Um olhar mais detalhado sobre Maggette

Confesso que a decisão do San Antonio Spurs de dispensar Sam Young me pegou de surpresa. Como já havia mostrado neste espaço, o ala era o meu favorito para ficar com a 15ª e última vaga aberta no elenco da franquia texana. Agora, 19 jogadores treinam sob contrato com a equipe, sendo que cinco deles não têm vínculos garantidos para a temporada regular: o armador Myck Kabongo, os alas Corey Maggette, Courtney Fells e Dan Nwaelele e o pivô Marcus Cousin. E, entre os cinco, o ex-jogador do Detroit Pistons é o mais experiente e, por isso, é claramente o favorito para permanecer. Mas o que isso significa?

Maggette é o favorito à 15ª vaga (Annie Werner/spurs.com)

Maggette não é exatamente o tipo de jogador que o técnico Gregg Popovich costuma usar na ala. O jogador está longe de ser um especialista em defesa. É verdade que, ao longo da temporada 2012/2013, o Pistons permitiu 101,4 pontos por posse de bola de seus adversários enquanto ele estava em quadra, segunda melhor marca de todo o elenco. Mas é preciso colocar um asterisco ao lado dessa estatística, já que o camisa 14 ficou “encostado” em Detroit: disputou apenas 18 partidas ao longo do campeonato, obtendo, em média, 5,3 pontos (35,5% FG, 23,8% 3 PT, 75% FT) e 1,4 rebotes em 14,3 minutos por exibição.

A ausência de um especialista para a reserva de Kawhi Leonard mostra que Pop pode ter desistido de usar um ala de ofício na segunda unidade. Opções para isso no elenco não faltam. O técnico pode, por exemplo, mandar à quadra um time reserva mais leve, com Manu Ginobili e Marco Belinelli nas alas e Cory Joseph, Nando De Colo e Patrick Mills brigando por minutos na armação. O treinador pode ainda, durante o descanso dos titulares, utilizar um quinteto mais pesado, com os cinco jogadores citados disputando duas vagas e Boris Diaw, Jeff Ayres, Matt Bonner e Aron Baynes na chamada frontcourt, já que os três primeiros, principalmente o francês, podem transitar entre as posições 3 e 4.

Mas então para que serviria manter Maggette em San Antonio? Primeiro porque, de acordo com relatos da imprensa americana, o ala é uma boa influência no vestiário e possui espírito de grupo. Com sua experiência, poderia servir como boa companhia para jovens em desenvolvimento, como Danny Green e Kawhi Leonard. Além disso, o camisa #14 é um pontuador talentoso, talvez o melhor do atual elenco quando subtraímos Parker, Manu e Duncan, e poderia ser importantíssimo nas partidas em que Pop decidir poupar o Big Three.

Em sua carreira, que começou na temporada 1999/2000 com o Orlando Magic, Maggette apresenta médias de 16 pontos (45,3% FG, 32,4% 3 PT, 82,2% FT) e 4,9 rebotes em 28,2 minutos por exibição. A comparação destes números com os que o jogador obteve no Pistons poderiam dar mostras de uma decadência acentuada. Mas, quando olhamos para a temporada 2011/2012 e vemos que ele sustentou, em média, 15 pontos (37,3% FG, 36,4% 3 PT, 85,6% FT) e 3,9 rebotes em 27,5 minutos por partida pelo Charlotte Bobcats, é possível concluir que o veterano pode ter sido subaproveitado na franquia de Detroit, que, em fase de reconstrução, preferiu dar mais tempo de quadra para jovens como Austin Daye, Jonas Jerebko, Khris Middleton e Kyle Singler na posição.

Olhando para o gráfico de arremessos de Maggette ao longo da temporada 2011/2012, quando ele estava no Bobcats e foi, de fato, utilizado pela última vez, preocupam o baixo aproveitamento no geral e o excesso de tiros de média distância de dois pontos. Mas são problemas, até certo ponto, normais para um jogador que era a principal referência ofensiva em Charlotte. Em compensação, o bom aproveitamento nas bolas de três da zona morta, que são importantes para o sistema ofensivo do Spurs, ficam como lado positivo da análise.

Clique para ampliar (Reprodução/stats.nba.com)

Clique para ampliar (Reprodução/stats.nba.com)

A trajetória de Maggette no Spurs começou com o ala dando mostras de que, de fato, é um pontuador eficiente. No treino aberto da franquia texana, o ala anotou oito pontos e cavou nove lances livres em apenas vinte minutos, acertando seis deles. E fez boa parte disso sendo marcado por Leonard, melhor defensor de perímetro da equipe. Depois, na vitória sobre o CSKA, no primeiro amistoso da pré-temporada, no entanto, o jogador não foi utilizado por Pop.

Talvez o Spurs decida não contratar nenhum dos cinco jogadores sem vínculo garantido que estão atualmente com o elenco. Talvez prefira deixar uma vaga em aberto para trazer alguém no meio da temporada, como fez recentemente com Patrick Mills, Tracy McGrady, Boris Diaw e Aron Baynes. Mas, se decidir, Maggette sai na frente dos demais. Bola para ajudar ele tem.

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 12/10/2013, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

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