Amostra de sucesso
Como dito no resumo da vitória do San Antonio Spurs sobre o Miami Heat, no jogo 1 da final da NBA, uma das dúvidas criadas antes do início da série era sobre a defesa que a equipe texana faria em LeBron James. Será que o time deixaria o astro comandar o jogo sozinho e tentaria anular seus coadjuvantes ou será que toda a marcação teria como base o combate ao ala? A resposta foi a segunda opção. Confiando a Kawhi Leonard a dura missão de conter The King, o treinador Gregg Popovich montou um sistema todo baseado nas movimentações do craque da franquia da Flórida. E funcionou.

Duncan teve papel importante na defesa de LeBron (NBA/Getty Images)
Claro, LeBron é um gênio, um dos melhores jogadores do mundo, e, mesmo recebendo uma boa marcação, se destacou na partida ao deixar o jogo com um triplo-duplo: 18 pontos, 18 rebotes e dez assistências. A questão é que o camisa #6 teve dificuldades para produzir ofensivamente. Seus aproveitamentos de 43,8% nos tiros de quadra e 20% nas bolas de três pontos foram inferiores às suas médias nos playoffs: 25,7 pontos por partida, convertendo 51% dos arremessos de quadra e 37,3% do perímetro.
Os méritos de Kawhi para que isso acontecesse são inegáveis. Com a rara combinação de agilidade e força física, necessárias diante de um finalizador tão versátil como LeBron, o ala do Spurs conseguiu, na grande maioria das vezes, manter seu corpo entre o adversário e a cesta, dificultando o trabalho do astro do Heat. De acordo com o blog TrueHoop, The King acertou dois dos oito arremessos que tentou quando era combatido pelo segundanista da equipe de San Antonio, e cinco de oito quando era outro jogador que estava em sua frente. Incrível!
“Eu apenas estava tentando me manter perto dele e contestar todos os seus arremessos, apenas tentando não dar a ele cestas fáceis ou arremessos livres”, disse Leonard.
Mas o plano do Spurs esteve longe de parar por aí. As movimentações coletivas funcionaram com primazia no jogo 1. Os homens de garrafão do Spurs – especialmente Tim Duncan e Tiago Splitter – foram fundamentais para que LeBron não tivesse seus arremessos prediletos à disposição, especialmente aqueles próximos ao aro. Pop sabia que nenhum de seus pivôs tinha o atleticismo de Joakim Noah, do Chicago Bulls, e de Roy Hibbert, do Indiana Pacers, para contestar as tentativas de bandeja e enterradas do astro. Por isso, resolveu tirá-los do garrafão e levar o combate para o mais longe possível da cesta e, com uma dobra, forçar o atleta a desistir da cesta e ter de passar a bola. Deu certo.
Quando conseguiu levar a bola para o aro, LeBron mostrou porque é tão perigoso, acertando seis das oito bolas que tentou nesse tipo de bola. No entanto, somando todas as outras regiões da quadra, o craque só acertou mais um arremesso em oito – e foi de três pontos. Ou seja, o tiro de média distância foi completamente negado a ele. Veja no gráfico a seguir:
Além disso, LeBron tentou partir para os tiros de três pontos, que estão longe de ser sua especialidade. Cinco dos 16 arremessos do ala no jogo foram do perímetro – ou seja, cerca de 31,25% de suas tentativas. Somando todos os jogos dos playoffs deste ano, somente 67 das 298 bolas que o camisa #6 tentou foram do perímetro – pouco menos de 22,5%. O que mostra o bom trabalho feito pelo Spurs para combater suas infiltrações. Abaixo, veja o gráfico de arremessos completo de The King na pós-temporada.
Com tantas dobras em LeBron e com o alto QI de basquete do jogador, não era segredo para ninguém que ele iria encontrar arremessadores livres e bem posicionados – daí vieram suas dez assistências. Foi assim que Chris Bosh fez 13 pontos, acertando quatro dos sete tiros longos de dois pontos que tentou, e Norris Cole, Ray Allen e Mike Miller combinaram para cinco bolas de três em sete tentativas. Mas a aposta do Spurs em priorizar a marcação da principal ameaça do time adversário acabou funcionando.
Claro que o jogo 1 ainda é uma amostra pequena da série e que daqui para frente tudo pode mudar. LeBron tem recursos suficientes para causar estragos contra qualquer tipo de defesa, e o técnico Erik Spoelstra é inteligente o bastante para propor ajustes que podem ajudar seu jogador nessa missão. No entanto, só de ter de forçar esses ajustes, o Spurs já sai na frente na série. Resta saber eles serão suficientes para minar o excelente plano proposto por Pop.
Publicado em 08/06/2013, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 6 Comentários.




O menino Leonard tem um futuro brilhante pela frente. Sempre longe de confusões e mantendo um equilíbrio emocional de dar inveja, Kawhi faz seu trabalho com primazia e competência. Exemplo disso foi seus 100% de aproveitamento nos lances livres do último jogo diante de um público explosivo em Miami. Certamente se tornará um jogador bem decisivo!
Kawhi tem um quê de Duncan quando calouro que dá gosto de ver…
…não é sobre-humano como ele, mas na defesa mostra suas garras e se candidata a colocar seu nome na história da franquia logo logo…
PS: pra quem sentia falta do Bowen (como eu), ele é u alento e tanto!!!
GOSPURSGO!!!
O que eu achei mais interessante, e já falei isso num monte de lugares, é que o James não infiltrou pra cima da marcação do Kawhi nenhuma vez.
Essas dobras no LeBron dentro do garrafão tiveram uma consequencia: quando o Heat errava os arremessos, o Spurs encostava no placar, mas o SAS teve um problema sério quando o Heat emendou uma sequencia de acertos de média distância.
Por isso a importância de deixar o Leonard o máximo de tempo possível no LeBron, porque com ele a necessidade de dobras é mínima.
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