Arquivo mensal: setembro 2010
Missão cumprida

Podem me chamar de louco, de maluco, ou do que preferirem, mas mesmo com a derrota para a Argentina eu acredito que a missão brasileira neste Mundial foi cumprida. É claro que não gostei da derrota – aliás, perder dos argentinos é ainda mais doído -, mas existem alguns aspectos que me fazem acreditam que o trabalho está sendo muito bem feito.

Primeiro de tudo, esta Seleção resgatou o sentimento de paixão do brasileiro pelo basquete, que havia se perdido nos últimos anos. Infelizmente não sou da época de Oscar e companhia, então esta é a melhor equipe que eu vi em quadra.
Claro que ainda existem defeitos a serem corrigidos, mas Magnano está ai há poucos meses, foi a primeira competição sob seu comando e com certeza ainda vamos melhorar muito nas mãos dele. Aliás, basta olhar para o passado e ver que há quatro anos não haviamos passado nem mesmo da primeira fase para notarmos que avançamos bastante.
Hoje, sabemos que o Brasil consegue defender, e pode ser um dos melhores do mundo nisso. Contra os americanos, soubemos parar o temido contra-ataque. Nas demais partidas, sempre tivemos consistência no fundamento. Todos se empenharam e causamos dificuldades a todos os adversários.
No ataque ainda temos problemas. Mas, ao meu ver, não é culpa de Magnano. Falta mesmo é material humano. Contra a Argentina, Huertas foi muito bem, mas não dá para esperar que ele sempre marque mais de 30 pontos, não é sua característica. Na posição 3, sofremos com um “buraco”. Marcelinho Machado foi bem no Mundial, amadureceu seu jogo e me surpreendeu, mas já tem 35 anos. Marquinhos é irregular demais. Alex é baixo para a posição e é conhecido por seu vigor defensivo, e não por ser ofensivo.
No garrafão, Splitter é sólido, mas não é um pontuador nato. Varejão notadamente é fraco ofensivamente. Sem Nenê, ficamos sem uma arma de ataque digamos “imparável”, sem falar que a rotação fica prejudicada.
Leandrinho está sendo classificado por muitos como o grande culpado pela derrota. Critiquei muito o ala-armador pela precipitação em alguns momentos do Mundial, mas acho uma tremenda besteira colocá-lo como bode expiatório pela eliminação. Mas esta aí algo que eu acho uma grande bobagem do brasileiro… Em caso derrota, nada presta e há sempre a necessidade de pôr a culpa em alguém.
Vamos reconhecer o que esta Seleção fez. Aos que não se lembram, do outro lado estava uma Argentina, número 1 do Ranking da FIBA, que chutou 61% da linha de 3 pontos. Havia também um Luis Scola endiabrado, que acertou assombrosos 70% dos arremessos que tentou da quadra.
O trabalho está sendo bem feito. Nosso objetivo é voltar à Olimpíada em 2012, e estamos no caminho certo para isso.
Mundial de basquete – Oitavas de final – Dia 4
Não foi dessa vez que o Brasil conseguiu passar pela Argentina, mantendo a escrita de não vencê-los há 14 anos em uma competição importante.

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No primeiro jogo do dia, a Lituânia teve dificuldades, mas conseguiu passar pela China. Os chineses começaram o jogo pressionando os europeus com uma defesa forte e com muita velocidade na transição, fechando o primeiro quarto vencendo por cinco pontos. No segundo período, a seleção chinesa conseguiu manter a dianteira no placar até a metade do tempo, mas logo não resistiu às ofensivas da Lituânia, chegando ao intervalo à frente por cinco pontos. Retornando, os lituanos mostraram sua força ofensiva e foram para o último período vencendo por 13 pontos. Eles só precisaram segurar o placar para garantir a classificação para a próxima fase com a vitória de 78 a 67. Pela Lituânia, o destaque foi Linas Kleiza, com 30 pontos, oito rebotes e duas assistências, e, pela China, Wei Liu anotou 21 tentos.

