O que o Spurs pode aprender nas finais?

Miami Heat e Dallas Mavericks protagonizam uma série imprevisível em todos os sentidos na final da NBA. Primeiro porque, confesso, não apostava em nenhuma das duas equipes no começo dos playoffs. Segundo porque as partidas têm apresentado um desenrolar increvelmente emocionante – é difícil apontarmos favoritos, mesmo com a vantagem que a equipe texana conquistou. Para nós, torcedores do San Antonio Spurs, resta assistir à série e nos perguntar: o que nosso time pode aprender com os finalistas?

Sim, eu roubei essa montagem na internet

Na minha última coluna, em que falei sobre os jovens big man que o Spurs tenta contratar, postei uma opinião que foi contestada por nosso leitor Leo. Mas ainda acho que a equipe de San Antonio perdeu para o Memphis Grizzlies no garrafão. Creio que, no geral, o elenco texano é melhor, mas que o matchup foi desfavorável: na área pintada, Tim Duncan, Antonio McDyess, Tiago Splitter e principalmente Matt Bonner e DeJuan Blair não encontraram resposta para Zach Randolph e Marc Gasol. E, na série Mavs x Heat, vemos soluções que poderiam ter sido usadas naquele confronto.

Vamos começar falando da equipe de Miami, que joga quase toda a partida sem um pivô de ofício: Chris Bosh e Udonis Haslem ocupam a maior parte dos minutos na área pintada, enquanto que o único especialista na função que vem sendo usado, Joel Anthony, é baixo para a posição. O trio compensa a falta de tamanho com vontade, jogo físico e bom posicionamento, é verdade. Mas um fator a mais contribui para que a equipe de Miami não tome um baile nos rebotes: a ajuda que vem do perímetro.

É bem verdade que Dwyane Wade e LeBron James são jovens e atléticos o suficiente para pegarem um rebote e ainda participarem de um contra-ataque – virtudes que Manu Ginobili, por exemplo, não possui. Tony Parker não poderia exercer essa função tão bem quanto a dupla do Heat: enquanto os dois jogadores da equipe da Flórida podem pegar o rebote e acionar seu companheiro, o francês é a opção do time texano para receber a bola e disparar. Seria um desperdício fazê-lo entrar no garrafão para brigar por rebotes.

Mas alguns jogadores seriam perfeitos para dar essa mãozinha lá embaixo, como George Hill e Richard Jefferson. O primeiro é pequeno o bastante para encontrar brechas entre os grandalhões e forte o suficiente para conseguir brigar por rebotes, enquanto o segundo ainda não encontrou sua função no ataque da equipe texana, e por isso podia se dedicar um pouco mais na defesa. Seria bom também se Gary Neal se aperfeiçoasse na função: o ala-armador seria útil pegando um rebote, para dar o primeiro passe do contra-ataque – de preferência para Parker – e depois se apresentar para arremessar.

Se do Heat o Spurs poderia copiar a ajuda do perímetro, no Mavericks o ponto a ser observado é a defesa por zona. Apesar de pouco utilizada nas finais, a marcação ajuda a minimizar alguns defeitos da equipe. Dirk Nowitzki, por exemplo, é indiscutível no ataque, mas não chega a ser um especialista na defesa. Como 80% dos jogadores da liga, teria dificuldades para lidar com Randolph e/ou Gasol. Mas, com a defesa por zona, esses defeitos são minimizados pela ajuda coletiva.

Neste tipo de marcação, os armadores marcam a cabeça do garrafão. Os alas ficam lá embaixo, congestionando o garrafão e marcando a zona morta de acordo com a necessidade. E o pivô fica embaixo da cesta, esperando para dar tocos e pegar rebotes. Esse tipo de marcação inibe infiltrações – que, inevitavelmente trombariam com um bom defensor como Tyson Chandler, Brendan Haywood e, no caso do Spurs, Tim Duncan – e também o jogo dentro do garrafão, já que dobras são facilitadas.

Com esse tipo de marcação, Bonner e Blair não teriam de ficar colados em Randolph ou Gasol – poderiam ser os alas que se movimentam da zona morta para o garrafão, deixando Duncan, Dice ou Splitter com o trabalho de big man lá embaixo. Enquanto isso, o Spurs forçaria arremessos de média distância do Grizzlies – ponto fraco de um perímetro formado por Mike Conley, Tony Allen e Sam Young.

Ajuda do perímetro, marcação por zona. Os finalistas da NBA, assim como o Spurs, não têm um garrafão brilhante defensivamente, mas mostram que é possível vencer sem ele. Talvez seja por isso que estão lá, ao contrário da equipe texana…

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 04/06/2011, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 5 Comentários.

  1. Acho que o que fez mesmo a diferença foi a garra e a vontade de vencer, os Spurs nos jogos em Memphis pareciam apáticos à medida que o resultado aumentava para o lado dos da casa. No 6º jogo depois de termos conseguido a primeira liderança levamos com um parcial de 7-0 isso não pode acontecer a uma equipa que se diz candidata ao titulo.

    E vejam o exemplo deste 2º jogo da final alguém acha que os Spurs seriam capazes de virar um resultado de 88-73 com 6 minutos e pouco para jogar em qualquer pavilhão da Liga?

    Eu acho que não mas Dallas consegiu e essa vontade de vencer foi o que fez toda a diferença para mim nestes playoffs!

  2. Avatar de k-delmondes k-delmondes

    Primeira coisa é jogar o Jeferson no Lixo kk
    O resto agente acerta aos poucos

  3. Avatar de Tim Duncan Antonio Tim Duncan Antonio

    Gente nessas finais os Heat do LBJ e de Wade tem que ser derrotados!
    Os unicos times do Oeste que podem derrubar times potencias como Heat,Celtics,Magic : apenas 2(Lakers e Spurs),infelizmente os Mavs conseguiram chegar nas finais…. bom vamos ver nessas finais o que os Mavs vao mostrar!Abraxos!

  4. É complicado até agora entender como um time que conseguiu ser disparado o melhor da temporada cai tão precocemente nos offs e para um time como o Memphis. Os homens de três não apareceram, nosso garrafão não funcionou, Jeferson sumiu, Bonner também.

    Precisamos de alguém para reforçar o garrafão. Quem sabe se Splitter poderá vir a ser esse homem ou se terá que vir algum outro? Precisamos de alguém mais efetivo na posição em que Jeferson joga já que, embora ele tenha tido uma leve melhora nessa temporada continua deixando a desejar.

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