendo até mesmo o técnico Gregg Popovich. Mas só emagrecer não será o suficiente para convencer o exigente treinador. Depois de tanto tempo praticamente inativo, ele precisa provar que ainda consegue jogar basquete em alto nível. O pivô não tem uma temporada “de verdade” desde 2007/2008, quando jogou em 58 partidas pelos Knicks.
Esta deve ser a última chance na carreira para Curry mostrar o seu valor. Se o gigante provar que tem disciplina e está mesmo disposto a voltar a ser como antes, não há lugar melhor que em San Antonio. Em Tim Duncan, ele pode ter um espelho, e em Popovich o comandante durão que não o deixará sair da linha. Resta a ele mostrar que ainda mantém pelo menos parte do antigo talento, que um dia o colocou como um dos mais promissores pivôs da atual geração.