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No último jogo das oitavas de final, o Brasil lutou mas não conseguiu vencer a Argentina, com uma noite iluminada de Luis Scola. No primeiro quarto, as equipes revezaram-se 12 vezes na liderança, e estiveram empatadas seis vezes; retrato do enorme equilíbrio, tanto que o quarto acabou empatado em 25 pontos. Brasileiros e Argentinos não conseguiam se distanciar no placar, mas a equipe verde e amarela conseguiu ir para o intervalo vencdo por dois pontos graças à grande atuação de Marcelinho Huertas. Na volta, o Brasil chegou a abrir sete pontos de vantagem, mas com erros de marcação permitiu a reação argentina, que levou o jogo para o último quarto com um empate em 66 tentos. No período final, mais uma vez o Brasil conseguiu abrir vantagem, com duas cestas de três de Leandrinho Barbosa. E novamente a Argentina empatou. A seleção brasileira, então, se desconcentrou, permitindo que os argentinos passassem à frente do placar. No último minuto, Leandrinho desperdiçou um ataque que colocaria o Brasil na cola da Argentina. E mesmo com todos os esforços, Scola acertou dois lances livres ao fim do jogo para a selar a vitória por 89 a 93. No lado dos “hermanos”, Scola anotou 37 pontos e nove rebotes, e Carlos Delfino conseguiu 20 tentos. Pelo time brasileiro, Huertas fez 32 pontos e Barbosa 20. O Spurs Tiago Splitter alcançou dez pontos e cinco rebotes na partida.
Confira os resultados do terceiro dia:
Lituânia 78 x 67 China
Brasil 89 x 93 Argentina
Mundial de basquete – Oitavas de final – Dia 3
O terceiro dia de disputas das oitavas de final do mundial confirmou os favoritos na próxima fase da competição.

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Os EUA tiveram sua vitória mais tranquila e pela maior vantagem, massacrando a fraca seleção de Angola. Os angolanos entraram com vontade para surpreender, chegando a estar na frente do placar, mas logo sucumbiram ao ataque americano, que fechou o primeiro quarto vencendo por 20 pontos. Com essa tranquilidade, o “Coach K” aproveitou para testar novas formações, e no segundo período conseguiu mais sete pontos de vantagem. No retorno do intervalo, os americanos fecharam o terceiro período colocando mais oito de vantagem. No quarto final, o time angolano ficou assistindo o show americano de enterradas, e o treino de luxo dos EUA acabou em 121 a 66. O principal pontuador da partida foi o angolano Joaquim Gomes, com 21 pontos. Chauncey Billups, com 19 pontos, foi o cestinha americano. Kevin Durant, Rudy Gay e Eric Gordon também se destacaram, com 17 tentos cada.

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No último jogo do dia, a Rússia teve um pouco de dificuldades no início, mas no final impôs seu jogo e passou pela Nova Zelândia. No primeiro quarto, os neozelandeses surpreenderam, e com os erros russos conseguiram fechar à frente no placar. No segundo quarto, a seleção russa conseguiu melhorar suas tentativas ofensivas, e foi para o intervalo à frente no placar por apenas quatro pontos. Apenas no retorno do intervalo que a Rússia mostrou sua força, fechando o terceiro período à frente por 11 pontos. Assim, no período final, só precisaram segurar o ímpeto da equipe neozelandesa e fechar a vitória em 78 a 56. No lado russo os destaques foram Andrey Vorontsevich, que anotou 18 pontos e 11 rebotes, e Timofey Mozgov, que contribuiu com 14 e sete. Pelo lado neozelandês, Kirk Penney fez 21 tentos.
Confira os resultados do terceiro dia:
EUA 121 x 66 Angola
Rússia 78 x 56 Nova Zelândia
Mundial de basquete – Oitavas de final – Dias 1 e 2
Os dois primeiros dias da fase de oitavas de final foram de grandes contrastes. Enquanto o primeiro dia foi marcado por partidas acirradas com placar justo, tendo como vencedores Sérvia e Espanha, o segundo teve partidas tranquilas para os favoritos dos confrontos, Eslovênia e Turquia.

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O primeiro jogo das oitavas da final foi o clássico entre dois países que faziam parte da ex-Iugoslávia, Croácia e Sérvia. Os dois times começaram fortes na defesa, mas logo os croatas conseguiram a liderança e fecharam o primeiro quarto à frente. A partida foi equilibrada durante todo o tempo: nenhuma equipe abriu mais do que oito pontos de vantagem, e houve 12 trocas de liderança. O duelo só foi decidido faltando um segundo; após vários erros e lances livres das duas equipes, os sérvios venceram por 73 a 72. Nenad Krstic foi o cestinha da seleção sérvia, com 16 pontos. Na Croácia, o maior pontuador foi Marko Popovic, com 21.

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No último jogo do sábado, tivemos a reedição da final do Mundial em 2006 entre Espanha e Grécia. Os espanhois começaram à frente no placar, mas os gregos não permitiram que eles conseguissem abrir vantagem. No terceiro quarto, a seleção grega chegou a virar o placar, mas quem foi para o quarto período vencendo foi a equipe espanhola. No período final, a Espanha só garantiu a vitória nos minutos finais, contando com os seguidos erros da Grécia nos lances livre e a grande atuação de Juan Carlos Navarro. O espanhol foi o cestinha com 21 pontos. Os armadores gregos Nikos Zisis e Dimitrios Dimantidis anotaram 16 tentos cada. Agora, Sérvia e Espanha se enfrentam no dia 8, reeditando a final do Eurobasket de 2009.

