O aperto e as estranhezas

Respeitável público,
A atual temporada da NBA é uma das mais estranhas dos últimos tempos. Expliquemos. o primeiro fato que a torna incomum é o número de jogos que cada equipe fará: 66, em vez dos habituais 82, graças ao locaute que atrasou em quase dois meses seu início e por pouco não foi responsável pelo cancelamento do campeonato. Este fato fez com que o calendário se tornasse espremido, pois as equipes terão praticamente apenas cinco meses para cumprirem todos esses compromissos. Somando-se às viagens e aos treinamentos, não é exagero dizer que os jogadores quase não vêm tendo momentos de descanso, o que pode ser problemático na reta final da competição. É óbvio que os preparadores físicos atentaram para isso e é bem provável que as planilhas de treinamento não sejam as mesmas de temporadas passadas, quando os espaços entre os jogos eram maiores. No entanto, não dá para se fazer milagre, joga-se quase toda noite em alto nível, o que aumenta o estresse físico e mental.
Seguindo esta linha, o mês de março bate à porta e até aqui qualquer prognóstico que se faça sobre o que acontecerá nos playoffs, mais do que em qualquer outra situação, é pura especulação. A temporada vai avançando e não aparece alguém que coloque embaixo do braço a alcunha de favorito, afinal, com um calendário tão apertado, as equipes vão oscilando entre heroicas vitórias numa noite e derrotas arrasadoras na seguinte. O equilíbrio é tão grande que uma pequena sequência de triunfos pode ser responsável por jogar um time pro topo da tábua de classificação, enquanto um ou outro revés pode colocá-lo muito para baixo. Vejam os casos do atual campeão Dallas Mavericks e do Los Angeles Lakers, duas forças da Conferência Oeste, mas que somente às duras penas se mantêm entre os oito que avançariam à fase final da temporada. O time de Nowitzki e Kidd não consegue se encontrar, vindo inclusive de incômodas três derrotas consecutivas, enquanto Kobe Bryant faz o que pode em Los Angeles, mas não consegue fazer com que o Lakers supere o primo pobre Clippers, que hoje é visto por muitos como a principal força da Califórnia. Mesmo assim, ninguém seria capaz de excluí-los da corrida ao título desde já, ou seria?
No Leste, a situação parece mais polarizada entre Miami Heat e Chicago Bulls. Embora nenhum dos dois me convença, os outros times não me parecem suficientes para causarem grandes problemas a esses dois. O New York Knicks é uma incógnita, tem jogadores talentosos e vem crescendo junto com o garoto sensação Jeremy Lin, mas não tem técnico e esbarra no egoísmo de Carmelo Anthony num claro exemplo de time que perde para si próprio.
O caso das contusões é tão alarmante que para o embate de ontem, contra o Chicago Bulls, o Spurs tinha cinco dúvidas. Manu Ginóbili e Kawhi Leonard não ficaram nem no banco de reservas. Outros times também sofrem desse problema, que poderá vir a ser o diferencial da temporada. Nesses dias sem prognósticos, é prudente que aguardemos.
Publicado em 01/03/2012, em Interferência. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.


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