Artigo – Manu Ginóbili

Emanuel David Ginóbili. Ou simplesmente Manu Ginóbili. Ou apenas Manu. Não interessa como devemos chamá-lo ou como devemos gostar dele e de seu estilo de jogo. O que interessa é a representação que esse jogador argentino, de quase 31 anos atingiu nos últimos anos. É, com certeza um dos maiores jogadores da história da América Latina (se não o maior) e com mais do que absoluta certeza o maior jogador da história do basquete argentino.

“Narigón”, como é conhecido por companheiros de time e de profissão Manu teve uma carreira meteórica no basquete. Começou em 1995, ainda com 18 anos no Andino Sport Club, onde ficou por um ano até desembarcar no Estudiantes de Bahía Blanca, time de sua cidade natal, na Argentina. A ida para a Europa era questão de tempo e aconteceu dois anos após sua chegada no Estudiantes. Manu agora desembarcaria em solo italiano, onde passou a ganhar notoriedade e construir os pilares de sua excepcional carreira. Seu primeiro time italiano foi o Viola Reggio Calabria onde ficou de 1998 até 2000. Sua saída para o Kinder Bologna trouxe como frutos títulos e prêmios. Nesse período de Bologna foi duas vezes eleito MVP (jogador mais valioso) do Campeonato Italiano de basquete, em 2001 e 2002. Ainda no Bologna ganhou mais prêmios, como o MVP da Euroliga de Basquete em 2001, o MVP da Copa Italiana de Basquete em 2002 e três seleções para o All Star Team da Itália. Títulos coletivos também não faltaram na passagem de Manu pelo Kinder Bologna que conquistou nos anos que contou com o argentino uma Euroliga, um Campeonato Italiano e duas Copas da Itália.

Manu Ginobili no Kinder Bologna (Foto de Ciamillilio - Castoria)

Todo esse sucesso só poderia levar o ala-armador argentino para um lugar: a NBA. Centro dos maiores astros do basquete mundial a NBA era a casa perfeita para Manu finalmente se consagrar como um dos maiores jogadores em atividade do mundo e mostrar que realmente era um dos maiores jogadores latino da História. A entrada na NBA aconteceu sem o glamour de tantos jogadores que entram entre as primeiras escolhas do draft mas somem em questão de anos. Gino foi draftado pelo San Antonio Spurs em 2002, sendo apenas a 57ª escolha da 2ª rodada do draft daquele ano.

Mas não podia haver time melhor para Manu entrar. Detentor de um título e com jogadores do porte de David Robinson e Tim Duncan o Spurs era um time em franca ascensão dentro da Liga. Mas a eminente aposentadoria do Almirante Robinson abria uma brecha no time do Spurs: o time necessitaria de um novo ídolo para comandar o time ao lado de Duncan. E com seu estilo de jogo viril e “raçudo”, típico de nossos hermanos argentinos, Manu chegou ao Spurs e logo se consagrou. Foi eleito para o segundo time de rookies daquela temporada de 2002/2003, ou seja, eleito uma das dez melhores escolhas do draft que participou.

Apesar de hoje ser ídolo e de ter se consagrado na temporada de estréia, em 2002/2003, o início da mesma não foi tão fácil, com o argentino começando apenas 5 jogos como titular e vindo sempre do banco. Mas com a chegada dos playoffs a situação de Gino estaria para mudar. O Spurs desbancou times como Phoenix Suns, Los Angeles Lakers e Dallas Mavericks para na grande final bater o New Jersey Nets e conquistar o segundo título de sua história. Com médias de 7,6 pontos, 2,3 rebotes e 2,0 assistências por jogo em sua temporada regular de estréia, a evolução nos playoffs daquela mesma temporada de estréia ficou evidente com médias de 9,4 pontos, 3,8 rebotes e 2,9 assistências por jogo nos 24 jogos que disputou nos playoffs daquele ano.

A partir daí, com o título assegurado veio a chegada ao topo. De volta a Europa, mas dessa vez apenas para jogar as Olímpiadas de 2004 por seu país, Manu arrebentou. Após ser eleito pelo All Team do Mundial de Indianapolis em 2002 junto com estrelas como Dirk Nowitzki e Yao Ming e vencer a Copa América em 2001, a Argentina e Manu chegaram ao seu ápice no cenário olímpico mundial. Venceram as Olimpíadas de Atenas, tendo o MVP da competição. E adivinhem quem ganhou esse prêmio individual? Sim, ele mesmo, Manu Ginóbili. E o jogador ainda foi eleito para o time ideal das Olimpíadas.

