O duplo X da questão

Se você, leitor, tem acompanhado os duelos da série entre New Orleans Hornets e San Antonio Spurs válidos pelas semifinais da conferência Oeste, pôde notar um detalhe que tem feito toda a diferença nas partidas. Prestem atenção nos seguintes dados e entenderão a que me refiro: os Hornets venceram os jogos um, dois e cinco, todos em seu ginásio. Nessas partidas, o principal astro da equipe, Chris Paul, anotou 17 pontos e 13 assistências, 30 pontos e 12 assistências e finalmente 22 pontos e 14 assistências nos respectivos duelos. Já nas três vitórias da equipe texana – todas em partidas no AT&T Center – CP3 não anotou sequer um double-double.

Pois bem, esse é o “x” da questão. Ou melhor, os “x”, uma vez que estamos falando de duas estatísticas. E o fato de o armador dos Hornets não conseguir anotar mais de dois dígitos nos dois quesitos que mais o destacam é o fator que pode fazer o San Antonio Spurs vencer a série, mesmo atuando fora de casa no confronto derradeiro.

Sem CP3 pontuando com a mesma eficiência que arma ou vice-versa, o time de Nova Orleans perde sua arma ofensiva. Afinal, as bolas de garrafão para David West e em alguns casos para Tyson Chandler e as na linha de três para Peja Stojakovic saem em sua maioria das mãos de Paul. Pois bem, sem o double-double do jogador os Hornets são presa fácil, pois sua eficiência ofensiva fica vulnerável.

No papel, tudo é muito bonito, mas na prática o buraco é um pouco mais embaixo. Partamos então para o que deve, de fato, ocorrer. A defesa de San Antonio é considerada uma das melhores – senão a melhor – de toda a NBA. Bruce Bowen e Tim Duncan frequentemente são escalados para o primeiro time de defesa da Liga. Ou seja, esse é o trunfo prático do Spurs: Bowen gruda literalmente em Paul, deixando Parker na sobra do perímetro (na marcação provavelmente do ala-armador dos Hornets) enquanto Duncan exerce o homem-a-homem em David West. Mas, para que tudo isso funcione, Manu Ginóbili e Tony Parker precisam estar bem no ataque, para que Tim possa se focar mais em sua defesa.

Enfim, o desafio está lançado e o Spurs sabe fazer o que é necessário. Está na hora de mostrar porque o time é chamado de “chato” por 8 entre 10 espectadores da NBA. Está na hora de anular Paul na New Orleans Arena. E sim, eu sei que falar é fácil e o difícil é fazer, caro leitor.

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Sobre Leonardo Sacco

É jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cravou a opção pelo jornalismo no estouro do cronômetro, quando criou o Spurs Brasil em uma madrugada de domingo para segunda. Escreve para o Yahoo! Esportes e dá seus pitacos no @leosacco.

Publicado em 16/05/2008, em Artigos. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

  1. Concordo que a defesa do SAS vai ter que jogar tudo que sabe pra bater o Hornets em New Orleans.

    Mas não acredito que o Bowen volte a marcar o CP, já que a tática do Popovich de colocá-lo no Peja está dando certo. Coisa que não acontece quando ele marca o Paul. E também sobre o Duncan marcar o West, vai depender do andamento da partida, das faltas e tudo mais. Vai ser um grande jogo. O time da década contra o time do futuro.

    Agora, quando o R. Horry machucou o D-West no jogo 6 e a torcida de SA começou a gritar o nome de Horry foi ridículo. Esse último jogo vai ser uma batalha!

    Boa sorte, bom jogo!

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