Spurs, Hawks e a tecnologia no basquete
A temporada 2013/2014 da NBA terá, entre outras novidades, a implantação das câmeras do SportVU em todas as arenas da liga. A tecnologia, de propriedade da empresa STATS, grava os dados da movimentação dos jogadores durante as partidas, registrando 25 frames por segundo, e transforma o material obtido em algoritmos, que podem ser traduzidos pelas franquias para que informações sobre o desempenho dos atletas fiquem mais claros. Mas o aparato não será novidade para todo mundo. Entre as equipes que já contavam com o trunfo e que, talvez, o aplicassem na prática nos últimos anos está o San Antonio Spurs.

Budenholzer e Pop: legado para o Hawks (Reprodução/basketusa.com)
De acordo com artigo do site americano Pounding The Rock, que explica o funcionamento das câmeras, o uso dos dados e como o Spurs e os fãs podem se beneficiar disso, o aparato foi utilizado pela primeira vez nas finais de 2009 da NBA, que colocaram frente a frente o Los Angeles Lakers, que acabou levando o título, e o Orlando Magic. Logo no ano seguinte, o alvinegro texano foi um dos cinco times que decidiram comprar a tecnologia, ao lado de Dallas Mavericks, Golden State Warriors, Houston Rockets e Oklahoma City Thunder. Na última temporada, 15 franquias pagaram US$ 100 mil para usar o da SportVU.
Entre os dados oferecidos pelas câmeras, desconfio que um deles tenha sido utilizado pelo Spurs na final da NBA deste ano. Quando seu time está defendendo, o SportVU mostra o posicionamento de seus jogadores e, também, qual seria o posicionamento ideal deles para combater os adversários enquanto o lance se desenrola. Por isso, acredito que o técnico Gregg Popovich e sua equipe tenham colhido parte dessa informação para planejar a interessante defesa sobre LeBron James – que deu certo na medida do possível, mas não impediu que o craque brilhasse e levasse o Miami Heat ao título.
Não é a primeira vez que recebemos informações sobre o Spurs agindo de maneira pioneira na utilização de tecnologia. No mês passado, surgiu a notícia de que a equipe texana se tornou a primeira da história da NBA a utilizar o OptimEye, aparato tecnológico que, acoplado ao corpo de um atleta, transmite informações em tempo real, seja em jogos ou em treinos, que permitem uma coleta precisa de dados sobre desempenho e condição física e ajudam a prevenir lesões.
Sem dúvidas, a utilização de tecnologia para coletar informações sobre jogadores será um dos legados da Era Pop no Spurs para o restante da NBA. Basta ver a abordagem de Mike Budenholzer no Atlanta Hawks. O novo treinador da franquia, que era o principal assistente do técnico da equipe texana até a última temporada, certamente levou parte da filosofia para sua nova casa. E não é difícil provar isso.
Dos dez jogadores que aparecem para o Spurs como opção para ocupar a 15ª e última vaga no elenco aberta para a temporada 2013/2014, três também são estudados pelo Hawks: o armador Royal Ivey, o ala Damien Wilkins e o ala-pivô James Johnson. Sinal de que certamente as duas franquias estão olhando para o mercado e buscando atletas com perfis semelhantes: seja com um direcionamento detalhado em estatísticas avançadas ou por meio da análise de informações coletadas por tecnologias como a do SportVU.
Os dados coletados pelas câmeras serão novidade para grande parte das franquias. O autor Zach Lowe escreveu excelente artigo, no site Grantland, mostrando que sua utilização pode até mesmo causar polêmica em diferentes setores da NBA a princípio. Mas, certamente, as equipes que saírem na frente na tradução funcional das informações – tanto na contratação de estatísticos e programadores competentes quando na aplicação em quadra – podem levar vantagem. E temos motivos para acreditar que o Spurs será uma delas.
Publicado em 14/09/2013, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.


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