Parecia que Manu tinha atingido o máximo. Campeão Europeu, Italiano, Olímpico, Sul Americano e da NBA ele não podia querer mais nada. Mas conseguiu. Na temporada de 2004/2005, logo após ser MVP e campeão das Olimpíadas Manu, com médias de 16,0 pontos, 4,4 rebotes e 3,9 assitências na temporada regular da NBA, foi eleito para o Jogo das Estrelas de 2005 e levou o Spurs a mais um playoff. Nos playoffs o time texano superou Denver Nuggets, Seattle Supersonics e Phoenix Suns para derrotar o poderoso Detroit Pistons em uma final de sete jogos e se sagrar mais um vez campeão da NBA. Nesses playoffs Manu atingiu médias de 20,8 pontos, 5,8 rebotes e 4,2 assistências por jogo, nos 23 jogos disputados por ele naqueles palyoffs..

Para quem acha que chegamos ao final, sinto dizer mas você errou feio. Manu ainda ajudou o Spurs a chegar ao título da NBA mais uma vez, na temporada 2006/2007. Junto com Tim Duncan e Tony Parker, Manu e os Spurs destruíram seus adversários nos playoffs dessa temporada. Na temporada regular o jogador argentino atingiu médias de 16,5 pontos, 4,4 rebotes e 3,5 assistências por jogo. Nos playoffs essas médias ficaram em 16,7 pontos, 5,5 rebotes e 3,7 assitências nos 20 jogos em que participou naqueles playoffs.

Tri-campeão da mais disputada Liga de Basquete do mundo, campeão olímpico, campeão europeu e italiano. Tudo isso com 31 anos. Manu ainda pode jogar, no mínimo mais uns 6 ou 7 anos. As glórias, com certeza virão. Esse ano tem Olimpíadas novamente. Esse ano tem mais playoff para ele. Esse ano está sendo um ano excepcional para o nosso argentino preferido, que possui médias de 20,5 pontos, 5,0 rebotes e e 4,5 assistências por jogo na atual temporada. Com certeza meu jogador favorito no atual elenco junto de Tim Duncan e meu favorito de todos que vi jogar junto com Duncan, Kobe, LeBron e Jordan (por favor, não estou comparando esses jogadores, apenas falando que foram os que mais gostei dos que vi jogar). Manu caminha a passos largos para ser eternizado. No teto do AT&T Center com sua camisa número 20 e, quem sabe, no Hall da Fama do Basquete Mundial. Só tenho a agradecer a esse jogador fantástico e dizer que sim, nós brasileiros temos que admirar esse craque que mesmo sendo argentino dá para nós, torcedores do Spurs, imensas alegrias.

Mais informações

Manu chegou com o Spurs a todos os playoffs possíveis desde que entrou na equipe. Confira suas principais médias por jogo nos playoffs onde o Spurs não alcançou o título mas contou com a participação do argentino:

2003/2004 -13,0 pontos, 5,3 rebotes e 3,1 assistências

2005/2006 – 18,4 pontos, 4,5 rebotes e 3,0 assitências

Em toda sua carreira na NBA, Manu só atuou pelo Spurs e atingiu as seguintes médias por jogo:

Carreira no Spurs – 14,5 pontos, 4,0 rebotes e 3,5 assistências em 408 jogos.

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Sobre Leonardo Sacco

É jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cravou a opção pelo jornalismo no estouro do cronômetro, quando criou o Spurs Brasil em uma madrugada de domingo para segunda. Escreve para o Yahoo! Esportes e dá seus pitacos no @leosacco.

Publicado em 22/02/2008, em Artigos. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Parabéns pelo artigo. Sou um dos maiores fãs do Ginobili aqui no Brasil e sou dono da maior comunidade em português dele no Orkut. Me tornei fã de Manu em 2004, após vê-lo brilhar nas Olimpíadas, e desde lá, ele me tem feito gostar cada dia mais, também, do Spurs como time, apesar de ser torcedor do Lakers. Ótimo resumo de uma excepcional carreira de um dos maiores do mundo.

  2. Muito boa a matéria,sou suspeita pra falar, pois, só fã do manu,espero que ele consiga levar a sua seleção,pra mais uma bela campanha em Pequim.

    OBS: Achei desnecessária,essa ressalda de ” apesar de ser argentino…” isso só faz consolidar esses preconceitos idiotas que alguns insistem em cultivar,cá e lá.

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