Quando o basquete entra em quadra

Além dos preparativos para a nova liga brasileira de basquetebol, que começará no próximo dia 28, o basquete invadiu os noticiários brasileiros com outras cenas, essas bem mais fortes. Ninguém da organização da Euroliga de basquete achou que fosse uma boa idéia cancelar o confronto entre um time turco e um israelense em meio à triste guerra que vem ocorrendo na faixa de gaza. Resultado: os isaraelenses tiveram que ser retirados da quadra sob fortes ameaças.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sou a favor do uso político do esporte, mas sou contra seu uso para se fazer politicagem. A diferença; quando Hitler tentava provar a superioridade da raça ariana por meio do atletismo, ele fazia politicagem. Quando Kanouté faz um gol e exibe uma mensagem de apoio aos palestinos, ele está fazendo política. A diferença é que ele (pelo menos eu prefiro acreditar nisso) não tem nada a ganhar com isso, nem mesmo sua auto-promoção.

Quando os turcos expulsam os isaelenses da quadra, eu sinceramente não sei o que pensar. Aqueles esportistas não são os culpados da guerra. Talvez, um ou outro deles não sejam sequer simpatizantes da política Israelense. E quanto aos estrangeiros que jogam ali? Sem dúvida nenhuma, foram desrespeitados.

Por outro lado, como ser ouvido então? Sem dúvidas, os turcos fizeram na quadra os que os israelenses vem fazendo na faixa de gaza; se impondo pela força, sem importar-se com a inocência ou não de seus alvos. Como então condenar um protesto que conseguiu ser ouvido, provavelmente, no mundo inteiro?

De posição tomada mesmo, tenho apenas a lamentar o fato de o clube israelense ter se recusado a deixar a euroliga; o time coloca vidas em risco para promover a força de seu país e sua política de imposição. E isso, na minha opinião, é fazer politicagem. Nem o título da Euroliga paga o preço de uma vida sequer daquelas que vem sendo aniquiladas em Gaza.

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Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 10/01/2009, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 3 Comentários.

  1. Avatar de christian abramovitz christian abramovitz

    O direito de participar da Euroliga deve ser concedido a qualquer time capaz de participar do torneio, independentemente da política adotada pelo país ao qual o clube pertence. Vale lembrar que o esporte deve ser um dos meios apaziguadores das diferenças entre países e raças, a exemplo da política adotada pela FIFA do “No racism”.

    Muitos dos jogadores dos esportistas que representam Israel não são a favor da política adotada pelo seu país. O que eles apoiam é a existencia do estado judeu, afinal, a formação de um país sólido vem de uma evolução dos governos.

    É injusto que esses esportistas paguem o preço pelas atrocidades que seus países cometem. Se o mundo quiser protestar, que proteste em frente às embaixadas israelenses espalhadas ao redor do mundo e deixem os atletas em paz.

  2. Avatar de Victor Moraes Victor Moraes

    Os atletas não tem culpa, mas o povo anti-israel, tomado pela raiva, nem pensa nisso.

    Eu acho que melhor decisão a ser tomada era a retirada da equipe israelense da Euroliga, por questão de segurança dos próprios atletas. Onde quer que eles vão jogar, haverá protestos com grande chance de descambar para a violência, isso sem falar que dificilmente as outras equipes irão jogar em Israel em um período de guerras.

    Por isso eu acho que a equipe devia ser retirar do campeonato, por segurança dos próprios atletas e dos atletas das outras equipes.

  3. Avatar de Leonardo Sacco Leonardo Sacco

    “O povo anti-Israel”.
    As atitudes de Israel na Palestina fazem as pessoas irem contra eles. Violência não é justificada, claro, mas o ódio é uma das coisas mais fáceis de se espalhar…

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