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No segundo dia, o primeiro jogo foi entre Eslovênia e Austrália, e a equipe europeia massacrou o representante da Oceenia. Os eslovenos começaram forte ofensivamente, mas os australianos conseguiram encostar, terminando o primeiro período apenas oito pontos atrás no placar. No segundo período, a equipe australiana precisou de quase seis minutos para marcar seus primeiros pontos na partida, e os europeus foram para o intervalo com 21 tentos de frente. A seleção eslovena diminuiu o ritmo no terceiro período e ainda sim abriu mais cinco pontos, o suficiente para apenas administrar o resultado nos dez minutos finais de partida e eliminar a Austrália por 87 a 58. A Eslovênia mais uma vez contou com grande partida de Jaka Lakovic, que terminou como cestinha da partida com 19 pontos. Pelo lado da Austrália, os principais jogadores foram Patrick Mills e Joe Ingles, maiores pontuadores da equipe com 13 tentos cada.

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No último jogo do domingo, os donos da casa, a Turquia, passaram pela França empurrados pela sua grande torcida, que lotou o ginásio, e pela grande atuação de Hedo Turkoglu. O primeiro período foi acirrado entre as duas equipes, com os turcos frechando à frente por apenas cinco pontos. Mas os franceses não conseguiram manter uma defesa forte no segundo quarto: com a torcida empurrando o time da casa, eles chegaram ao intervalo vencendo por uma vantagem de 15 pontos. No retorno do intervalo, a dianteira da equipe turca chegou a 25 pontos logo no início do quarto, o que praticamente decretou a vitória sobre o selecionado francês por 95 a 77. Turkoglu anotou 20 pontos para a Turquia, e pela França se destacaram Boris Diaw, com 21 pontos, cinco rebotes e quatro assistências, e o selecionado pelo Spurs Nando De Colo, com 15 tentos.
Confira os resultados do primeiro e segundo dias:
Sábado – 04/09/2010
Sérvia 73 x 72 Croácia
Espanha 80 x 72 Grécia
Domingo – 05/09/2010
Eslovênia 87 x 58 Austrália
Turquia 95 x 77 França
Data histórica. Outra vez?

Estamos às vésperas de uma partida que pode ser histórica para o esporte do Brasil. No dia 7 de setembro de 2010, em que comemoraremos o aniversário da independência do país, uma geração do basquete nacional pode se libertar do rótulo de fracassada que ganhou nos últimos anos para, de uma vez por todas, cair nas graças da torcida. Ganhar da Argentina em jogo válido pelas oitavas de final do Mundial de basquete pode ser a última chance de um bom resultado para muitos dos jogadores do plantel da Seleção.

Vamos que dá, Brasil!
A tarefa, porém, está longe de ser fácil. Mais parece um pouco menos difícil se pensarmos que os dois maiores pontuadores da seleção argentina, o ala-pivô Luis Scola e o ala-armador Carlos Delfino, deverão ser marcados, respectivamente, pelos dois grandes marcadores do elenco brasileiro, Anderson Varejão e Alex – e sem Rubén Magnano precisar fazer grandes ajustes no restante da defesa de sua equipe.
Scola é, até aqui, o principal atleta da competição, sem sombra de dúvida. Suas médias de 29 pontos e 8,2 rebotes por jogo assustam. Na última vez que as seleções sul-americanas se enfrentaram em uma competição oficial com seus times principais, Scola fez 27 pontos e pegou nove rebotes na vitória da Argentina por 91 a 80, em Las Vegas (EUA), no Pré-Olímpico das Américas. Porém, Anderson Varejão – hoje um dos maiores defensores de garrafão do planeta – não estava em quadra. Será a primeira vez que os dois protagonizarão este duelo em nível internacional. Choque imperdível!
Com Scola bem marcado, sem precisar que dobrem em cima do ala-pivô, os arremessos de Delfino devem sair com menor naturalidade. O completo jogador – que até aqui sustenta médias de 17,4 pontos, 5,4 rebotes e 3,2 assistências por exibição – terá de forçar um pouco mais seu jogo. É aí que entra Alex, nosso principal defensor de perímetro, e toda a sua raça. Minimizar a produção ofensiva de Delfino pode ser uma das chaves para a vitória.
Conversei com muita gente entendida a respeito do confronto. A maioria não só acredita, como está confiante. Acha que chegou a hora desta Seleção. Eu, confesso, ainda estou reticente – principalmente graças à enorme quantidade de decepções que este mesmo time me causou. Mas vou torcer para o Brasil como nunca torci antes no basquete, e acredito que a vitória seja possível. 7 de setembro pode, de novo, entrar para a História brasileira.


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