Que tal Ginobili como titular?

Em 2010, o San Antonio Spurs chegou aos playoffs com incidentes semelhantes aos que vêm acontecendo nas últimas semanas. Tony Parker e George Hill, que formaram a dupla de armação titular da equipe texana em boa parte daquela temporada, sofreram lesões na reta final e chegaram baleados ao mata-mata. Para piorar, o adversário seria o Dallas Mavericks, tradicional rival local. Ciente da situação, o técnico Gregg Popovich encontrou uma solução interessante: tirou Manu Ginobili da função de sexto homem e o colocou no quinteto inicial. E acho que a ideia pode ser repetida neste ano.

Manu desde o começo? Porque não? (NBAE/Getty Images)

Por hora, Ginobili está afastado das quadras por conta de uma lesão muscular na coxa direita. Mas o argentino prometeu se esforçar para estar inteiro nos playoffs. E, em termos de importância e de minutos jogados, é natural que o argentino seja o jogador mais acionado na posição 2 – na pós-temporada do ano passado, o camisa #20 teve média de 27,9 minutos por partida, contra 20,6 de Danny Green, que saía jogando como titular. Colocar Manu no quinteto inicial seria apenas uma formalidade, e um ajuste que poderia ajudar muito a rotação do Spurs após a dispensa de Stephen Jackson.

Eu explico: considerando Green titular ao lado de Tony Parker e Kawhi Leonard, os reservas de perímetro do Spurs são Patty Mills, Cory Joseph, Gary Neal, Nando de Colo e ele, Manu Ginobili. Listados em ordem de tamanho: dos seis disponíveis, o argentino é o mais alto, com 1,98 m. Ou seja: esta segunda unidade teria problema em defender formações que utilizem jogadores grandes na posição 3.

O problema aumenta quando vemos que todos os potenciais adversários do Spurs na primeira rodada dos playoffs usam alas altos em sua segunda unidade: o Golden State Warriors tem Richard Jefferson e Draymond Green; o Houston Rockets possui James Anderson, Carlos Delfino e Francisco Garcia; o Los Angeles Lakers frequentemente coloca Antawn Jamison ou Earl Clark na posição 3; e, por fim, o Utah Jazz tem acionado bastante DeMarre Carroll e Marvin Williams. Todos com vantagem de tamanho sobre Manu, problema que seria solucionado com a presença de Green, jogador que, se não muito maior, compensa com mais atleticismo e força física.

Green viraria o especialista em defesa e em arremessos de longa distância da segunda unidade, função que ficou vaga com a saída do Capitão. O camisa #4 seria o reserva imediato de Leonard, mas também poderia ganhar minutos no descanso de Manu. O tempo de quadra restante nas posições 1 e 2 seria disputado por Neal, Joseph, De Colo e Mills – ordenado por minha preferência pessoal.

No entanto, até Manu voltar, o Spurs terá de se virar. E Pop já fez os primeiros ajustes para isso. Na quarta-feira (10), na derrota para o Denver Nuggets, antes da dispensa de Jackson e da cirurgia de Boris Diaw, o técnico usou como titulares De Colo, Green, Leonard, Duncan e Splitter – Parker, na reta final de sua recuperação, não jogou. No entanto, quando teve de acionar a segunda unidade, composta por Joseph, Mills, Neal, Matt Bonner e DeJuan Blair, o treinador viu seu time ser atropelado e perder qualquer chance de vitória.

Agora, ciente de que não contará mais com o ala dispensado e que não terá o ala-pivô francês por um bom tempo, Pop fez ajustes inteligentes na rotação e, com sucesso, viu o Spurs vencer o Sacramento Kings. Duncan e Splitter foram titulares, mais ficaram pouco tempo juntos, o que evitou que Bonner e Blair atuassem ao mesmo tempo. O Red Mamba jogou quase sempre ao lado do brasileiro, enquanto o camisa #45, que enfrenta processo por dívida com uma joalheria, fez dupla com The Big Fundamental. O mesmo aconteceu nas alas: Neal foi o único reserva acionado, e o time texano tinha sempre Green ou Leonard em quadra.

Tudo isso enquanto Pop espera o retorno de Manu. Mas será para o time titular ou para a segunda unidade? Em 2010, a estratégia funcionou na primeira rodada, quando o Spurs venceu o Mavericks por 4 a 2. No entanto, na sequência, o alvinegro texano foi varrido pelo Phoenix Suns. Será que teremos sorte melhor neste ano?

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 13/04/2013, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Avatar de Alison filipe dezzotti Alison filipe dezzotti

    Esta matéria está coberta de razão.Desde que comecei a torcer pro spurs(ano de 2004)sempre achei que o manu rende muito bem de titular.Já hoje Manu ginobili de titular e green na reserva, faz com que a segunda unidade se torne melhor defensivamente, suprindo a ausencia de jackson,e quem sabe dando maior entrosamento de ginobili,duncan e parker. Apoio a ideia# veremos o que acontecerá nos playoffs#

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