Arquivo do autor:Gabriel Melloni

O mesmo Lakers, porém mais forte

Caro leitor, como vocês devem ter percebido, estive ausente na última semana, impossibilitado de escrever minha coluna por falta de tempo. Peço desculpas a vocês e agradeço meu colega Leonardo Sacco por ter me representado tão bem.

Bom, vamos ao que interessa. A temporada vai passando e já foram disputados aproximadamente 18 jogos por cada franquia. Algumas equipes que apareciam muito bem vão ficando para trás, como o Atlanta, citado por mim algumas semanas atrás, e provam que não têm qualidade para manter uma regularidade. Outras fazem o caminho inverso. Os rivais Dallas e San Antonio parecem ter encontrado finalmente seu melhor basquete e voltam a ter mais vitórias do que derrotas.

Mas se existem duas equipes que têm mantido a regularidade e aparecem como grandes favoritos são os dois finalistas da última temporada: Lakers e Celtics. O Celtics conta, provavelmente, com o melhor elenco da NBA. Além de seus 3 astros (Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen), a franquia possui ótimos jogadores “secundários”, como Rajon Rondo. Era esperado que, mantendo a base, o sucesso fosse mantido, e é exatamente o que vem acontecendo.

Já o Lakers surpreende. Não pela sua boa campanha, afinal se um time chega a uma decisão deve ter algum mérito, mas por sua extrema regularidade. São 14 vitórias e 2 derrotas até o momento para o time da Califórnia, que ainda conta com Kobe Bryant como sua principal arma ofensiva. No entanto, o ala-armador não tem jogado sozinho como vinha acontecendo há algumas temporadas. São cinco jogadores com dois dígitos em média de pontos na temporada. Pau Gasol parece ter entendido seu papel na equipe e assumido a responsabilidade, o que claramente faltava para ele no último playoff. Andrew Bynum vem adiquirindo experiência e seu jogo tem crescido, são 9.1 rebotes e 12.7 pontos de média. Até Lamar Odom tem sido importante vindo do banco.

Talvez esse seja o ano do Lakers. Mantendo o estilo de jogo e a regularidade, eles podem chegar lá. O que pesa contra é a falta de experiência de alguns jogadores, principalmente em playoffs, nos quais alguns tendem a sumir do jogo. Mas mesmo que não seja esse o ano, mantendo essa equipe, que só deve crescer de produção daqui para frente, os californianos têm grande possibilidade de conquistar o anel. Só resta saber quando…

A volta do Shaq Attack

O super-pivô Shaquille O’Neal, já com 36 anos, parece estar reencontrando seu basquete no Phoenix neste início de temporada. No último dia 12, Shaq entrou para o grupo dos dez maiores pontuadores da história da NBA, anotado 18 pontos na derrota do seu Suns para o Rockets por 94 a 82. Com isso, passou a lenda do Boston Celtics, o armador John Havlicek, então detentor da décima marca, com 26.395 pontos.

Mas não foi só isso que O’Neal conseguiu nesta temporada. Aparentemente sua vontade de jogar basquete está de volta também. Depois de duas temporadas pífias no Miami, nas quais ficou abaixo dos vinte pontos e dez rebotes de média por jogo, o pivô tem se acertado no Suns. Claro que a forma física não é mais a mesma e dificilmente ele consegue permanecer 40 minutos ou mais em quadra, como fazia em sua época de Lakers e Magic. Mas quando conseguiu, na vitória do Phoenix sobre Sacramento por 97 a 95, anotou 29 pontos e 13 rebotes. E esta não foi a única vez na temporada que Shaq foi fundamental para o Suns. Em outras duas ocasiões foi o cestinha da equipe e em outras três foi o líder em rebotes.

