“Eu já sabia”

A temporada regular da NBA começou na última terça-feira. Tudo bem, isso não é nenhuma novidade, eu sei. Mas está mais do que na hora de os jogadores e a comissão técnica do San Antonio Spurs tomarem consciência disso e passarem a honrar as tradições da equipe. Afinal, o começo de temporada da franquia é pavoroso – duas derrotas em dois jogos – e faz os fãs mais antigos lembrarem da época de penumbra do período pré-Duncan. Período esse, aliás, no qual foi noticiada a última vez na qual o time de San Antonio perdeu suas duas primeiras partidas na temporada regular.

O clima de ‘eu já sabia que uma hora ia dar nisso’ é grande entre muitos dos torcedores do Spurs. Claro, a temporada está só no começo e nada está perdido. Mas a fragilidade criada em torno da mesmice na qual a franquia texana caiu nos últimos tempos é inevitavelmente gritante. Os mesmos jogadores em um elenco que pouco muda – ou quase nada – parecem não ter mais o ímpeto de alguns anos atrás. E nem é a idade, é claro, que faz tanta diferença. E o resultado é esse visto agora: derrotas em casa e longe dela, que deixam o tetracampeão com campanhas similares a de times que estão sempre na luta por uma boa colocação no draft seguinte.

Calamidade? Claro que não, mas a situação pode ensinar para torcedores, dirigentes, jogadores e comissão técnica da equipe algumas lições. A mais importante dela, creio eu, é a criação de um processo de rejuvenescimento do elenco. Ian Mahinmi é usado ao lado de Tiago Splitter como exemplo do “plano de renovação” que o Spurs parece promover. Pois bem, Splitter continuar brilhando longe do solo do AT&T Center e Mahinmi, até o momento, não mostrou a que veio na NBA. Rejuvenescimento parece realmente não ser a palavra de ordem em San Antonio.

Lembrando que rejuvenescimento e renovação não são a mesma coisa; analisemos como ocorre a segunda no time texano. Duncan, Ginobili, Parker, Bowen e mais um pivô. Há quantos anos essa é a base do Spurs? Muitos, você sabe. E isso uma hora acaba. A magia do quinteto inicial vai murchando, e aos poucos a chegada de novos atletas é mais do que urgência. Mas nada muda em San Antonio. O pior é que agora a equipe é praticamente a única a não mudar nunca. Até mesmo o Detroit Pistons, fiel companheiro do Spurs no quesito “manutenção de base”, mudou. E como mudou. Trouxe “só” Allen Iverson para mudar um pouco os ares da franquia. Viraram, do dia para a noite, favoritos incontestáveis. Enquanto isso, a equipe de San Antonio oscila e implora pela volta do lesionado Ginobili.

Aos trancos e barrancos, nem a mística do ano ímpar parece dar conta do recado dessa vez. O San Antonio Spurs começa a pagar por não ter feito trocas e rejuvenescido a equipe quando as mesmas eram pedidas. E poderá pagar um preço muito alto. Mas isso, todo mundo ‘eu já sabia’…

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Sobre Leonardo Sacco

É jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cravou a opção pelo jornalismo no estouro do cronômetro, quando criou o Spurs Brasil em uma madrugada de domingo para segunda. Escreve para o Yahoo! Esportes e dá seus pitacos no @leosacco.

Publicado em 04/11/2008, em Na linha dos 3. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

  1. Avatar de Victor Moraes Victor Moraes

    Eu acho que o Spurs acabou ficando acomodado demais nas últimas off-seasons e não se preocupou em ir rejuvenescendo gradativamente o elenco, agora fica complicado mudar tudo de uma vez. Mas fato é que precisaremos nos mexer caso queiramos nos manter entre as equipes tops, e essa movimentação não pode demorar para acontecer.

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