Small-ball em San Antonio

Desde que Tiago Splitter virou titular do San Antonio Spurs, o técnico Gregg Popovich resolveu enxugar a rotação entre os alas-pivôs e pivôs que tem no elenco. O brasileiro tem iniciado as partidas ao lado de Tim Duncan e Boris Diaw é o único que tem sido usado com regularidade pelo treinador. Matt Bonner e DeJuan Blair? Só no garbage time. Para que isso seja possível, o time texano tem se utilizado de uma tendência da NBA recentemente: o small-ball, formação que usa um jogador de garrafão cercado por quatro homens de perímetro.

Leonard e Jackson na posição 4? Hum… (D. Clarke Evans/NBAE/Getty)

Blair vinha sendo titular antes da promoção de Splitter. Em termos de eficiência, o camisa #45 até leva certa vantagem: tem médias de 17,5 pontos e 10,9 rebotes a cada 36 minutos, contra 16,3 pontos e 7,7 rebotes. Porém, dois fatores pesam contra o ala-pivô: o desempenho ruim na defesa e a falta de condicionamento físico. O número exposto acima pode enganar um pouco porque o ala-pivô tem dificuldades para manter sua produção.

Quem acompanha o Spurs já cansou de ver jogos em que Blair domina o primeiro quarto e depois some. É fato que o jogador tem dificuldades em lidar com a exigência física da NBA. Prova disso é que, nesta temporada, o ala-pivô jogou, no máximo, 29 minutos – em novembro, na primeira vitória do Spurs sobre o Indiana Pacers na temporada. Resultado? Na soma dos últimos três jogos, o atleta ficou em quadra por apenas 21 minutos.

Bonner vive situação semelhante – soma 23 minutos nas três últimas partidas do Spurs. Apesar do bom aproveitamento de 51,1% nos arremessos de três pontos nesta temporada, o ala-pivô é um jogador unidimensional – ou seja, que colabora em apenas um fundamento. Na defesa e nos rebotes, por exemplo, o Red Rocket deixa a desejar.

A tese pode ser provada na comparação da eficiência dos atletas. Bonner tem média de 6,8 pontos e 5,5 rebotes a cada 36 minutos. Kawhi Leonard, que vem sendo usado por Pop na posição 4, apresenta 11,5 pontos e 7,9 rebotes, com 45% de aproveitamento nos arremessos de três. A vantagem do ala-pivô está apenas nos tiros do perímetro.

Por enquanto, o uso do small-ball ficou restrito à segunda unidade. Tomando como base os minutos concedidos por Pop nos últimos jogos, hoje o time reserva do Spurs é formado por Nando De Colo, Gary Neal, Manu Ginobili, Stephen Jackson e Boris Diaw. Dos homens de perímetro, o Capitão é quem mais tem passado tempo atuando como falso ala-pivô. Uma experiência interessante, mas ainda recente – prova disso é que, segundo o site 82games.com, os 20 quintetos mais utilizados pelo time texano na temporada têm uma dupla de garrafão tradicional, sem improvisações na posição 4.

A utilização do small-ball tem suas vantagens. Primeiro porque o elenco do Spurs é, de fato, mais rico em opções no perímetro do que no garrafão. Com essa nova formação reserva, De Colo ganha espaço na armação e Neal deixa de jogar improvisando, passando a atuar como pontuador, função em que pode render bem mais. Além disso, é bom que Leonard e Jackson estejam acostumados à função para quando forem enfrentar times que também usem esta formação mais baixa, como o Miami Heat e o New York Knicks.

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 29/12/2012, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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