O super-pivô tem recuperado sua importância dentro da equipe, mas esse não é o único indicativo de sua maior disposição em quadra. Por incrível que pareça o fato de ter sido suspenso demonstra um certo grau de comprometimento do jogador com sua equipe. Sempre polêmico, O’Neal colecionou suspensões e multas ao longo de sua carreira. Ultimamente o jogador andava sumido, longe das confusões, mas também longe de sua melhor forma. Nesta temporada, entretanto, Shaq já foi multado, após confusão no jogo contra Houston, e suspenso, após falta dura em Rodney Stuckey do Detroit.

Talvez sua motivação atual se dê pelo fato de estar tão próximo do nono e do oitavo posto de maior pontuador da história da NBA, faltando pouco mais de 200 pontos para alcançá-los. Independentemente do motivo, é ótimo para nós, fãs do basquete, podermos ver um astro como Shaquille O’Neal jogando novamente um basquete de alto nível.

Surpresas de início de temporada

Início de temporada regular e como sempre as previsões feitas anteriormente não se concretizam totalmente. Times de quem se esperava muito decepcionam e times de quem pouco se esperava surpreendem positivamente.

Três equipes se enquadram bem nesse perfil. A começar com o Atlanta Hawks. A franquia lidera a divisão leste da NBA com seis vitórias e nenhuma derrota, deixando pra trás o gigante Celtics. Desses seis triunfos, três foram contra equipes que figuram entre as oito primeiras de suas conferências (Orlando, New Orleans e Toronto) e estariam classificadas aos playoffs.  Contando com uma equipe competente, com muitos jogadores jovens, como Al Horford (com 10.2 rebotes por jogo), e alguns experientes, como Mike Bibby e Joe Johnson (15.5 e 23.8 pontos por jogo respectivamente), o time que há dois anos era saco de pancadas da NBA tem reagido e se mostrado candidato a entrar na briga.

Por outro lado, duas equipes têm surpreendido por seus péssimos desempenhos nesse início de temporada. Os rivais do Texas, San Antonio Spurs e Dallas Mavericks, começam muito mal a competição. O Spurs é apenas o 11º da conferência oeste, seguido pelo Mavs, 12º. San Antonio sempre contou demais com as boas atuações de seu trio, Parker, Ginóbili e Duncan, mas nunca teve tão pouco apoio a ele. Com a contusão de Ginóbili antes mesmo do início da temporada, a equipe ficou ainda mais perdida. Contando com fracas atuações de seus outros jogadores e perdendo também Parker por alguns meses, a situação parece cada vez pior.

O Dallas Mavericks parece ter o mesmo problema de seu rival. Apenas com as boas atuações de Dirk Nowitzki, as assistências de Jason Kidd e a regularidade de Josh Howard, o time vai tendo um de seus piores inícios dos últimos anos. Com duas vitórias e cinco derrotas, a equipe tem como único resultado expressivo na temporada a ótima vitória sobre o próprio Spurs em San Antonio.

Ambas as equipes texanas precisam de renovação urgentemente. Há anos praticam o mesmo jogo e tem dado certo, mas uma hora os adversários entenderiam e aprenderiam a anular. Aparentemente isso tem acontecido. Talvez devam seguir o exemplo do Atlanta, que com uma equipe jovem tem surpreendido à NBA.

A grande transação da temporada

A grande notícia da NBA nesta semana é a troca entre Chauncey Billups e Allen Iverson. A troca ainda inclui, por parte do Pistons, o ala-pivô Antonio McDyess e o pivô Cheick Samb, que foram enviados ao Nuggets. Se durante a off-season não houveram grandes transações que abalassem o mundo da NBA, a temporada regular começa com essa bomba.

Chauncey Billups tem 32 anos. Na carreira, tem médias de 14.8 pontos e 5.5 assistências. Na última temporada, médias de 17 pontos e 6.8 assistências por jogo. Foi três vezes chamado para o All-Star Game e foi o MVP das finais de 2004.

Allen Iverson  tem 33 anos. Na carreira, tem médias de 27.9 pontos e 6.3 assistências por jogo. Na última temporada, médias de 26.3 pontos e 7.1 assistências. Foi MVP na temporada 2000-01, além de ter sido o MVP do All-Star Game em 2001 e em 2005.

Uma troca um tanto quanto inusitada, aparentemente. Iverson é indiscutivelmente mais habilidoso, melhor chutador e mais decisivo, e os outros jogadores incluídos na transação não equiparam a troca. Entretanto, é necessário tentar entender o lado do Nuggets. Desde que Iverson chegou, o time não passa da primeira rodada dos playoffs. O ex-jogador do 76’ers chegou a Denver com a responsabilidade e o investimento para levar o time mais longe do que conseguiu. Sem Allen, o Nuggets já havia conseguido chegar à primeira rodada dos playoffs também. É muito investimento por nada.

Billups também não é um jogador qualquer. Foi fundamental para a equipe de Detroit conseguir o título de 2003-04. Além disso, é um jogador que pensa muito mais no time do que Iverson. Talvez, tendo ele como armador, Carmelo Anthony possa crescer de produção. Com certeza, terá mais bolas para chutar, e agora contará também com mais um companheiro jogando para ele.

Aparentemente é uma troca muito melhor para Detroit do que para Denver. Mas é melhor esperarmos para ver, senão podemos cometer o mesmo erro que a grande maioria dos fãs de basquete cometeram algum tempo atrás, quando condenavam o New Jersey Nets por terem liberado o grande pontuador da equipe, Stephon Marbury, em troca de um armador do Suns que parecia estar caindo cada vez mais de produção, Jason Kidd.

Balanço da primeira rodada

Começou ontem a temporada 2008-09 do maior campeonato de basquete do mundo. A NBA inicia suas atividades sem nenhum tipo de surpresas. Os atuais campeões e vice- campeões estrearam com vitórias em seus domínios. Em Los Angeles, os Lakers bateram sem maiores dificuldades o Blazers. Com ótima atuação de Kobe Bryant, que, tentando cada vez mais evoluir seu jogo em equipe, anotou 11 rebotes e 5 assistências, além dos 23 pontos. No final, sua equipe venceu por 96 a 76.

Em Boston, os atuais campeões também largaram bem contra um de seus mais prováveis adversários nos playoffs, os Cavaliers. Contando com ótima atuação de Paul Pierce, o MVP das finais da última temporada, os Celtics suaram para bater o Cleveland por cinco pontos, 90 a 85. A surpresa do jogo ficou por conta da fraca atuação dos outros dois grandes astros da equipe. Kevin Garnett anotou apenas 11 pontos e 6 rebotes, e Ray Allen foi ainda pior, anotando 8 pontos, 4 rebotes e 4 turnovers.

Já o jogo de Chicago, entre Bulls e Bucks, foi mais tranqüilo. Contando com um bom jogo de equipe (seis jogadores anotaram mais de 10 pontos), o time da casa não teve trabalho para vencer por 108 a 95 a equipe de Michael Redd, que mais uma vez foi o único destaque da equipe de Milwaukee, com 30 pontos.

Um começo de temporada sem surpresas, com os favoritos vencendo e os candidatos a ficarem de fora dos playoffs perdendo. Se essa lógica for mantida, o Spurs não deverá ter trabalho contra o Suns hoje à noite. A equipe de Phoenix não é mais a mesma de anos anteriores. Perdeu jogadores essenciais para a manutenção do ritmo alucinante imprimido pelo time na transição (caso de Shawn Marion) e contratou outros que não conseguiram manter esse estilo de jogo (caso de Shaquille O’Neal). Resta saber se a equipe conseguiu se adaptar a essa nova realidade na pré-temporada ou se a adaptação acontecerá durante a temporada. Já o Spurs não tem com o que se adaptar. A  base foi mantida e as mesmas figuras de sempre continuam desequilibrando os jogos para a equipe do Texas (Ginóbili, Duncan, Parker). Minha aposta é na vitória do San Antonio.